O escritor francês Jules Verne
teve muitas de suas histórias de aventura com elementos de ficção científica e
fantasia adaptadas para o cinema. “Viagem ao Centro da Terra”, “Vinte Mil
Léguas Submarinas”, “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias” e “Da Terra à Lua” são
algumas das mais conhecidas, cultuadas e representadas em filmes divertidos de
meados do século passado, com elencos renomados e produções caprichadas com
efeitos especiais práticos interessantes para a época e impressionantes para o
público daquele período e também eternamente para os apreciadores do cinema
fantástico antigo.
A RKO lançou em 1958 “Da Terra à Lua” (From the Earth to the
Moon), dirigido por Byron Haskin e com grandes nomes no elenco como Joseph
Cotten, George Sanders e Debra Paget, um filme típico dos que eram exibidos na
saudosa “Sessão da Tarde” da TV Globo. Porém, sendo nesse caso uma produção
menor e com efeitos bem mais modestos e toscos, com disponibilidade no
“Youtube” com opção de legendas em português.
Ambientado em 1868, logo após o
fim da guerra civil americana, temos o empreendedor Victor Barbicane (Joseph
Cotten), membro de um clube seleto de empresários que lucram com a venda de
armamentos em tempos de guerra, que está trabalhando na invenção de um poderoso
projétil com alto poder de destruição.
Ele é auxiliado pelo amigo Ben
Sharpe (Don Dubbins), par romântico da bela Virginia (Debra Paget), filha de Stuyvesant
Nicholl (George Sanders), empresário do ramo de materiais, que criou uma
potente armadura reforçada de aço e é contra a criação de armas para patrocinar
as guerras. Mesmo sendo rivais nos negócios e também no campo do idealismo,
eles acabam se unindo num projeto para a construção de um foguete bizarro
chamado “Columbia” para ser testado no espaço, numa viagem à Lua, com sistema de
propulsão através dos mísseis de Barbicane e fuselagem com os materiais
resistentes de Nicholl.
Os três homens partem no
foguete, com Virginia embarcando clandestinamente, e precisam lidar com algumas
turbulências na viagem, desde sabotagem dos equipamentos até a ameaça mortal de
uma chuva de meteoros, com grandes riscos para a segurança da missão.
Este “Da Terra à Lua” é um
filme menor em qualidade de produção quando comparado com outros baseados em
obras de Jules Verne. Apesar do elenco com nomes importantes, as
características gerais estão mais próximas dos filmes bagaceiros de baixo orçamento
e efeitos precários, ao contrário de outros trabalhos do diretor Byron Haskin
como “A Guerra dos Mundos” (1953) e “A Conquista do Espaço” (1955).
Entre as curiosidades, o filme
iniciou a produção no momento em que a RKO se preparava para encerrar suas
atividades, e provavelmente o orçamento inicial seria bem maior sendo depois
drasticamente cortado, tendo como consequência a qualidade inferior dos efeitos
especiais. O foguete é bizarro e internamente temos uma grande quantidade de
mostradores analógicos e outras parafernálias simulando equipamentos tecnológicos
para uma viagem espacial, elementos típicos dos divertidos filmes bagaceiros de
ficção científica do período.
Os efeitos sonoros no interior
do foguete viajando no espaço foram aproveitados do clássico “Planeta Proibido”
(Forbidden Planet, 1956), lançado pouco antes e considerado um dos destaques da
história do cinema de FC.
Existe outro filme que recebeu
o mesmo nome “Da Terra à Lua” aqui no Brasil. Trata-se de “Rocketship X-M”
(1950), dirigido por Kurt Neumann e com Lloyd Bridges.
(RR – 02/05/24)