“Os vampiros só
existem nas lendas.” – Dr. Kersh.
No currículo da produtora
inglesa “Hammer” existem muitos filmes explorando o tema do vampirismo,
incluindo uma longa série com Drácula e a dupla Christopher Lee e Peter Cushing.
Mas, o famoso estúdio, muito conhecido por suas histórias com ambientação
gótica, também lançou outros filmes de vampiros sem esses atores ícones da
história do cinema de Horror e sem o famoso personagem criado pelo escritor
Bram Stoker. Um deles é “O Circo dos
Vampiros” (The Vampire Circus, 1972), também conhecido como “O Vampiro e a
Cigana”, dirigido por Robert Young em sua estreia como cineasta.
O vampiro Conde Mitterhaus
(Robert Tayman) está aterrorizando um vilarejo sérvio no interior da Europa chamado
Schtetell, no início do século XIX. Os aldeões supersticiosos e revoltados com
o sumiço de suas crianças, decidem atacá-lo invadindo seu castelo e cravando
uma estaca de madeira no peito. Mas, antes de morrer, o vampiro jura vingança
contra seus algozes e pede para sua amante Ann Mueller (Domini Blythe), que é a
esposa de um dos moradores, o Prof. Albert Mueller (Laurence Payne), para
encontrar seu primo Emil (Anthony Corlan), que ajudaria a ressuscitar através
do sangue de crianças, filhos de seus agressores.
Quinze anos depois, o vilarejo
está tomado por uma doença contagiosa e enquanto o Dr. Kersh (Richard Owens)
tenta encontrar uma cura com remédios, os demais aldeões, entre eles o
burgomestre (Thorley Walters), Albert Hauser (Robin Hunter) e Schilt (John
Bown), acreditam numa maldição sobrenatural.
Em paralelo, um circo bizarro
itinerante chega ao vilarejo, comandado por uma misteriosa cigana (Adrienne
Corri). Ela conta com um grupo de pessoas estranhas, om anão palhaço sinistro
Michael (Skip Martin), um homem forte que não fala nada (interpretado por David
Prowse, que ficou mais conhecido por vestir a armadura do vilão “Darth Vader”
da primeira trilogia de “Star Wars”), um casal de gêmeos acrobatas, Helga
(Lalla Ward) e Heinrich (Robin Sachs), e o enigmático Emil, que se transforma
em pantera negra.
Enquanto o “Circo das Noites”
está supostamente entretendo os moradores do vilarejo com suas atrações
exóticas como os acrobatas que se transformam em morcegos e a misteriosa sala
dos espelhos, pessoas e crianças estão desaparecendo, com mortes violentas na
região. O jovem Anton Kersh (John Moulder-Brown), filho do médico da vila,
tenta impedir o triunfo do “circo dos vampiros”, e defender sua namorada Dora
Mueller (Lynne Frederick), filha do professor e alvo na conspiração para
reviver o Conde Mitterhaus.
Mesmo sem a presença da dupla
Lee & Cushing, e numa época de decadência da “Hammer” a partir do início da
década de 1970, “O Circo dos Vampiros” ainda mantém o interesse através dos
elementos característicos das produções góticas do estúdio, como um castelo
macabro e um vilarejo assustado com lendas de vampiros. Geralmente sendo
considerado subestimado e pouco lembrado quando em comparação com os filmes da
série com Drácula, sua história é bem ousada acrescentando uma dose elevada de
mortes sangrentas (principalmente para a época), crianças assassinadas, e
explorando a sensualidade de belas mulheres, com destaque para a dança erótica
de uma mulher-tigresa (Serena).
“O Circo dos Vampiros” foi lançado em
DVD no Brasil pela “Works / Dark Side / London”, sem material extra, encartado
na revista “Dark Side DVD” ano 2 número 10 (Julho de 2005). A revista, com
distribuição nas bancas, tem vários interessantes textos sobre o filme em
questão, além de “Monstros” (Freaks, 1932), uma filmografia comentada dos
filmes de vampiros da “Hammer”, e o perfil da atriz Adrienne Corri (que
interpretou a cigana).
Anteriormente, na época das fitas de
vídeo VHS, o filme foi lançado pela “FJ Lucas” com o título “O Vampiro e a
Cigana”.
(RR
– 18/10/21)