Os italianos sempre gostaram
de fazer filmes de horror e ficção científica bagaceiros com personagens
americanos e ambientação na América Central ou do Sul. Em 1988 foi lançado “O
Rato Humano” (Quella villa in fondo al parco / The Rat Man), dirigido por
Giuliano Carnimeo (sob o pseudônimo Anthony Ascot), e com Nelson de la Rosa, de
apenas 72 cm de altura, no papel da criatura assassina híbrida de macaco e
rato.
O roteiro de Dardano
Sacchetti (sob o pseudônimo David Parker Jr.), o mesmo autor de “Demons – Os
Filhos das Trevas” (1985), é extremamente ruim e cheio de furos, falhas e
situações absurdas e convenientes apenas para facilitar o trabalho de direção e
produção. Uma história tão simples e patética que não deve ser considerada, e o
que vale a pena no filme garantindo a diversão hilária são os ataques
sangrentos do rato mutante.
O “cientista louco”
americano Dr. Olman (Pepito Guerra) está trabalhando numa experiência genética
numa vila remota de uma ilha do Caribe, criando um ser híbrido juntando o
instinto do rato com a inteligência do macaco (Nelson de la Rosa), esperando
apresenta-lo para a comunidade científica internacional e ganhar fama e
dinheiro com a descoberta. Porém, a criatura foge da gaiola e começa a atacar
violentamente as pessoas que cruzam seu caminho.
Entre os candidatos acéfalos
para virar comida do rato com feições humanas está uma equipe americana formada
pelo fotógrafo Mark (Werner Pochath), sua assistente Monique (Ana Silvia
Gruyllon) e as modelos Peggy (Luisa Menon) e Marilyn (Eva Grimaldi), além do
escritor de histórias de mistérios Fred Williams (David Warbeck), que foi para
o Caribe pesquisar materiais para seus livros, e Terry (Janet Agren), que veio
dos Estados Unidos procurar sua irmã Marilyn para tentar uma reaproximação.
Enquanto ocorrem mortes
misteriosas na região, com as vítimas apresentando escoriações e ferimentos
bizarros, um incompetente inspetor da polícia local, Lopez (Franklin
Dominguez), tenta descobrir a autoria dos assassinatos.
“O Rato Humano” é uma
daquelas tranqueiras de horror onde se consegue alguma diversão nas cenas com o
monstro pequenino (literalmente), que salta sobre suas vítimas, com grunhidos
estridentes, rasgando suas carnes com os dentes e garras venenosas afiadas. E o
mais bizarro é que a criatura não é obtida artificialmente com algum efeito
tosco, uma fantasia de borracha ou boneco animatrônico, e sim com a atuação de
um ator real de apenas 72 cm de altura, que ganhou também uma maquiagem para
ajudar na concepção da criatura carnívora. Aliás, Nelson de la Rosa (que nasceu
na República Dominicana) também participou do filme “A Ilha do Dr. Moreau”
(1996), ao lado de Marlon Brando e Val Kilmer, e faleceu aos 38 anos em 2006.
Como o entretenimento está
quase que totalmente associado apenas aos momentos em cena do pequeno monstro,
é uma pena que ele aparece pouco, e seus ataques mortais deveriam ser mais
intensos e constantes, uma vez que a história não desperta grande interesse e a
narrativa é arrastada em boa parte do filme.
É curioso notar como era a tecnologia
disponível na época (sem fotos digitais e celulares), e vemos que o escritor
utiliza uma máquina de datilografia, que o fotógrafo precisa revelar suas fotos
e é uma dificuldade imensa encontrar um telefone disponível nos arredores da
vila perdida no Caribe.
O filme também recebeu o
manjado e totalmente sem criatividade título alternativo original “Terror
House”, numa distribuição em DVD alemão, que foi a cópia que vi legendada no
“Youtube”.
(RR
– 09/10/20)