Filmes abordados:
Ataque Alienígena (Alien Attack, Inglaterra, 1976)
La Maldición de la Bestia (Night of the Howling
Beast, Espanha, 1975)
Maldição de Zachary, A (Slime
City, EUA, 1988)
Possessão (Witchboard III – The Possession, EUA / Canadá,
1995)
Terror Mortal (Deadly Strangers, Inglaterra, 1975)
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* Ataque
Alienígena (1976)
Telefilme formado
pela compilação de 2 episódios da série de TV “Espaço 1999”
“Espaço 1999” (1975 / 1977) é uma série de
TV de ficção científica com produção inglesa de Gerry e Sylvia Anderson, e que
teve duas temporadas com 48 episódios de 50 minutos. Alguns episódios foram
compilados e transformados em telefilmes de longa metragem nos anos seguintes.
Um desses filmes para a televisão é “Ataque Alienígena” (Alien Attack, 1976),
dirigido por Charles Crichton, Lee H.
Katzin e Bill Lenny, numa reunião dos episódios número 1 “Breakaway” e número 4
“War Games”.
“Desde o início dos tempos quando o Homem olhou para o
Universo, nossa galáxia foi dominada pela Lua, o grande satélite natural da
Terra. Essa obsessão levou às explorações em meados do século XX, culminando na
base lunar de hoje. Um instrumento complexo e adiantado, auto-suficiente em
todos os aspectos. O centro de comando, Base Lunar Alfa, é uma estação bem
colonizada, monitorada regularmente e funcionando bem. Sua existência foi possível
pela alimentação com lixo nuclear da Terra. Desta base as fronteiras podem se
estender e a busca por outras formas de vida tornou-se possível. Recebemos
agora sinais do planeta Meta, que podem ser seres inteligentes. A missão:
sondagem com homens. A nave está pronta, a tripulação completa o seu
treinamento. O ano: 2100.”
Com essa introdução narrada, tem início “Ataque
Alienígena”, com a curiosidade de alterar o ano de 1999 (da série de TV) para
2100, numa tentativa dos produtores em dar mais credibilidade para os avanços
tecnológicos. Na Terra, o Comissário Gerald Simmonds (Roy Dotrice), nomeia o
Comandante John Koenig (Martin Landau, 1928 / 2017) para chefiar uma base
científica na Lua com 300 homens e mulheres, e tentar descobrir a causa
misteriosa da morte de vários astronautas, com danos cerebrais graves sem
recuperação, causando surtos seguidos de morte, podendo ter alguma relação com
o lixo tóxico vindo da Terra e armazenado na Lua. Seu objetivo também é liderar
uma equipe de sondagem do planeta Meta. Para ajudá-lo, ele conta com o apoio da
responsável pela equipe médica, a Dra. Helena Russell (Barbara Bain), e também
o cientista Prof. Victor Bergman (Barry Morse).
Porém, ocorre uma explosão nuclear de grandes
proporções com os resíduos tóxicos estocados no lado oculto do satélite,
tirando-o da órbita da Terra rumando para o espaço infinito, carregando a base
Alfa e impossibilitando alguma ação de resgate, sendo considerada perdida. Uma
vez viajando sem destino, eles entram em contato com um planeta misterioso e um
confronto bélico é inevitável. De um lado, os humanos procurando um novo lar, e
do outro, os alienígenas bem mais avançados, representados por um humanoide
macho (Anthony Valentine) e uma fêmea (Isla Blair), que não querem ser
importunados pelos intrusos da Terra.
A primeira parte de “Ataque Alienígena” é mais
arrastada, com o foco na investigação do Comandante Koenig sobre o mistério da
radiação magnética que está levando os astronautas da base lunar à loucura e
depois morte, até a ocorrência da explosão que lançou a Lua sem rumo no espaço.
Depois, na segunda metade, com as ações de batalha espacial entre os humanos e
os alienígenas o ritmo narrativo ganhou intensidade com tiroteios, explosões de
bombas, naves destruídas e incêndios nas instalações de ambos os lados da
guerra.
Os efeitos especiais são datados dos anos 1970 e
considerados ótimos para os padrões da época, com naves espaciais e instalações
da base lunar em miniaturas, além de cenários e figurinos futuristas, tudo sem
o apoio da computação gráfica que auxilia na concepção dos efeitos do cinema
moderno do século XXI.
Curiosamente, “Ataque Alienígena” foi distribuído no
Brasil em vídeo VHS pela “Office” e outros filmes de longa metragem também
foram lançados com compilações de episódios da série “Espaço 1999”, como
“Journey Through the Black Sun” (1976), “Destination Moonbase-Alpha” (1978) e
“A Princesa Cósmica” (1982).
(RR – 30/09/17)
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* La
Maldición de La Bestia (1975)
Oitavo filme de
Paul Naschy como o lobisomen Waldemar Daninsky mistura diversos clichês do
gênero
Dono de uma carreira voltada para o
divertido cinema fantástico bagaceiro, o multifuncional espanhol Paul Naschy
(1934 / 2009) é um dos cultuados nomes do gênero e criador do lobisomem
Waldemar Daninsky, atuando como esse personagem em 13 filmes entre 1968 e 2004.
O oitavo da série recebeu vários nomes diferentes, desde o original espanhol
“La Maldición de la Bestia” até alguns títulos ingleses como o estranho “The
Werewolf vs. the Yeti” e o sonoro “Night of the Howling Beast”. Dirigido por
Miguel Iglesias (creditado como M. I. Bonns) em 1975, o roteiro também é de
Paul Naschy (creditado como Jacinto Molina), numa mistura com vários clichês do
gênero, abordando licantropia, vampirismo, canibalismo e até o folclórico
“Yeti”, mais conhecido na cultura pop como o “abominável homem das neves”.
