Tara Diabólica (The Sadist, EUA, 1963, PB)

 


Um bom exemplo que comprova que um genuíno filme de baixo orçamento pode ter resultados interessantes é o americano “Tara Diabólica” (1963), conhecido pelos títulos “The Sadist” e “Sweet Baby Charlie”, com um elenco reduzido, filmagens em poucos dias, utilizando praticamente uma única locação, roteiro simples (mas com altas doses de tensão), e outras características típicas das produções com poucos recursos.

Disponível no “Youtube” com opção de legendas em português, tanto a direção quanto o roteiro são de James Landis e a fotografia em preto e branco é do húngaro Vilmos Zsigmond em início de carreira, profissional consagrado com créditos em filmes como “Amargo Pesadelo” (1972), “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” (1977) e “O Franco Atirador” (1978).

 

Três professores estão viajando de carro por estradas desertas e quentes para ver um jogo de baseball em Los Angeles, California. São eles, o mais velho Carl Oliver (Don Russell) e os mais jovens Ed Stiles (Richard Alden) e Doris Page (Helen Hovey). Mas, talvez eles nunca cheguem ao destino.

Devido uma falha mecânica no carro, eles são obrigados a parar num posto de gasolina junto com depósito de ferro velho, e acham estranho que o local está deserto, sem ninguém para o atendimento.

Depois de um longo tempo explorando as redondezas, eles são surpreendidos por um jovem casal de namorados criminosos e armados, o sádico Charlie Tibbs (Arch Hall Jr.), justificando o título original, e sua companheira silenciosa e não menos perversa Judy Bradshaw (Marilyn Manning). Eles estão apenas procurando um carro para continuar sua fuga, deixando um rastro de cadáveres por onde passaram, com assassinatos brutais das vítimas que cruzaram seu caminho.

A partir daí se inicia um perturbador processo de tortura psicológica contra os professores, com Ed Stiles ganhando um pouco de tempo e sobrevida por causa de seus conhecimentos de mecânica ao tentar consertar o carro.         

 

Sem criaturas bagaceiras da ficção sobrenatural, em “Tara Diabólica” temos o pior monstro possível da vida real: o ser humano. Representado aqui pelo psicopata Charlie Tibbs, na interpretação convincente de Arch Hall Jr., que não hesita em atirar com seu revólver na cabeça de qualquer inocente ajoelhado implorando por piedade para continuar vivo, mergulhado em desespero e humilhação.

No início o filme até apresenta uma narrativa mais lenta, com os professores em viagem não imaginando o terrível pesadelo que estava por vir, e depois que surge o casal de assassinos o ritmo ganha mais movimentação com um clima progressivo de suspense, violência e tensão psicológica.

Curiosamente, a história foi inspirada no casal real de assassinos adolescentes Charles Starkweather e Caril Ann Fugate, que também serviram de referência para outros filmes posteriores como “Terra de Ninguém” (1973), de Terrence Malick, e “Assassinos por Natureza” (1994), de Oliver Stone. 

Outra curiosidade é que os atores que interpretaram o casal de psicopatas Arch Hall Jr. e Marilyn Manning, também foram jovens amantes anteriormente na tranqueira “Eegah” (1962).

 

(RR – 24/09/24)