Barão Sanguinário (Baron Blood, Itália / Alemanha / EUA, 1972)

 


"Kunik Sator Holmat! Eu te peço, Elisabeth Hölle, alcance as profundezas ardentes do inferno, e traga o espírito maligno do Barão Otto Von Kleist, até aqui, a câmara de sua torturante morte.” – Peter Kleist

 

O diretor italiano Mario Bava (1914 / 1980) é especialista em cinema de horror gótico, sua filmografia é repleta de preciosidades como “Barão Sanguinário” (Baron Blood, 1972), que está disponível no “Youtube” com áudio em inglês e legendas em português.

 

O jovem americano Peter Kleist (Antonio Cantafora) viaja para a Áustria após concluir seus estudos de mestrado para saber mais sobre seus ancestrais europeus. Ele é recepcionado no aeroporto pelo tio Dr. Karl Hummel (Massimo Girotti), de quem recebe informações sobre um perverso antepassado do século XVI, o Barão Otto Von Kleist (Joseph Cotten), conhecido como “Barão Sanguinário”, devido sua prática de torturas e assassinatos brutais de aldeões que viviam próximo de seu castelo.

Porém, uma lenda dizia que ele foi amaldiçoado por uma bruxa queimada na fogueira e que poderia ser revivido do inferno após a leitura de um texto obscuro cabalístico. O “Castelo do Diabo”, como era conhecido, tinha como zelador o atrapalhado Fritz (Luciano Pigozzi, creditado como Alan Collins), e estava sendo restaurado para se transformar em hotel, sob a coordenação do Sr. Dortmundt (Dieter Tressler) e auxílio nas obras de reforma da bela estudante de arquitetura Eva Arnold (Elke Sommer), uma ex-aluna do Dr. Karl.

Peter e Eva se aproximam e juntos invocam o espírito do barão sanguinário através da recitação de um antigo encantamento num pergaminho, permitindo seu retorno do mundo dos mortos para continuar o legado de atrocidades. Para combatê-lo, eles unem esforços com a médium Rada Rassimov (Christina Hoffmann), que tem uma conexão paranormal com Elisabeth Hölle, a feiticeira que amaldiçoou o barão no passado, na tentativa de mandá-lo de volta ao limbo.

 

Como “Barão Sanguinário” é uma obra de Mario Bava, então podemos esperar aquela tradicional atmosfera gótica de um imenso castelo com todos os elementos de horror e bizarrices que trazem um desconforto crescente e que garantem o entretenimento. Com destaque para a macabra masmorra sombria de paredes frias de pedra, repleta de instrumentos de tortura criados por mentes perversas, para aguçar nossa imaginação com o sofrimento e dor incomensuráveis das vítimas do vilão sádico, algo que realmente aconteceu no passado medieval da humanidade. Outro destaque é uma longa sequência carregada de tensão, com a perseguição do vilão atrás da jovem Eva por ruas e becos desertos, escuros e mergulhados em névoa espessa.

A história tem muitos clichês e furos enormes para facilitar o trabalho dos roteiristas e nem deve ser levada a sério pelo excesso de situações exageradas na fantasia e com uma narrativa por vezes arrastada que teria um melhor resultado se a metragem original de 98 minutos fosse reduzida em uns 15 minutos de cenas desnecessárias. Mas, o que realmente interessa e nesse aspecto o filme não decepciona, são os muitos momentos de puro horror gótico no castelo e os assassinatos brutais do barão sanguinário.  

 

Entre as curiosidades, antes do papel do assassino sádico ser definido para Joseph Cotten, outros atores tinham sido sondados, como o lendário Vincent Price e também o não menos renomado Ray Milland. O produtor Alfred Leone aparece rapidamente como um passageiro de avião e o filho do diretor, Lamberto Bava, também tem uma ponta relâmpago como um homem no aeroporto, ambos sem créditos.

No fim dos anos 1990 teve uma lenda urbana sobre um poço profundo que foi escavado na Rússia e que supostamente teria atingido o inferno, com a captação de ruídos bizarros de almas atormentadas, porém foi revelado depois ser uma farsa com a utilização de sons retirados de “Barão Sanguinário” (os gritos de vítimas torturadas na masmorra) misturados com outros efeitos sonoros.

O título original italiano é “Gli orrori del castello di Norimberga” e as filmagens ocorreram na Áustria, especialmente as cenas com o imponente e sinistro castelo. Além de “Barão Sanguinário”, o filme recebeu outro nome alternativo aqui no Brasil, “Os Horrores do Castelo de Nuremberg” (tradução literal do original italiano), quando foi lançado em DVD pela “Versátil”. O box também contém outros trabalhos de horror gótico de Mario Bava. “Os Vampiros” (1956), sendo que aqui ele completou a direção de Riccardo Freda, e “Black Sabbath – As Três Máscaras do Terror” (1963), com Boris Karoff, sendo este em duas versões, a original italiana e outra editada americana.

  

"O barão de sangue e do mal será destruído apenas por aqueles que ele próprio destruiu...”

 

(RR – 21/08/22)