A produtora inglesa “Hammer” tem em seu vasto catálogo vários
filmes de vampirismo, muitos deles com a dupla Christopher Lee e Peter Cushing
liderando os elencos. Mas, também tem filmes sem a presença desses astros, como
“O Beijo do Vampiro” (The Kiss of the Vampire, 1963), que traz Clifford
Evans no papel do caçador de vampiros e Noel Willman no papel do líder de uma
seita vampírica. A direção é do australiano Don Sharp, de “Rasputin – O Monge
Louco” (66), e o roteiro é de autoria do produtor Anthony Hinds, utilizando o
pseudônimo John Elder.
A história é ambientada no início do século XX, onde um casal em
lua de mel, Gerald Harcourt (Edward de Souza) e Marianne (Jennifer Daniel),
está viajando de carro por estradas remotas da Alemanha quando a falta de
gasolina os obriga a se hospedar num decadente hotel pouco frequentado. Os
proprietários são um casal de idosos formado por Bruno (Peter Madden) e Anna
(Vera Cook), que dizem que não recebem hóspedes há muito tempo e apenas um dos
quartos está ocupado. O outro hóspede é o Prof. Zimmer (Clifford Evans), um
homem rude e alcoólatra, estudioso de ocultismo e que está na região com
objetivos misteriosos investigando as atividades de uma família que vive num
imenso castelo vizinho.
O sinistro e refinado cientista Dr. Ravna (Noel Willman) é o dono
do imponente mausoléu de pedra, onde vive com um casal de filhos, Carl (Barry
Warren) e Sabena (Jacquie Vallis). Os jovens viajantes são então convidados
para uma festa no castelo e não imaginariam que no local existe um culto
vampírico liderado pelo Dr. Ravna, exilado de sua cidade natal devido uma falha
num de seus experimentos científicos, e que ficou encantado com a beleza de
Marianne, desejando o seu ingresso na sociedade secreta de sugadores de sangue.
Mesmo sem os tradicionais “Drácula” e “Prof. Van Helsing”, “O
Beijo do Vampiro” é mais uma preciosidade da “Hammer” dentro da temática dos
vampiros humanos, seres bestiais que se alimentam do sangue de outros humanos.
A narrativa é lenta, com uma atmosfera gótica e de horror sutil, sem violência
e com pouca exposição de sangue, mas com as tradicionais características do
estilo tão cultuado pelos fãs do estúdio, com um castelo tétrico, um baile com
máscaras sinistras e bizarras de gelar a espinha, aldeões vivendo em constante
medo, lindas vampiras sedutoras e um culto vampírico secreto. Tem até um ataque
de dezenas de morcegos (de borracha e manipulados por barbantes) invocados num
ritual de magia negra pelo Prof. Zimmer, contra os discípulos da seita do Dr.
Ravna, numa similaridade com o ataque dos pássaros no filme de Alfred Hitchcock
lançado no mesmo ano de 1963.Com direito a toques de erotismo de belas mulheres
vampiras sendo sugadas pelos morcegos.
Curiosamente, o filme teve uma versão americana estendida,
produzida para a televisão, com o acréscimo de mais personagens e que recebeu o
título de “Kiss of Evil”. “O Beijo do Vampiro” é o terceiro filme de vampirismo
da “Hammer” em ordem cronológica, sucedendo “O Vampiro da Noite” (58), com a
dupla Lee e Cushing, e “As Noivas do Vampiro” (60), com Cushing sozinho.
(RR – 06/06/15)