“Este é o mar, tão antigo quanto o próprio
mundo. Estende-se por três quartos da superfície do globo. O mar: o berço da
vida, o grande depósito de minerais, a prisão de mistérios assombrosos”.
“The
Incredible Petrified World” (1959) é um filme de aventura com elementos
sutis de ficção científica, que já sinaliza desde a abertura que sua história
seria voltada para a exploração dos mistérios ocultos nos imensos oceanos que
compõem a maior parte de nosso planeta. Com fotografia em preto e branco, baixo
orçamento e direção de Jerry Warren (o mesmo de outras tranqueiras como
“Teenage Zombies”, 1959), o filme tem no elenco a presença ilustre de John
Carradine, ator com uma carreira imensa e nome eternamente associado ao cinema
de gênero.
Na história, o cientista Prof. Millard
Wyman (John Carradine) coordena um projeto científico com um sino de mergulho
aquático para a exploração das profundezas dos oceanos. Uma equipe de quatro
aventureiros é selecionada para a experiência de teste numa região próxima ao
Caribe, no Oceano Pacífico. São eles, dois homens, Craig Randall (Robert
Clarke) e Paul Whitmore (Allen Windsor), e duas mulheres, Lauri Talbott (Sheila
Noonan) e a repórter Dale Marshall (Phillys Coates), responsável por registrar
a expedição.
Depois que ocorre um acidente com o sino
devido ao rompimento do cabo de sustentação, os quatro náufragos ficam isolados
no fundo do oceano. Eles decidem então se arriscar saindo do batiscafo, indo
parar num conjunto bizarro de cavernas com alimentação de oxigênio através da cavidade
de um vulcão. Nessas cavernas de um mundo petrificado (do título original),
eles lutam pela sobrevivência e se surpreendem ao encontrar outro náufrago
misterioso, o velho Ingol (Maurice Bernard), já há muitos anos perdido nas
cavernas do fundo do mar.
“The Incredible Petrified World” tem os
elementos característicos dos filmes bagaceiros dos anos 1950, com cartazes
promocionais coloridos e exagerados, título sonoro, metragem curta (pouco mais
de uma hora de duração) e nesse caso específico uma história especulando os
mistérios dos oceanos. Mas, ao contrário da maioria dos outros filmes
divertidos, aqui temos muitos problemas como a ausência de mais ação,
prevalecendo um ritmo arrastado com cenas aquáticas entediantes e diálogos desinteressantes
dos náufragos nas cavernas. A participação do astro John Carradine obviamente
agrega valor ao filme, mas é pequena e seu papel de cientista não empolga.
E o maior problema de todos é que não
temos um monstro tosco para aterrorizar o elenco nas cavernas submersas. Mesmo
sendo um grande clichê, é justamente isso que o apreciador de filmes bagaceiros
de horror e ficção científica está esperando. E a história até permite uma
ótima oportunidade para apresentar as ações ameaçadoras de uma criatura
submarina mutante ou desconhecida pela Ciência, ou então um incrível mundo
oculto nas profundezas do mar, ou ainda alguma civilização perdida. Não há nada
disso, e os realizadores preferiram optar pelo foco do roteiro numa aventura
submarina explorando cavernas e conflitos comuns entre os sobreviventes de um
acidente com um sino experimental aquático.
Entre as curiosidades, vale citar que as
filmagens nas cavernas foram realizadas em “Colossal Cave”, Tucson, uma cidade
americana no Estado do Arizona. A máquina fotográfica da jornalista Dale
Marshall é tão grande e desajeitada que parece um objeto bizarro quando
comparado à facilidade de se obter fotos de alta qualidade com os celulares
populares dos nossos dias.
E, no melhor estilo do lendário diretor
Alfred Hitchcock, que gostava de aparecer discretamente em seus filmes, o
diretor e produtor Jerry Warren fez uma aparição rápida e não creditada, como
um passageiro numa viagem de avião.
(RR
– 18/07/22)