Cyborg 2087 (EUA, 1966)

 


Dezoito anos antes de “O Exterminador do Futuro” (The Terminator), que virou uma franquia cultuada impulsionando a carreira de Arnold Schwarzenegger e tornando-se parte da cultura pop, tivemos o thriller de ficção científica “Cyborg 2087” (1966), com Michael Rennie, o eterno alienígena pacífico Klaatu de “O Dia Em Que a Terra Parou” (1951), que utiliza uma ideia básica similar com um organismo cibernético retornando ao passado para tentar alterar eventos que evitariam acontecimentos sombrios no futuro.

Com direção de Franklin Adreon e roteiro de Arthur C. Pierce (de outras tranqueiras preciosas do mesmo período como “O Monstro da Era Atômica”, “Invasion of the Animal People” e “Além da Barreira do Tempo”), o filme está disponível no Youtube em sua versão original americana com a opção de legendas em português traduzidas simultaneamente.

 

Em 2087 o mundo é controlado por um sistema político autoritário onde a liberdade de pensamento é ilegal e as mentes das pessoas são monitoradas por um governo tirano. Nesse ambiente de tortura e horror, um grupo de rebeldes resistentes a favor do pensamento livre consegue enviar um agente especial ciborgue chamado Garth (Michael Rennie) numa máquina do tempo de volta ao passado de 1966, numa missão para tentar impedir os estudos científicos e experiências de radio-telepatia (transmissões de mensagens entre cérebros) do Prof. Sigmund Marx (Eduard Franz), trabalhando para a “Indústria do Futuro”. Essa técnica aperfeiçoada seria utilizada por um governo ditador para o controle em massa das populações do futuro, numa sociedade oprimida por seus líderes, implantando receptores nos cérebros das pessoas desde a infância.

O viajante do tempo recebe o apoio dos cientistas Dr. Carl Zellar (Warren Stevens) e Dra. Sharon Mason (Karen Steele), assistentes do professor, mas também enfrenta problemas com a perseguição do xerife (Wendell Corey) de uma pequena cidade, que investiga suas ações, além da presença de um jornalista investigativo oportunista, Jay C. (Harry Carey Jr.) à procura de notícias, e ainda tem que confrontar dois outros ciborgues também enviados do futuro, conhecidos como “Rastreadores” ou “Tracers” na versão original (interpretados por Dale Van Sickel e Troy Melton), representantes do governo totalitário, e  que tentam impedir o sucesso de sua missão.

 

A história de “Cyborg 2087” lembra aqueles filmes divertidos sobre viagem no tempo dos anos 60 e 70 do século passado que passavam na televisão na saudosa sessão da tarde da TV Globo. Filmes ingênuos, com orçamentos pequenos, efeitos práticos toscos, roteiros escapistas e sem compromisso com lógica ou questões científicas, como “Jornada ao Centro do Tempo” (1967) ou “Degraus Para o Passado” (1976), só para citar alguns.

É um filme para desligar o cérebro e tentar apenas interagir com a história, se divertindo com a visão do futuro; a arquitetura da cidade em 2087 mostrada rapidamente num frame logo no início com o título do filme; a máquina do tempo extremamente simples (por questões orçamentárias); os painéis e computadores enormes cheios de botões, interruptores, mostradores e luzes coloridas; o laboratório com seus aparelhos científicos bizarros; a pistola de raios (mortais no caso dos “tracers” e apenas para tonteio no caso de Garth), e outras bizarrices de efeitos práticos que fazem a festa dos apreciadores do cinema fantástico bagaceiro do passado.

Sobre o elenco, Michael Rennie esteve em filmes como “O Mundo Perdido” (1960) e séries de TV como “Perdidos no Espaço” (1965/1968), e Warren Stevens esteve em “Planeta Proibido” (1956), sendo um rosto conhecido por uma infinidade de participações em séries de TV e filmes de western.

“Cyborg 2087” foi produzido pela “United Pictures Corporation” (UPC) inicialmente para a televisão, sendo exibido depois nas salas de cinema. Outros filmes com temática de horror e FC dessa pequena produtora lançados no mesmo ano de 1966 foram “O Castelo do Mal”, “Viagem Rumo ao Infinito” e “Dimensão 5”.       

 

(RR – 03/12/24)