O diretor Bert I. Gordon, conhecido como
“Mr. BIG”, iniciais de seu nome e chamado assim por seus divertidos filmes de
baixo orçamento com monstros, animais e insetos gigantes, faleceu em Março de
2023, deixando um legado importante para a história do cinema bagaceiro de
Horror e Ficção Científica. Além dos vários filmes com criaturas de tamanho
descomunal, ele também fez a sua contribuição para o sub-gênero de fantasmas
atormentados vingativos através de “Sangue
no Farol” (Tormented, EUA, 1960), que está disponível no “Youtube” com
opção de legendas em português.
Com fotografia em preto e branco e duração
curta de apenas 75 minutos, o roteiro também é dele em parceria com George Worthing
Yates, outro nome reconhecido nas histórias de diversas tranqueiras preciosas
como “O Mundo em Perigo” (1954) e “A Invasão dos Discos Voadores” (1956). E o
elenco é liderado por Richard Carlson, de “Veio do Espaço” (1953), “O Monstro
da Lagoa Negra” (1954) e “O Vale Proibido” (1969), entre outras pérolas do
cinema fantástico antigo.
O pianista de jazz Tom Stewart (Richard
Carlson) está em véspera de se casar com Meg Hubbard (Lugene Sanders), de
família rica e que vive numa ilha onde se encontra um farol abandonado. Porém,
surge uma antiga namorada, a cantora Vi Mason (Juli Reding), que tenta
atrapalhar o casamento, ainda apaixonada pelo pianista. Numa discussão entre
eles no alto do farol, ela despenca para a morte, com Tom permitindo sua queda
ao ter a possibilidade de ainda resgatá-la quando estava pendurada, antes de
cair totalmente nas rochas e desaparecer no mar.
A partir daí ele é constantemente assombrado
por visões ameaçadoras do fantasma vingativo da outrora amante, rancorosa e
determinada a impedir o casamento. Tom também precisa lidar com outros
problemas adicionais que contribuem para o seu tormento (daí o título
original): a chantagem de Nick (Joe Turkel), o dono do barco que trouxe a moça
ciumenta para a ilha, e como silenciar a jovem irmã de nove anos da futura
esposa, Sandy Hubbard (Susan Gordon, filha do diretor), que testemunhou involuntariamente
um ato criminoso dele.
“Sangue no Farol” explora o sub-gênero de
fantasma, aquele tipo que tem uma morte repentina e violenta e que retorna do
mundo dos mortos para se vingar e atormentar os vivos, envolto num ambiente com
atmosfera sombria. Os efeitos práticos com trucagens simples, mas eficientes,
típicos de uma produção com orçamento reduzido, são bem feitos para a época e
recursos disponíveis. Com resultados interessantes nas várias aparições
fantasmagóricas da bela Vi Mason atormentando seu antigo namorado Tom Stewart,
sejam nas cenas onde surgem apenas suas mãos, ou sua cabeça decepada, ou ainda de
corpo inteiro flutuando de forma ameaçadora. O farol em ruínas, palco da tragédia
que dá início aos eventos sobrenaturais, tem sua importância significativa (daí
o título nacional) como um elemento para potencializar o clima perturbador de
horror.
(RR
– 10/04/23)