“São
nossos atos que escurecem o céu, ou o céu que escurece a alma do Homem?
Durante o cultuado ciclo de
filmes da década de 1960 inspirados em histórias de Edgar Allan Poe, na
parceria entre o diretor Roger Corman e o ator Vincent Price, tivemos uma pausa
para o lançamento de “A Torre de Londres”
(Tower of London, 1962), um horror gótico com fotografia em preto e branco e
que está disponível no “Youtube” em versão original com opção de legendas em
português.
Dirigido por Roger Corman,
produzido por seu irmão Gene Corman e estrelado pelo ícone do horror Vincent
Price, é refilmagem de uma produção da “Universal” de 1939 dirigida por Rowland
V. Lee e com Basil Rathbone e Boris Karloff, além do próprio Price em outro
papel.
No século XV, após a morte do
Rei da Inglaterra, seu irmão Richard de Gloucester (Vincent Price), um tirano
com deformação no ombro, é nomeado Protetor do Reino e auxiliado pelo comparsa
de crimes Sir Ratcliffe (Michael Pate), não mede esforços para conquistar o trono
do Rei. Para isso, ele planeja eliminar todos que cruzarem seu caminho ou que
possam criar algum empecilho para seu objetivo obscuro, incluindo membros de
sua própria família como o irmão George, Duque de Clarence (Charles Macaulay),
e criados como a jovem Srta. Shore (Sandra Knight).
Para tentar impedir seu
sucesso, um grupo une esforços para proteger os herdeiros legítimos do Rei, seus
dois filhos pequenos, o Príncipe Richard (Donald Losby) e o sucessor do trono
Edward V (Eugene Mazzola). O grupo é formado por Sir Justin (Robert Brown), sua
namorada Lady Margaret (Joan Freeman), a rainha (Sarah Selby) e o curandeiro
Tyrus (Richard Hale).
Com as mãos sujas de sangue e
a consciência atormentada, o desonesto e conspirador Richard de Gloucester vai
perdendo lentamente a sanidade ao ser assombrado por visões e vozes dos
fantasmas de suas vítimas, que vagando no limbo sem paz, procuram por vingança
contra seu perverso algoz.
“A
Torre de Londres” de Roger Corman tem uma inclinação
maior para o horror em vez do drama histórico do filme da “Universal”. E
logo já sabemos se tratar de mais uma divertida produção de baixo orçamento com
as tradicionais características do cinema de Corman. O filme é curto com apenas
79 minutos, e tem o diferencial da presença ilustre de Vincent Price, ator
totalmente associado ao gênero com uma vasta e valiosa carreira, principalmente
com personagens vilões e com a já reconhecida atuação que o imortalizou na
galeria de atores lendários do horror.
A diversão dos fãs de filmes atmosféricos
é garantida pelo imponente castelo com câmara de torturas no subsolo, pela
família amaldiçoada com atos de traição e assassinatos, além dos fantasmas
atormentados assombrando os cantos escuros e a mente perversa do vilão.
Curiosamente, a
história tem alguma inspiração no poeta e dramaturgo William Shakespeare, que
não foi creditado. E como característica nos filmes de orçamentos reduzidos de
Corman, as cenas da batalha de Bosworth foram reaproveitadas do filme de 1939.
(RR
– 08/08/23)