O cultuado diretor Bert I.
Gordon (1922 / 2023) é muito lembrado pelos apreciadores do cinema bagaceiro de
horror e ficção científica por seus incontáveis e divertidos filmes de pequenos
orçamentos explorando monstros e criaturas bizarras gigantes, como “A Fúria das
Feras Atômicas” (1976) e “O Império das Formigas” (1977), entre vários outros
mais antigos. Tanto que ele ganhou o apelido de “Mr. B.I.G.”, uma brincadeira
com as iniciais de seu nome e a tradução para “GRANDE” do inglês.
Seu primeiro filme na direção
foi “King Dinosaur” em 1955, mas um ano antes ele estreava na indústria do
cinema como produtor, editor e diretor de fotografia na tranqueira “Serpent Island”, uma aventura com
elementos sutis de horror e fotografia colorida, dirigida e escrita por Tom
Gries (igualmente estreando a carreira), e que está disponível no “Youtube” com
opção de legendas em português.
Ricky André (Mary Munday, que
acabou se casando com o diretor Tom Gries em 1955), é bisneta de um aventureiro
explorador que supostamente escondeu uma fortuna em ouro numa ilha da América
Central, próxima ao Haiti. Ela decide então organizar uma pequena expedição de
caça ao tesouro, recrutando a ajuda de um experiente marinheiro, Peter Mason
(Sonny Tufts). Juntos, eles saem da costa da Califórnia à bordo do barco
“Constelação”, do Capitão Kirk Ellis (Tom Monroe).
Os dois homens logo
desenvolvem problemas de relacionamento, com constantes brigas durante o longo
trajeto pelo mar até chegar ao destino, uma ilha com nativos praticantes de um
culto vodu liderado pela sacerdotisa Ann Christoff (Rosalind Hayes). E para
encontrar o tesouro, eles terão que enfrentar, além das próprias tensões
internas no grupo, também o grandalhão capanga da seita, Jacques (Don Blackman)
e uma enorme jiboia que protege o ouro de intrusos forasteiros.
“Serpent Island” infelizmente
é um daqueles filmes bagaceiros ruins que não conseguem divertir e talvez a
única explicação para que não fique completamente esquecido no limbo, seja por
causa da curiosidade de ser o primeiro trabalho de Bert I. Gordon no cinema.
Ele que conseguiu notoriedade na carreira posterior como diretor de várias
bagaceiras com criaturas de dimensões colossais. Exceto por esse detalhe, o
filme provavelmente ficaria perdido no meio de uma infinidade de outros irrelevantes
que igualmente não acrescentaram nada para o cinema fantástico bagaceiro.
Para a sorte do espectador que
está disposto a conhecer também as porcarias que não divertem, “Serpent Island”
tem apenas 62 minutos de duração. A história é banal, uma aventura rasa de caça
ao tesouro numa ilha isolada na região do Caribe, e com propaganda enganosa dos
realizadores com alguns supostos elementos de horror através do ataque de uma
cobra nos momentos finais. O réptil seria uma espécie de guardião de uma
estátua de ouro, para tentar justificar o título original do filme. Aliás, um
dos cartazes de divulgação é tão exagerado em enfatizar a ideia inexistente de
horror representado pela tal serpente que acaba tornando-se patético.
Indicado apenas para quem tem
interesse em conhecer o primeiro trabalho de Bert I. Gordon no cinema, mesmo
que não seja do mesmo estilo que ele desenvolveu depois numa infinidade de
filmes divertidos.
RR –
20/02/24)