A Mansão Condenada (Mansion of the Doomed, EUA, 1976)

 


"... alguns tem que ser sacrificados para a humanidade.  Não os velhos e fracos, não os olhos que resistiram, que possuem dor e angústia. Mas sim olhos claros e atentos, intactos, novos e jovens...” – Dr. Leonard Chaney

 

Quando vemos o nome do produtor Charles Band em filmes com elementos de horror e ficção científica, já vem a associação para produções de baixo orçamento e geralmente divertidas. Seu currículo na indústria do cinema bagaceiro é imenso com centenas de filmes.

A Mansão Condenada” (Mansion of the Doomed, EUA, 1976), dirigido por Michael Pataki (mais conhecido como ator em quase 200 filmes), é um dos primeiros filmes produzidos por Charles Band e é mais uma tranqueira com alguma diversão que se situa nessa ideia. Para a nossa sorte foi lançado no mercado brasileiro de vídeo VHS pela “América Vídeo” e cuja cópia está disponível no “Youtube” com legendas em português.

 

Richard Basehart (rosto conhecido como o Almirante Nelson na série de TV dos anos 1960 “Viagem ao Fundo do Mar”) é o “cientista louco” Dr. Leonard Chaney, um oftalmologista famoso que, após o trágico acidente de carro que deixou cega sua filha Nancy (Trish Stewart), ficou obcecado em tentar recuperar a visão dela com transplantes de olhos em cirurgias criminosas. Uma vez ocorrendo rejeições constantes, o médico começa a perseguir suas vítimas aleatórias para extrair os olhos, mantendo-as depois aprisionadas numa cela macabra no porão de sua “mansão dos condenados” (daí o título original), como criaturas bizarras sem seus globos oculares.

Ele é auxiliado nas cirurgias pela companheira Katherine (Gloria Grahame) e entre os diversos “condenados” escolhidos para doar os olhos contra sua vontade está o noivo de Nancy, Dr. Dan Bryan, interpretado por Lance Henriksen em início de carreira, e que possui um currículo colossal com incontáveis participações em filmes do gênero fantástico.

Enquanto coleciona vítimas com cavidades oculares vazias no porão, o Dr. Chaney vai perdendo a sanidade na tentativa desesperada de fazer sua filha voltar a enxergar, despertando a atenção da polícia através do Detetive Simon (Vic Tayback) e incitando a tentativa de fuga dos condenados sem olhos.      

 

Com referências à história similar do filme francês “Os Olhos Sem Rosto” (1960), “A Mansão Condenada” inegavelmente tem seus problemas como filme de orçamento reduzido e cheio de falhas. Existem momentos de ritmo arrastado e várias situações improváveis que desqualificam a história como a facilidade do cientista em capturar suas vítimas e retirar seus olhos cirurgicamente, com os desaparecimentos misteriosos de várias pessoas mantidas em cárcere improvisado não causando grandes consequências.

Mas os efeitos toscos com os condenados sem olhos certamente garantem boa parte da diversão, assim como a ideia básica da obsessão do “cientista louco” em salvar a visão de sua filha a qualquer custo, destruindo sem hesitação as vidas de vítimas indefesas.


RR – 10/04/24)