“Sou
imaterial e indestrutível. Gor, um dos maiores intelectos do reino da
inteligência, te honra em utilizar seu corpo. Eu, Gor, em seu estúpido corpo,
possuo o poder da vida e da morte sobre sua civilização. Através de mim, você obterá
um poder desconhecido nunca visto antes em toda a história de seu planeta. O
poder do intelecto puro.”
– alienígena Gor, para o cientista Steve
March
Após o
fim da Segunda Guerra Mundial foi lançada uma infinidade de filmes bagaceiros
de horror e ficção científica explorando a tensão da recém-criada guerra fria
entre os mais poderosos do nosso planeta, Estados Unidos e União Soviética. A
paranoia da era atômica, com crescentes testes com bombas nucleares e
experiências sobre o poder da radioatividade como arma de destruição em massa
impulsionou a produção de filmes divertidos de invasão alienígena hostil como a
tranqueira com título sonoro e chamativo “O
Cérebro do Planeta Arous” (The Brain From Planet Arous, EUA, 1957), dirigido
por Nathan Hertz (pseudônimo de Nathan Juran) e com John Agar à frente do
elenco.
O cientista nuclear Steve March (John
Agar) e seu assistente Dan Murphy (Robert Fuller), estão trabalhando com
experiências envolvendo a energia atômica. Eles decidem ir até uma região montanhosa
numa época de calor intenso conhecida como Mount Mystery, no Estado americano
de Washington, para investigar um sinal estranho de atividade radioativa.
Chegando ao local, encontram uma caverna recém-aberta e em seu interior se
deparam com uma criatura alienígena parecida com um cérebro gigante, chamada
Gor (voz de Dale Tate), vinda do planeta Arous. O ser de outro mundo, tirano,
arrogante e hostil, se apossa do corpo do cientista Steve para obter acesso e
informações importantes para colocar em prática um plano de invasão e domínio,
primeiramente da Terra e depois do Universo.
Ao retornar para casa, sob o controle da
criatura alienígena, o cientista desperta a desconfiança de sua noiva Sally
Fallon (Joyce Meadows) e do pai dela, John Fallon (Thomas Browne Henry), com
atitudes hostis, conversas misteriosas sobre armas poderosas e ideias de
enriquecimento e conquista, além de apresentar fortes dores na cabeça. Em
paralelo, surge outro alienígena de cérebro imenso, Vol (também voz de Dale
Tate), que se apresenta como pacífico e com a intenção de ajudar, informando
que Gor é um criminoso de seu planeta e que deve ser impedido. Eles então unem
esforços na tentativa de deter a tirania de Gor utilizando a favor talvez a
única vulnerabilidade do alienígena, atacando uma fissura central no cérebro.
Impedindo seu plano de dominação com o uso do poder mental através dos olhos
deformados, como arma de destruição superior às bombas atômicas.
O
filme é uma daquelas produções paupérrimas com efeitos práticos fuleiros. O
cérebro gigante alienígena parece um balão tosco com olhos, pendurado por fios
que não conseguem ser invisíveis, num resultado extremamente divertido
justamente pela precariedade. O roteiro é raso, simples e distante de lógica,
cheio daqueles clichês e situações previsíveis que garantem o entretenimento. O
momento, por exemplo, em que Sally e seu pai encontram o cérebro “bonzinho”
Vol, e não demonstram nenhuma reação de espanto ou incredulidade ao se
depararem com uma criatura bizarra que parece um enorme balão inflável falante,
demonstra que os realizadores não estavam muito interessados em estabelecer
alguma credibilidade à história.
Curiosamente,
é um dos primeiros trabalhos de Robert Fuller, que seria um rosto reconhecido
principalmente pela série de western “Laramie” (1959 / 1963). O diretor Nathan
Juran tem várias tranqueiras divertidas em seu currículo como “O Castelo do
Pavor” (1952), “Fúria de Uma Região Perdida” (1957), “A Vinte Milhões de Léguas
da Terra” (1957), “A Mulher de 15 Metros” (1958) e “Os Primeiros Homens na Lua”
(1964), entre outros. E o ator John Agar esteve em várias preciosidades do
cinema bagaceiro de horror e FC como “A Revanche do Monstro” (1955), “Tarântula”
(1955), “O Templo do Pavor” (1956), “Invasores Invisíveis” (1959), “O Monstro
do Planeta Perdido” (1962) e “O Monstro de Vênus” (1967), entre outras pérolas.
Os
trabalhos de maquiagem são de Jack P. Pierce, o mesmo responsável por muitos
filmes da produtora “Universal” e monstros sagrados do horror como “Drácula”, “A
Criatura de Frankenstein”, “A Múmia”, “O Lobisomem” e “O Fantasma da Ópera”.
O
cultuado “O Cérebro do Planeta Arous”, assim como uma infinidade de outros
similares do cinema fantástico bagaceiro do passado, está disponível no “Youtube” em
versão original em preto e branco e também colorizada por computador, com a
opção de legendas em português, e imagens com ótima qualidade.
“... Amanhã haverá
um novo mundo. Vocês têm mentes pequenas. Você é incapaz de compreender a
importância dos eventos de hoje. Você está prestes a ter sucesso onde César,
Napoleão e Hitler falharam. Através de mim, você terá governado o mundo. Mas eu
vou governar o universo.”
(RR
– 12/06/23)