O Castelo Maldito / Herança Maldita (Castle Freak, EUA / Itália, 1995)

 


O cineasta Stuart Gordon (1947 / 2020) tem seu nome registrado na história do cinema de horror pela notável carreira dentro do gênero, e principalmente por uma série de filmes cultuados inspirados em histórias de H. P. Lovecraft, como “Re-Animator: A Hora dos Mortos-Vivos” (1985), “Do Além” (1986) e “Dagon” (2001), além de um divertido filme de 1995 que é conhecido aqui pelos títulos nacionais “Herança Maldita” e “O Castelo Maldito” (Castle Freak).

A produção é da “Full Moon”, empresa de Charles Band especializada em filmes de horror (nos mesmos moldes do estúdio anterior do produtor, que se chamava “Empire”). Com um roteiro utilizando uma pequena referência do conto “O Intruso” (The Outsider), de Lovecraft, “O Castelo Maldito” tem um elenco liderado por Jeffrey Combs e a musa Barbara Crampton, que já estiveram juntos em outros filmes da mesma equipe.


Na história, o americano John Reilly (Jeffrey Combs) recebe a notícia que herdou um castelo do século XII no norte da Itália, após a morte da amargurada Duquesa D´Orsino (Helen Stirling). Ele decide levar a família para conhecer o castelo, sua bela esposa Susan (Barbara Crampton) e a filha adolescente cega Rebecca (Jessica Dollarhide), com o objetivo de inventariar o imóvel e seus bens para uma possível venda. 

Os americanos são recepcionados pelo advogado italiano Giannetti (Massimo Sarchielli), responsável pelas questões legais envolvendo o castelo, e por sua irmã Agnese (Elisabeth Kaza), que é a cozinheira e arrumadeira na nova e imensa moradia. Mas, o casal Reilly está enfrentando uma complicada crise conjugal depois da morte trágica do filho pequeno num acidente de carro que também deixou a filha cega.

Porém, eles não imaginavam que ao herdarem o imponente castelo, teriam que enfrentar um morador indesejável, Giorgio (Jonathan Fuller), a aberração do título original do filme. A criatura monstruosa foi um prisioneiro deformado física e mentalmente, que ficou acorrentado por dezenas de anos numa masmorra sombria nos porões do castelo. Uma vez conseguindo escapar do cárcere, ele persegue os novos moradores, espalhando o horror sangrento com a ocorrência de mortes violentas, despertando a atenção da polícia do vilarejo local, sob a investigação do Inspetor Forte (Luca Zingaretti).    


Em “O Castelo Maldito” a diversão torna-se garantida quando temos uma equipe formada pelo produtor Charles Band, o diretor e roteirista Stuart Gordon e os atores Jeffrey Combs e Barbara Crampton, todos com proximidades com o cinema de horror. Deixando de lado o humor negro dos filmes anteriores, dessa vez aqui a atmosfera é mais sombria e depressiva, a história é trágica e pessimista, com os personagens sofrendo e enfrentando crises pessoais, além principalmente do vilão assassino ser na verdade uma vítima torturada e incompreendida, que foi mantido prisioneiro por anos em busca de liberdade e eventual vingança. Não faltam cenas com mortes sangrentas e perseguições insanas nos corredores sinistros de um castelo assombrado pela dor e agonia.

Sem o uso artificial dos efeitos gráficos de computador, o assassino é um homem disforme e atormentado, com o ator Jonathan Fuller coberto de próteses e maquiagens aplicados em sessões de longas seis horas, porém tendo como resultado final um trabalho excepcional na transformação em uma criatura humana grotesca.     


O filme foi lançado no Brasil primeiramente em VHS pela “VTI” como “Herança Maldita” e depois em DVD pelo selo “Works / Dark Side / London” com o nome “O Castelo Maldito”, numa versão sem cortes e trazendo alguns materiais extras como sinopse, trailer, biografias do diretor Stuart Gordon e do ator Jeffrey Combs, além de um curto, mas interessante documentário com informações de bastidores e depoimentos de Combs, Barbara Crampton, Jonathan Fuller e Jessica Dollarhide.

Também foi lançado em DVD pela “Versátil” como "Herança Maldita", na coleção “Lovecraft no Cinema Volume 3”, junto com “Dagon” (2001), “A Maldição do Altar Escarlate” (1968) e “O Altar do Diabo” (1970).

Em 2020 teve uma refilmagem dirigida por Tate Steinsiek e com Charles Band e Barbara Crampton na equipe de produção, recebendo o título “Herança Maldita”.


(RR – 05/10/21)