“O Corvo Negro” (The
Black Raven, EUA, 1943), dirigido por Sam Newfield, é um filme de baixo
orçamento da pequena produtora “PRC” (Producers Releasing Corporation), com fotografia
em preto e branco e estrelado pelo ator inglês George Zucco, nome conhecido e associado
ao cinema de horror de orçamentos reduzidos, especialmente nos anos 40 do
século passado. Tem também a presença do grandalhão Glenn Strange, dono de um
currículo imenso com centenas de filmes “B” e o papel do monstro em “A Mansão
de Frankenstein” (1944).
Disponível no “Youtube” com a opção de legendas em português, o
filme é curto com apenas 61 minutos e mostra a história de um hotel chamado
“The Black Raven” (do título), de propriedade de Amos Bradford (George Zucco),
localizado na fronteira com o Canadá e que é conhecido por facilitar a fuga de
criminosos para esse país. Numa noite gelada de forte tempestade que destruiu
uma ponte e alagou as estradas, várias pessoas são obrigadas a se hospedarem no
sinistro hotel.
São elas, o violento gangster fugitivo da polícia Mike Bardoni (Noel
Madison); o amedrontado estelionatário Horace Weatherby (Byron Foulger),
carregando uma mala com grande quantia de dinheiro roubado; o jovem casal
formado por Allen Bentley (Robert Livingston) e Lee Winfield (Wanda McKay),
fugindo para se casarem no Canadá; e o pai da moça, Tim Winfield (Robert
Middlemass), poderoso político corrupto que está perseguindo a filha por não
aprovar o casamento. Ainda tem o ajudante geral do hotel, o atrapalhado Andy
(Glenn Strange), que garante alguns alívios cômicos, e um ex-presidiário,
Whitey Cole (I. Stanford Jolley), que está atrás de vingança contra Bradford
devido uma parceria criminosa mal sucedida.
Depois que assassinatos misteriosos começam a ocorrer nos quartos
e porões escuros do hotel, com vários suspeitos, surge o xerife (Charles
Middleton, o Imperador Ming de “Flash Gordon”, 1936) para investigar e tentar solucionar
o caso.
Como apreciador de filmes bagaceiros antigos de horror e ficção
científica, tenho preferência pelas produções das décadas de 1950 e 1960, com filmes
mais ousados e exagerados no escapismo, mais sangue e monstros bizarros,
considerando os anos 40 um período menos fértil com filmes explorando histórias
ingênuas com ritmos mais arrastados.
“O Corvo Negro” não foge muito dessa característica e tem como
grande destaque a presença de George Zucco como um vilão “justo” que tenta
ajudar o casal de jovens em fuga do pai dominador da moça. Temos aqui alguns
assassinatos, um mistério envolvendo uma grande quantia de dinheiro e a
investigação da autoria das mortes, num ambiente com atmosfera sombria e tensão
ainda mais carregada pela presença de uma tempestade torrencial.
É um filme de mistério com elementos sutis de horror e alguns
toques de humor negro, que até possui um diferencial em relação aos vários outros
similares do mesmo período, cujas narrativas são bem lentas. Pois, dessa vez
temos mais movimentação dos personagens ao longo da trama em meio aos
assassinatos no hotel.
Entre as curiosidades, é uma refilmagem de “The Rogues Tavern”
(1936), e o ator George Zucco (1886 / 1960) é um nome reconhecido pelos papéis
de vilão ou “cientista louco” em vários filmes de horror com pequenos
orçamentos como “O Gato e o Canário” (1939), “A Mão da Múmia” (1940), “A Bela e
o Monstro” (1941), “O Monstro Sinistro” (1942), “A Tumba da Múmia” (1942), “O
Abutre Humano” (1943), “Vingança do Túmulo” (1943), “Mistério da Magia Negra”
(1944), “A Sombra da Múmia” (1944), “A Volta do Homem Gorila” (1944), entre
outros, ao lado em alguns casos, de ícones como Bela Lugosi e John Carradine.