"Temos
metade da equação; podemos transformar matéria em energia. Mas lá em cima eles
têm a segunda metade; eles podem transformar energia em matéria.” – cientista
Dr. Hubbell Eliot, sobre o poder de alienígenas invasores
Lançado na produtiva década de
1950, conhecida pela infinidade de divertidos (a maioria) filmes bagaceiros com
elementos de horror e ficção científica, e principalmente com orçamentos
reduzidos, “Kronos, o Monstro do Espaço” (Kronos, EUA, 1957) aborda alguns
temas sempre interessantes como invasão alienígena hostil, controle mental
extraterrestre e paranoia nuclear da guerra fria com o medo do desconhecido e a
exploração excessiva da energia atômica, além do alerta para seus perigos.
Com fotografia em preto e
branco, produção e direção do alemão Kurt Neumann (de outras tranqueiras
preciosas como “Da Terra à Lua”, 1950, e “A Mosca da Cabeça Branca”, 1958), o
filme está disponível na internet pela plataforma “Youtube”.
O cientista Dr. Hubbell Eliot
(John Emery) é o diretor do Laboratório Central, responsável por pesquisas com
energia atômica, onde trabalham também o Dr. Leslie Gaskell (Jeff Morrow, de
“Guerra Entre Planetas”, 1955) e sua namorada Vera Hunter (Barbara Lawrence),
além do descontraído Dr. Arnold Culver (George O´Hanlon), o responsável por
alguns alívios cômicos.
Um asteroide está em rota de
colisão com a Terra e depois de tentativas frustradas de desvio com bombas, ele
cai no oceano na costa do México. Os cientistas organizam uma expedição ao local
da queda para tentar localizar o objeto que na verdade é uma nave alienígena, de
onde surge uma máquina robótica colossal com 30 metros de altura (o “monstro do
espaço” do subtítulo brasileiro).
Apelidado de “Kronos” (referência
de um monstro maligno da mitologia grega), a bizarra criatura de metal
brilhante criada por uma inteligência de outro mundo, revelou-se um acumulador
com o intuito de drenar a energia da Terra, um recurso já esgotado no planeta
natal dos alienígenas invasores. “O Destruidor de Planetas” (um subtítulo
alternativo original traduzido de “Ravager of Planets”) espalha o caos por onde
passa à procura de fontes de energia, sendo indestrutível para as nossas
bombas, restando aos cientistas um confronto final na tentativa de neutralizá-lo,
impedindo seu sucesso que abriria caminho para a vinda de outras máquinas
iguais.
O que mais diverte nesses
filmes antigos de horror e ficção científica com orçamentos pequenos, além das
histórias escapistas, cheias de falhas e descompromisso com a ciência, são os
efeitos especiais práticos e toscos. Devido às dificuldades técnicas, foram
utilizadas sequências de animação para simular a caminhada do gigante Kronos
pelas cidades.
Um grande diferencial aqui é o próprio
monstro do espaço, pois em vez das tradicionais criaturas bizarras orgânicas gosmentas
e disformes, ou até mesmo humanoides com “olhos esbugalhados” ou “cérebros
imensos”, temos uma máquina robótica de traços simples e retos, com armas de
raios, sensores e antenas, focada em absorver energia
elétrica e atômica do nosso planeta, servindo de alerta para a humanidade sobre
o consumo exagerado dos recursos naturais, principalmente para fins bélicos.
Entre as curiosidades, temos um supercomputador
da época chamado “Susie”, cujo nome vem das iniciais de “Synchro Unifying
Sinometric Integrating Equitensor” ou algo como “Equitensor de Integração Sinométrica
de Sincronização Unificadora”. É uma máquina imensa, repleta de fitas
magnéticas, botões, luzes piscando e mostradores analógicos, elementos típicos
e sempre presentes nos filmes do período. Interessante notar que em algumas décadas
depois temos computadores infinitamente mais potentes com tamanhos extremamente
reduzidos.
(RR
– 09/01/25)