O cientista bioquímico Dr. Nathaniel
Billings (Boris Karloff) é o proprietário endividado de uma hospedaria colonial
construída em 1764. Ele é obrigado a vender o imóvel histórico e para a sua
sorte aparece uma jovem compradora, Winnie Slade (Jeff Donnell), que pretende
transformar num hotel. Ela é recém divorciada do frenético Bill Layden (Larry
Parks), que tenta persuadi-la a desfazer o negócio devido a diversos fatos
estranhos envolvendo os habitantes do lugar.
Na taverna antiga temos um casal de
caseiros idosos meio lunáticos, Amelia Jones (Maude Eburne) e Ebenezer (George
McKay), e o cientista conseguiu convencer a nova compradora para que ele
pudesse continuar com suas experiências misteriosas no laboratório localizado
no subsolo, repleto de máquinas e aparelhos elétricos bizarros, além de um
quarto secreto com supostos cadáveres.
Depois que o multifuncional Dr. Arthur Lorencz
(Peter Lorre), que exerce vários cargos como advogado e xerife, e que também
tem seus momentos de cientista inventor, descobre o objetivo das experiências
do Dr. Billings, eles selam um acordo de sociedade pelos lucros dos resultados.
O projeto científico consiste na criação
de super homens para ajudar o exército americano na Segunda Guerra Mundial, contra
seus inimigos Alemanha, Japão e Itália, utilizando vendedores de bugigangas que
surgem aleatoriamente como cobaias nas experiências como o Sr. Johnson (Eddie
Laughton) e principalmente Maxie (Maxie Rosenbloom), na tentativa de conferir
forças e poderes extraordinários em homens comuns.
Após muitas trapalhadas e falhas nas
experiências, parece que o único local para onde todos devem ir é o hospício da
cidade.
“Um
Cientista Distraído” (The Boogie Man Will Get You, 1942) está disponível no
“Youtube” com opção de legendas em português. O nome nacional parece mal
escolhido e poderia ser mais adequado apenas utilizar a tradução literal “O
Bicho Papão Vai Te Pegar”. É bem curto com apenas 66 minutos, fotografia em
preto e branco e direção de Lew Landers para a “Columbia Pictures”. Foi lançado
no período em que ocorria a Segunda Guerra Mundial, servindo talvez como um
alívio cômico para o momento conturbado que o planeta enfrentava com a
violência da guerra.
É uma comédia com elementos sutis de
horror e ficção científica explorando o sempre interessante tema de “cientista louco”
e aproveitando a presença de Boris Karloff e Peter Lorre, atores expressivos
cujos nomes já garantem algum entretenimento escapista e certamente agregam
grande valor ao filme. É o último trabalho de Karloff para a produtora “Columbia”,
que aproveitou a oportunidade dele estar atuando na peça de teatro “Arsenic and
Old Lace” na época, e que possui similaridades com o filme. E cuja história curiosamente
foi lançada em 1944 no filme “Este Mundo é Um Hospício”, com Lorre no elenco.
Provavelmente deve funcionar apenas para
os apreciadores de comédias leves antigas, pois para os fãs de cinema
fantástico do passado o filme vale exclusivamente pela dupla Karloff e Lorre e
pelo tema de “cientista louco”, uma especialidade do inglês Boris Karloff (1887
/ 1969), que ficou eternamente conhecido como o monstro de Frankenstein nos
filmes da “Universal”, mas que também teve uma longa carreira com muitos papéis
de vilão envolvido em experiências científicas bizarras. Já Peter Lorre,
nascido na Eslováquia em 1904 e falecido em 1964, tem vários filmes importantes
de horror e FC no currículo como “M, o Vampiro de Dusseldorf” (1931), “20.000
Léguas Submarinas” (1954), “Viagem ao Fundo do Mar” (1961), “Muralhas do Pavor”
(1962), “O Corvo” (1963) e “Farsa Trágica” (1964), estes dois últimos também
com Karloff e elementos de humor negro.
(RR
– 19/03/23)