“Povo da Terra...
Atenção! Estamos falando com vocês de milhares de milhas além do seu planeta.
Observem o Sol para um aviso. Depois de erupções no Sol, haverá oito dias e
noites de convulsões meteorológicas. Depois disso, aterrissaremos na capital
dos Estados Unidos. Que todas as nações estejam presentes em Washington para
uma conferência pacífica.” – alerta alienígena
Para quem se lembra daqueles filmes
nostálgicos de Ficção Científica que eram exibidos na “Sessão da Tarde” da TV
Globo principalmente nos anos 70 e 80 do século passado, como “Planeta dos
Macacos” (1968), “A Máquina do Tempo” (1960), “Viagem Fantástica” (1966), “O
Dia Em Que a Terra Parou” (1951), “A Guerra dos Mundos” (1954), “Guerra Entre
Planetas” (1955), “Planeta Proibido” (1956), entre muitos outros, vale
registrar outra preciosidade daqueles bons tempos, “A Invasão dos Discos Voadores” (Earth vs. The Flying Saucers, 1956),
dirigido por Fred F. Sears a partir de uma história de Curt Siodmak, e com efeitos
especiais em “stop motion” de Ray Harryhausen.
O cientista Dr. Russell A. Marvin (Hugh
Marlowe, que também esteve em “O Dia Em Que a Terra Parou” e “Vinte Milhões de
Léguas a Marte”), com a ajuda da esposa e secretária Carol (Joan Taylor),
lidera um projeto científico para o governo americano, que consiste no
lançamento de foguetes (chamados de “pássaros”) para testes de exploração
espacial. Depois que eles são interceptados e destruídos por seres
extraterrestres, ocorre uma invasão hostil na Terra, através do ataque de
discos voadores de uma tecnologia avançada, pilotados por alienígenas vestidos
com uma armadura mecânica e eletrônica. Cabe ao cientista Dr. Marvin, o típico
herói americano, auxiliado pelo Major Huglin (Donald Curtis), projetar uma arma
sônica para o contra-ataque e salvar o planeta da ameaça alienígena.
“A Invasão dos Discos Voadores” é um
daqueles filmes divertidos do cinema fantástico da década de 1950, com
fotografia original em preto e branco (existe uma versão colorizada por
computador para o lançamento em DVD), e história típica de invasão alienígena
associada à paranoia política da ameaça comunista aos Estados Unidos no
conturbado período da guerra fria.
Curto (1h 23min) e bastante dinâmico,
não há enrolação e as coisas acontecem rapidamente, com o surgimento dos
tradicionais discos voadores de outro mundo invadindo nosso planeta, deixando
evidente suas intenções hostis e impondo uma superioridade bélica com raios
desintegradores. Para combatê-los, a humanidade, obviamente representada pela
supremacia americana sempre propagada nos filmes, encontra a salvação através
de canhões sônicos de alta frequência, que conseguem desestabilizar as naves e
derrubá-las.
Tem a tradicional narração “em off”, um
recurso muito utilizado nos filmes daquele período. A história é simples,
utilizando-se de clichês largamente explorados no tema de invasão alienígena, e
o que vale mesmo são as cenas antológicas dos ataques dos discos voadores em
efeitos de “stop motion” de Ray Harryhausen, o mestre eterno dessa técnica, com
resultados excelentes de puro entretenimento, principalmente pelas dificuldades
da época da produção, sem a artificialidade da computação gráfica.
Os destaques certamente vão para as
naves redondas do espaço sideral, os alienígenas em suas armaduras metálicas
que lembram robôs, a sala de comando com computadores imensos repletos de luzes
piscando e outros elementos característicos do cinema fantástico bagaceiro dos
anos 1950. É um filme memorável, não tanto pela história clichê e previsível,
enfatizando sempre o heroísmo americano como salvador da Terra, mas pelos
incríveis efeitos com maquetes, bonecos e trucagens sempre bem executados e muito
divertidos, num esforço de trabalho que deve ser enaltecido.
Foi lançado em DVD no Brasil pela
“Classicline” com as versões em preto e branco e colorido. Aliás, como o filme
está em domínio público, ambas as versões podem ser facilmente encontradas no
“Youtube”, e com a dublagem clássica de quando foi exibido na televisão por
aqui, com aquelas vozes dos dubladores que ficaram eternizadas em nossas
memórias.
Curiosamente, a destruição de
Washington pelos discos voadores foi homenageada em “Marte Ataca!” (1996), de
Tim Burton.
(RR
– 15/02/22)