Monster From the Ocean Floor (EUA, 1954, PB)

 


O cultuado diretor e produtor americano Roger Corman (1926 / 2024) foi um especialista em fazer filmes divertidos com pouco dinheiro, se situando principalmente no gênero fantástico bagaceiro, com uma infinidade de preciosidades de horror e ficção científica. Iniciando a carreira escrevendo roteiros e estreando com o filme “Consciência Culpada” (Highway Dragnet, 1954), ele produziu seu primeiro filme no mesmo ano, “Monster From the Ocean Floor”, uma tranqueira sobre um monstro aquático mutante, criado pela exposição à radiação dos testes com bombas nucleares no oceano na época da Segunda Guerra Mundial.

O filme de orçamento modesto, história simples e efeitos práticos toscos, faturou bem mais do que o valor de produção, mostrando para Corman o caminho de seu futuro profissional tendo como característica principal o talento para as produções com custos baixos, filmagens em poucos dias e aproveitamento de cenários. Ainda assim, ele teve o privilégio de trabalhar com atores renomados como Vincent Price, Boris Karloff, Peter Lorre, Ray Milland e Basil Rathbone, além de ajudar a lançar diretores como Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, Peter Bogdanovich, Jonathan Demme, James Cameron, Joe Dante e Ron Howard, e atores que se tornariam consagrados como Robert DeNiro e Jack Nicholson.

 

“Monster From the Ocean Floor” está disponível no Youtube, tanto a versão original em preto e branco quanto outra colorizada por computador. Com direção de Wyott Ordung, na história temos uma ilustradora americana, Julie Blair (Anne Kimbell) que gosta de mergulhar no mar próximo de uma vila costeira no México. Num desses mergulhos ela conhece o biólogo marinho Steve Dunning (Stuart Wade), que está realizando pesquisas com seu minissubmarino para um trabalho científico liderado pelo Dr. Baldwin (Dick Pinner).

Em seus passeios subaquáticos Julie descobre a existência de uma criatura bizarra escondida no fundo do mar, parecendo uma espécie de ameba gigante com um único olho, que dissolve suas vítimas. Porém, ninguém acredita nela, apesar de relatos de pescadores locais como o bêbado Pablo (o diretor Wyott Ordung), sobre desaparecimentos misteriosos de pessoas e animais e a relação com superstições e uma fera assassina que habita as profundezas do mar.

E são essas superstições que ameaçam a vida de Julie, depois que uma velha anciã do vilarejo, Tula (Inez Palange), tenta convencer Pablo que é necessário um sacrifício humano para saciar a fúria do monstro, restando para a moça lutar pela sobrevivência e tentar provar para todos que o “monstro do fundo do oceano” é real.

 

O filme tem uma lembrança maior dos fãs e apreciadores do cinema antigo com elementos de horror e FC por ser a primeira produção de Roger Corman, ganhando um certo destaque dentro da infinidade de similares bagaceiros feitos no mesmo período e explorando a mesma temática de monstro modificado pelos efeitos da energia atômica. Curto com apenas 64 minutos, tem seus momentos de diversão escapista nas cenas subaquáticas e nas aparições do monstro tosco, criado pelo marionetista Bob Baker, que também foi o responsável não creditado pelo bizarro rato-morcego-aranha de “Viagem ao Planeta Proibido” (The Angry Red Planet, 1959).

Entre as curiosidades, as filmagens ocorreram em apenas seis dias; Roger Corman fez uma ponta não creditada como Tommy, um membro da equipe científica, um hábito que ele adotou em muitos de seus filmes seguintes, fazendo pequenas aparições; o minissubmarino para uma única pessoas e que é movido manualmente, tendo participação relevante na história, foi emprestado pela empresa fabricante sem custos para a produção, em troca apenas da publicidade de divulgação para o conhecimento do público e eventual interesse para fins de lazer.

 

(RR – 27/12/24)