The Brain Eaters (EUA, 1958, PB)

 


“Até há algumas semanas atrás, Riverdale era um lugar sossegado. Esse sábado, após a meia noite, o pesadelo já começou.”

– Glenn Cameron

 

Com produção executiva não creditada de Roger Corman, o “Rei dos Filmes B”, “The Brain Eaters” (1958) é uma tranqueira de orçamento minúsculo com fotografia em preto e branco, direção de Bruno VeSota (que é mais conhecido como ator), e roteiro de Gordon Urquhart, baseado em história não creditada de Robert A. Heinlein (autor de “Tropas Estelares”).

 

Um estranho e misterioso objeto conoidal surge nos arredores da pequena cidade de Riverdale, em Illinois, Estados Unidos, despertando a atenção das autoridades e do governo, coincidindo com a ocorrência de ataques e assassinatos na região.

O cientista Dr. Paul Kettering (Ed Nelson, que também é produtor do filme), com o auxílio da assistente Alice Summers (Joanna Lee) e do Dr. Wyler (David Hughes), está trabalhando para descobrir o que é o objeto. Eles também recebem a ajuda do casal Glenn Cameron (Alan Frost) e Elaine (Jody Fair), que foram os primeiros a encontrar o imenso cone. E para completar o time de investigação, vindo diretamente de Washington, temos o Senador Walter K. Powers (Cornelius Keefe) representando os interesses do governo.

Cabe a todos trabalharem em equipe para descobrirem a origem da nave, a real intenção das sinistras criaturas invasoras e impedir que o caos se espalhe para fora da pequena cidade.     

 

“The Brain Eaters” tem posters e trailers com frases sensacionalistas e título chamativo e exagerado, uma estratégia promocional típica dos filmes bagaceiros de FC&Horror da década de 1950. É bem curto (só 61 minutos), com sua história de paranoia de invasão comunista no estilo de “Vampiros de Almas” (1956), um tema bastante explorado no período da guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética. Através de criaturas ancestrais de milhões de anos vindas do centro da Terra, que controlam a mente das pessoas com lesmas parasitas infiltradas no sistema nervoso na base do pescoço, criando escravos zumbis “devoradores de cérebro” sob seu comando, com a intenção de instaurar uma sociedade utópica na humanidade, alegando igualdade e ausência de conflitos ou violência.

As criaturas aparecem pouco e mais no terço final, com efeitos práticos tão bagaceiros que inevitavelmente tornam-se divertidos. Utilizando brinquedos simples de corda revestidos com pelos de casaco e com um par de antenas toscas. A nave em forma de cone também é um destaque, com seus quinze metros de altura e objeto de investigação para determinar sua origem ameaçadora.

Os erros de continuidade são comuns, alternando sem coerência cenas noturnas com diurnas, e não há qualquer suspense sobre quem está ou não controlado pelas parasitas, um fato que poderia ser melhor explorado.

 

Curiosamente, tem a participação rápida do ator Leonard Nimoy (1931 / 2015) em início de carreira, como o Prof. Cole, um sábio ermitão controlado pelas criaturas do título, numa cena única dentro do objeto em forma de cone, e irreconhecível num ambiente envolto em muita névoa. Ele que foi imortalizado na cultura pop pelo personagem Sr Spock, um alienígena vulcano que faz parte da tripulação da nave estelar Enterprise, na cultuada série de FC “Jornada nas Estrelas” (Star Trek, 1966/1969).

Outra curiosidade é o roteiro ser inspirado de forma não autorizada pela história “The Puppet Masters” (1951), do escritor Robert A. Heinlein (1907 / 1988). Ele processou os produtores, que foram obrigados a fazer um acordo fora da justiça. A mesma história foi adaptada também em 1994 em “Sob o Domínio dos Aliens”, de Stuart Orme e com Donald Sutherland.   

 

(RR – 06/02/22)