A quantidade de filmes
bagaceiros de horror e ficção científica produzidos principalmente a partir de
meados do século passado é imensa, para o deleite dos apreciadores do cinema
fantástico de baixo orçamento. “O Homem
do Planeta X” (The Man From Planet X) é um filme americano de 1951 dirigido
por Edgar G. Ulmer que deve ser sempre resgatado e reverenciado, não pelas
qualidades cinematográficas reservadas para os clássicos, mas pela nostalgia e garantia
de entretenimento com mais uma história de invasão alienígena.
Com fotografia em preto e
branco, duração curta de apenas 70 minutos (característica comum dos filmes
similares de orçamentos reduzidos daquela distante período), um roteiro
carregado de clichês e situações para favorecer a precariedade da produção,
além de efeitos toscos da nave espacial e do bizarro alienígena humanoide com
cabeça enorme, o filme é uma daquelas divertidas tranqueiras que investiam em
promoção com posters exagerados com frases de efeito para chamar a atenção para
seus elementos fantásticos, que impressionavam as plateias da época.
Na história, o cientista
Professor Elliot (Raymond Bond) está com sua jovem filha Enid (Margaret Field)
numa antiga torre de pedra localizada numa ilha remota da Escócia. A construção,
erguida como proteção de ataques dos vikings, está servindo de observatório
espacial para o cientista, que descobriu a aproximação misteriosa de um planeta
até então desconhecido, identificado agora apenas como “X”. Ele tem o auxílio
do Dr. Mears (William Schallert), um antigo aluno com passado suspeito e
reputação duvidosa. E também recebe a visita de um amigo jornalista americano,
John Lawrence (Robert Clarke), que informado por outro cientista, Dr. Robert
Blane (Gilbert Fallman), sobre a descoberta do planeta ameaçador, decide viajar
até a Escócia para investigar o evento. A ilha, sempre envolta em muita névoa
espessa, seria o local na Terra mais próximo de um possível contato com o
planeta em rota de aproximação.
Certa noite, ao vasculhar os
arredores da torre de observação, eles encontram uma nave espacial pousada
parecida com um sino de mergulho (a única diferença entre o espaço e a água é a
densidade, justifica o Prof. Elliot), e são surpreendidos pelo contato com o
alienígena do título (interpretado por Pat Goldin, não creditado), um humanoide
com cabeça imensa e rosto com feições distorcidas, que usa um capacete
transparente e aparelho respirador acoplado ao corpo, comunicando-se apenas com
ruídos.
Após um contato inicialmente
amistoso, o alienígena procura ajuda para seu planeta que está congelando, mas a
confiança logo é quebrada graças às ações inescrupulosas do ganancioso Dr.
Mears, criando um clima de animosidade com o “homem do planeta X”, que passa a
usar como forma de retaliação um raio que controla a mente das pessoas. Dessa
forma, ele recruta um grupo de escravos agindo como zumbis entre os aldeões de
um vilarejo na ilha. Ao instaurar o medo pelo contato entre raças mal sucedido,
a confusão acaba despertando a reação da polícia e de um pequeno grupo de soldados
do exército que vieram do continente atendendo um pedido de socorro repassado
por um navio que navegava próximo à ilha.
A temática da invasão
alienígena sempre foi um interessante argumento nos filmes produzidos após o
fim da Segunda Guerra Mundial, com seus roteiros influenciados pela paranoia da
recém iniciada guerra fria entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, através
do medo crescente dos americanos de uma invasão comunista em sua sociedade. O
intruso alienígena vindo do misterioso planeta X é considerado uma ameaça, porém
com suas intenções ainda em análise. Mas, após contato com o assistente Dr.
Mears, que pensa nos lucros que poderiam ser obtidos com o uso de uma
tecnologia extraterrestre superior, o confronto é inevitável.
Em “O Homem do Planeta X”
iremos encontrar os clichês dos filmes bagaceiros que exploram a ficção
científica e horror, com personagens estereotipados como o tradicional
cientista que descobre um planeta se aproximando da Terra, sua bela filha que
terá um interesse romântico com um jornalista investigativo, além da presença
de um vilão ganancioso para tumultuar e gerar os conflitos. Tem os elementos
tradicionais indispensáveis como a nave espacial tosca e o monstro bizarro do
espaço sideral, um invasor alienígena com feições humanoides que garante a
diversão em todas as vezes que aparece em cena. Uma vez sendo uma produção de
recursos escassos, as filmagens ocorreram em poucos dias utilizando cenários
reaproveitados, e as soluções do roteiro são todas simplórias com resultados
previsíveis. E justamente a somatória de todos esses fatores garantem a
diversão.
(Juvenatrix – 13/09/20)