“Nas
sombras da noite, a língua das montanhas, uivam os cães famintos para a lua,
camponeses cruzam a colina a se esconder no abrigo. Qualquer olhar felino,
dentes afiados e brilhantes por aí eles acham que é um lobisomem.” –
Dr. Alfred Brandon
O ator Michael Landon (1936 / 1991),
conhecido pelas séries de TV “Bonanza” (1959 / 1973), “Os Pioneiros” (1974 /
1983) e “O Homem Que Veio do Céu” (1984 / 1989), foi o protagonista no início
de carreira do filme de horror juvenil bagaceiro “I Was a Teenage Werewolf” (1957), dirigido por Gene Fowler Jr. e
escrito e produzido por Herman Cohen (1925 / 2002). A distribuição foi da
lendária AIP (“American International Pictures”), de James H. Nicholson e
Samuel Z. Arkoff, empresa especializada no cinema fantástico de baixo orçamento.
Na pequena cidade americana de Rockdale vive
o jovem estudante encrenqueiro Tony Rivers (Michael Landon), órfão de mãe e
filho de um pai distante por causa do trabalho, Charles Rivers (Malcolm
Atterbury). Sempre envolvido em brigas e confusões na escola, ele tem dificuldades
no relacionamento com a namorada Arlene Logan (Yvonne Lime) e os amigos Jimmy
(Charles Wilcox, creditado como Tony Marshall) e Vic (Ken Miller), entre
outros.
Devido ao mal comportamento, ele é
persuadido a consultar o psiquiatra Dr. Alfred Brandon (Whit Bissell), que por
sua vez, auxiliado pelo assistente Dr. Hugo Wagner (Joseph Mell), está
envolvido em experiências com hipnose e aplicação de um soro especial, que tem
o objetivo de regressão da raça humana, ativando seus instintos primitivos.
Utilizado como cobaia pelo “cientista
louco”, o estudante rebelde Tony se transforma num lobisomem (daí o título) colecionando
vítimas que cruzam o seu caminho, sendo perseguido pela polícia através do
Detetive Donovan (Barney Phillips), o chefe de polícia Baker (Robert Griffin) e
o oficial Chris Stanley (Guy Williams), culminando num confronto final com
resultados previsíveis.
O filme é curto, com apenas 76 minutos,
e explora a temática de “cientista louco” e suas experiências supostamente para
o bem da humanidade, com resultados catastróficos na criação de um “homem
transformado em monstro”, aproveitando um personagem clássico do cinema de
horror, o lobisomem. A produção é paupérrima, filmado em apenas sete dias, e a
história é arrastada, com o assassino selvagem iniciando sua chacina somente a
partir da metade do filme, mas com poucas mortes e a garantia da diversão dos
fãs do cinema bagaceiro de horror ficando por conta quase que exclusivamente
pelas cenas com o lobisomem e sua maquiagem tosca. Porém, é um filme que ganhou
o status de cultuado e é sempre lembrado, fugindo do limbo conseguindo certo
destaque e se distanciando da infinidade de tranqueiras do mesmo período.
Curiosamente, o roteiro deixou de lado
os elementos tradicionais da mitologia dos lobisomens como a influência da lua
cheia e aversão às balas de prata, por exemplo. Aqui, o jovem briguento se
transforma em monstro devido à combinação de sessões de hipnose e ingestão de
uma fórmula química.
O ator Whit Bissell, que fez o “cientista
louco”, teve uma carreira imensa e é um rosto conhecido por filmes como “O
Monstro da Lagoa Negra” (1954) e a série de TV “O Túnel do Tempo” (1966), onde
fez parte do elenco fixo como o militar Heywood Kirk. Já Guy Williams, que aqui
teve um papel pequeno como um dos policiais na caça do lobisomem, seria mais
tarde o Prof. Robinson da popular série de TV “Perdidos no Espaço” (1965 /
1968).
“I Was a Teenage Werewolf” está
disponível no “Youtube” com opção de legendas em português. A recepção de
bilheteria com bom retorno financeiro estimulou a oportunidade de
aproveitamento do momento favorável para a produção de mais filmes similares
explorando outros monstros clássicos do Horror, vindo a seguir “I Was a Teenage
Frankenstein” (com Whit Bissell fazendo novamente um papel de “cientista louco”),
“Blood of Dracula”, ambos também de 1957, e “How to Make a Monster” (1958), que
reúne tanto o lobisomem quanto a criatura de Frankenstein.
(RR
– 13/03/23)