É inegável que boa parte do
cinema fantástico bagaceiro italiano é divertido, pois temos uma infinidade de
filmes tranqueiras com roteiros repletos de absurdos, para a satisfação dos
apreciadores do estilo. Um exemplo disso é a tralha “O Tesouro do OVNI” (Top Line, 1988), já começando pelo título
brasileiro no mínimo hilário. É uma co-produção entre Itália e Colômbia (as
filmagens ocorreram em Cartagena, na região caribenha do país sul americano)
dirigida por Nello Rossati (sob o pseudônimo Ted Archer), e que apesar da grande
semelhança com meu sobrenome, não é meu parente.
A história é uma salada
misturando elementos de aventura com ficção científica, explorando diversas
temas como civilizações perdidas (o ouro dos astecas) com queda de disco
voador, passando por robôs assassinos e alienígenas gosmentos hostis que querem
invadir nosso planeta, além de conspiração governamental envolvendo o serviço
secreto americano (CIA) e russo (KGB). Sem esquecer que a polícia e o exército
colombianos são corruptos e ainda tem um nazista colecionador de tesouros.
Para completar, vale citar
alguns nomes importantes que agregam muito valor ao elenco, como o ator
italiano Franco Nero, com um currículo tão extenso que passa dos 200 filmes, e
o veterano americano George Kennedy (1925 / 2016), outro rosto conhecido pela
imensa carreira. Depois de tudo isso, dá para imaginar o nível de bizarrice,
atiçando a curiosidade para ver o filme.
Um escritor falido e
alcoólatra, Ted Angelo (Franco Nero), está na Colômbia pesquisando materiais para
um livro sobre a história das civilizações que foram colonizadas pelos
espanhóis nos séculos XV e XVI. Depois de ter contato com uma adaga asteca, ele
decide procurar mais artefatos preciosos nas montanhas de Cartagena. Ele
encontra uma caverna com uma caravela espanhola e uma nave espacial em seu
interior, além de muitos objetos de ouro dos astecas.
A partir daí, o escritor
aventureiro se envolve numa perigosa rede de intrigas e conspirações, acompanhado
da jovem June (Deborah Barrymore), que conheceu depois do assassinato
misterioso de seu amigo vendedor de antiguidades Alonso Quintero (William
Berger). Eles são perseguidos por mercenários interessados no tesouro e agentes
secretos interessados em ocultar a existência do OVNI, enfrentando problemas
com sua editora, a ex-esposa americana Maureen De Havilland (Mary Stavin), com
um perigoso nazista antiquário, Heinrich Holzmann (George Kennedy), e um robô alienígena
assassino (Rodrigo Obregón).
“O Tesouro do OVNI” é uma
produção de baixo orçamento e roteiro hilário de tão ruim. Começa basicamente como
um filme comum de aventura tendo o primeiro terço meio arrastado, apesar dos
tiroteios e perseguições, e um destaque é a perseguição insana entre jipes numa
estrada estreita nas montanhas. Porém, o que realmente irá despertar interesse para
os apreciadores do cinema bagaceiro está na metade para o final, onde temos uma
maior relevância para os elementos de ficção científica tranqueira, garantindo
a diversão com uma grande quantidade de bizarrices. Principalmente com um
ciborgue tosco no estilo “Exterminador do Futuro” e um alienígena gosmento
(filmado propositalmente com cenas escuras para esconder os defeitos), concebido
com aqueles efeitos especiais típicos da década de 80 do século passado, sem o
artificial uso de imagens geradas por computador.
O filme foi lançado no
Brasil na época dos vídeos VHS, pela VIC e também recebeu o nome alternativo
original “Alien Terminator”.
(Juvenatrix – 12/05/20)