Pesadelos Noturnos (Nightmares Come at Night, Liechtenstein, 1970)

 


“Choro pelas cinzas daqueles que foram queimados vivos. Choro pelo grito do morto que se perde no espaço infinito. Choro pelo sangue que derramei...”

 

O cinema fantástico europeu de baixo orçamento tem no cineasta espanhol Jesús Franco um de seus maiores representantes. “Pesadelos Noturnos” (1970), conhecido pelo título internacional “Nightmares Come At Night”, é mais um filme de seu extenso currículo que passa das duas centenas de produções, aqui com uma história com alguns poucos elementos sutis de horror e muita exploração de nudez de belas mulheres.

 

Anna de Istria (Diana Lorys, de “O Terrível Dr. Orloff”) é dançarina num show de strip-tease numa boate e sua vida muda depois de receber o convite de outra mulher, a rica Cynthia Robins (Colette Giacobine, creditada como Colette Jack), para morar com ela em sua casa enorme. Porém, enquanto tenta se adaptar numa rotina mais luxuosa e numa relação mais íntima com sua anfitriã, Anna começa a sofrer com perturbadores “pesadelos noturnos”. Nesses momentos oníricos, ela comete assassinatos, confundindo sua mente entre realidade e fantasia e questionando se alguma doença poderia estar alterando sua sanidade.

Um amigo de Cynthia, o médico psiquiatra Dr. Paul Lucas (o ótimo ator suiço Paul Muller, de “A Virgem e os Mortos”), é chamado para tentar ajudar e orientar a atormentada Anna, com seus sonhos tornando-se cada vez mais confusos. E um estranho casal de vizinhos, Soledad Miranda (creditada como Susan Korda) e seu namorado (André Montchall), está sempre observando os movimentos na casa ao lado, interessados em algo misterioso. Enquanto Anna luta para não sucumbir à loucura pelos terríveis pesadelos, uma trama sinistra de conspiração, com mortes e roubo de joias, parece tomar conta do lugar.           

 

Este é mais um filme “exploitation” de Jesús Franco (aqui creditado como Jess Franco), com história confusa e arrastada que parece não ter muita importância, para dar lugar às cenas eróticas das belas atrizes nuas, especialmente Diana Lorys, pois sua personagem Anna passa a maior parte do tempo sem roupas. Os elementos de horror são bem discretos, com apenas alguns assassinatos sem sangue e violência, além de um elogiável desfecho pessimista.

Um dos cartazes estampa a atriz espanhola Soledad Miranda, numa ação oportunista de marketing, pois ela teve uma participação muito pequena e de forma isolada. Conhecida por outros filmes do diretor Franco como “Conde Drácula” (1970), com Christopher Lee, Herbert Lom e Klaus Kinski, e “Vampiras Lésbicas” (1971), ela morreu precocemente num acidente de carro, tornando-se uma atriz cultuada. Curiosamente, enquanto aguardam a oportunidade de tornarem-se ricos, a personagem de Soledad Miranda fala para seu namorado que gostaria de ter sua vida de luxos fugindo para o Brasil.  

 

“Pesadelos Noturnos” foi considerado um filme perdido por muitos anos e redescoberto em 2004 num lançamento internacional em DVD. Existem fontes que informam que as sequências isoladas da personagem de Soledad Miranda e seu namorado eram apenas testes de cena filmados antes e que explicam a falta de uma conexão mais convincente com a história de pesadelos de Anna.

Foi distribuído no Brasil em DVD pela “Vinny Filmes” em Janeiro de 2012, na coleção “Clássicos do Terror”, sem material extra, e também pela “Continental”.   

O país de produção é o minúsculo Liechtenstein, localizado no centro da Europa, próximo da Alemanha, Áustria e Suiça, e o título original é “Les cauchemars naissent la nuit”.  

 

(RR – 21/11/21)