"Professor, eu observei o seu encontro com a parede eletrônica.
Hoje é você que aprendeu sobre o poder de Marte. Amanhã será o mundo
inteiro!”
– marciana Nyah para o cientista Prof. Arnold Hennessey
A equação “disco voador fuleiro” + “robô
alienígena tosco” só poderia ter como resultado mais uma divertida tranqueira
de ficção científica e horror produzida na nostálgica década de 1950 do século
passado, período fértil do cinema fantástico bagaceiro, com uma infinidade de filmes
de orçamentos pequenos, roteiros carregados de clichês sem compromisso com
lógica e exagerados em fantasia, além de efeitos práticos paupérrimos e
divertidos. “A Garota Diabólica de Marte”
(Devil Girl From Mars) é um filme inglês curto (só 77 minutos), dirigido por
David MacDonald e produzido pelos irmãos Danziger (Edward J. e Harry Lee) com
fotografia original em preto e branco.
O astrofísico Prof. Arnold Hennessey
(Joseph Tomelty) e o jornalista Michael Carter (Hugh McDemott), partem de
Londres para um vilarejo no interior da Escócia para investigar um suposto
meteoro que passou pelo lugar. Em pleno inverno, eles chegam numa pousada de
propriedade do casal de idosos Sr. Jamieson (John Laurie) e esposa (Sophie
Stewart), que vivem com seu sobrinho pequeno Tommy (Anthony Richmond) e o
ajudante geral David (James Edmond). Chegando lá, eles encontram apenas uma
única hóspede, Ellen Prestwick (Hazel Court) e a garçonete Doris (Adrienne
Corri). Em paralelo, surge também o presidiário fugitivo Robert Justin (Peter
Reynolds), que está usando um nome falso, Albert Simpson, que é namorado de
Doris e alega inocência.
Uma vez formado esse grupo de pessoas na
pousada, ocorre um evento inesperado com uma nave espacial pousando nas
proximidades, tripulada por uma bela mulher vestindo roupas de couro preto,
Nyah (Patricia Laffan), que se identifica como vinda de Marte à procura de
homens fortes na Terra para ajudar no repovoamento de seu planeta devastado por
uma guerra. Com ar de arrogância e superioridade, e utilizando tecnologia muito
mais avançada, ela informa que seu destino seria uma cidade mais populosa como Londres,
mas erros de cálculos somados a um acidente na entrada em nossa atmosfera
obrigou o pouso forçado da nave para o conserto das avarias.
Contando com a ajuda de um enorme robô
assassino, Chani (nome bem estranho), responsável por mortes e destruição com
uma arma de raios desintegradores, a marciana Nyah decide permitir que alguém
do grupo do hotel possa acompanhá-la em sua missão, não imaginando que eles
possuem um plano de sabotagem do disco voador.
“A Garota Diabólica de Marte” é mais um
filme da época da guerra fria abordando o tema de invasão alienígena hostil. Já
vale conferir essa pérola do cinema antigo bagaceiro de FC & Horror, só
pela história patética e exagerada no escapismo e pelas várias cenas com a nave
alienígena parecendo uma luminária circular, tanto nos momentos de voo quanto
parado em solo, além dos cenários de seu interior, o robô hilário de tão tosco
e a líder marciana autoritária.
O robô Chani, que mais parece uma lata de
sardinha gigante, até que possui algumas similaridades com Gort, na questão dos
raios mortais de desintegração. De aparência humanoide, Gort é um dos mais memoráveis
robôs do cinema, presente no clássico “O Dia Em Que a Terra Parou” (1951).
Parte da ideia básica da história também pode
ser vista na tranqueira americana “Frankenstein Contra o Monstro Espacial”
(1965), onde uma líder alienígena sarcástica também vem para a Terra, só que à
procura de mulheres para auxiliar no repovoamento de seu planeta.
Para a satisfação de quem se diverte vendo
essas preciosidades, “Devil Girl From Mars” está disponível no “Youtube” com
opção de legendas em português e também numa versão colorizada. E para os
colecionadores de mídia física, foi também lançado em DVD no Brasil com o
título “Mulher Diabólica de Marte”, pela “Obras-Primas do Cinema”, na Coleção
“Invasão Sci-fi: Extraterrestres”, acompanhado de outros três filmes: “Plano 9
do Espaço Sideral” (1959), “Ele! O Terror Que Vem do Espaço” (1958) e “O Homem
do Planeta X” (1951).
(RR
– 17/05/23)