O aventureiro Waldemar Daninsky (Paul
Naschy) se encontra com o Prof. Lacombe (Josep Castillo Escalona) e sua bela
filha Sylvia (Mercedes Molina, creditada como Grace Mills), para formar uma
expedição científica nas montanhas do Himalaia, Tibet, para tentar localizar o
lendário homem das neves, também conhecido como “Yeti”. Faz parte também do
grupo, entre outros, o jovem Larry Talbot (Gil Vidal). Daninsky encontra uma
misteriosa caverna nas montanhas geladas, com um antigo santuário budista em
seu interior, protegida por duas belas guardiãs que se revelam vampiras
demoníacas e canibais.
Elas aprisionam Daninsky como escravo
sexual e através de uma mordida ele é transformado em lobisomem nas noites de
lua cheia. Após conseguir escapar do cativeiro, ele ainda tem que enfrentar um
tirano sádico, Sekkar Khan (Luis Induni), que lidera um grupo de bandidos
violentos, juntamente com a perversa feiticeira Wandesa (Silvia Solar), e que
seqüestraram os membros da expedição científica do Prof. Lacombe. Seu objetivo
agora é lutar para salvar a bela Sylvia das garras do vilão, mas seus problemas
se intensificam ainda mais ao cruzar o caminho do “Yeti” e confrontá-lo numa
luta mortal.
Os efeitos de trucagem na transformação de
Daninsky em lobisomem são muito interessantes, e a maquiagem tosca tanto do
lobisomem quanto do “Yeti” são bem divertidas, analisando dentro do contexto do
cinema bagaceiro de horror. O filme tem muitas mortes sangrentas, apesar de
pouco gráficas. E um destaque certamente é uma cena de tortura de uma mulher
que tem parte da pele das costas arrancada brutalmente para servir de tentativa
de alívio num tratamento alternativo das terríveis dores causadas por feridas
nas costas do vilão Sekkar Khan.
Curiosamente, o nome do personagem Larry
Talbot é o mesmo do filme “O Lobisomem” (The Wolfman, 1941), da produtora
americana “Universal”, com Lon Chaney Jr. interpretando o papel do homem que se
transformaria em lobisomem.
A opção de enfatizarem a criatura mítica
“Yeti” em títulos alternativos do filme parece nitidamente oportunista para
chamar a atenção do público, pois o homem das neves aparece pouco, apenas
rapidamente no início do filme, e depois no desfecho, na luta com o lobisomem.
Uma das taglines promocionais, que numa
tradução literal seria algo como “duas feras sanguinárias num combate mortal” é
bem sensacionalista, uma vez que o tal confronto só acontece no final e de uma
forma que pode ser considerada discreta e decepcionante. “La Maldición de La Bestia” é basicamente um filme
tosco de lobisomem com quase nada de “Yeti”.
É evidente a boa tentativa de horror dos
realizadores, mas mesmo com resultados apenas medianos, o filme ainda fez parte
da lista de produções banidas na Inglaterra (os chamados “vídeos nasty”) na
década de 1980, pelo conteúdo de violência.
(RR – 06/10/17)
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* A Maldição
de Zachary (1988)
Sangue, tripas e
gosmas do cinema bagaceiro de horror dos anos 80
Lançado em vídeo VHS no Brasil pela “Lamy
Filmes”, “A Maldição de Zachary” (Slime City, 1988), com direção e roteiro de
Gregory Lamberson, é o típico filme bagaceiro de horror dos anos 80,
nitidamente datado, com as trilhas sonoras da época e efeitos especiais sem as
facilidades da computação gráfica, com várias cenas de mortes sangrentas,
tripas expostas e gosmas coloridas para todos os lados.
Na história, Alex Carmichel (Craig Sabin)
é um estudante e aspirante a pintor que se muda para um apartamento na
tentativa de ficar ainda mais próximo da namorada e colega de escola Lori (Mary
Huner). No mesmo prédio moram outros jovens estranhos como Roman (Dennis Embry)
e a bela Nicole (também Mary Huner), além das idosas Ruby (Bunny Levine), que
convenceu Alex a alugar o apartamento, e Lizzy (Jane Doniger Reibel), a
proprietária do prédio. Roman logo oferece ao novo inquilino um misterioso
caldo gosmento para se comer como iogurte, e a bela Nicole, que está sempre
pouco vestida com roupas de couro, logo utiliza seu charme e sensualidade para
seduzir Alex.
A
Sra. Lizzy é filha de Zachary Devon, um antigo feiticeiro conhecedor de
alquimia e ocultismo, que liderava uma seita satânica onde todos os seguidores
se suicidaram e tentavam retornar do mundo dos mortos se apossando do corpo dos
jovens que moravam no prédio. O bruxo deixou como legado um misterioso líquido
verde, armazenado em garrafas no porão, mantido por Lizzy e oferecido como um
elixir para Alex beber. O rapaz então se transforma numa criatura deformada e
gosmenta, ávida por matar, derretendo um líquido viscoso de seu corpo. E com o
desaparecimento de suas vítimas, entre mendigos, prostitutas e até os próprios
amigos como Jerry (T. J. Merrick), ele acaba despertando a atenção da polícia incompetente,
através da investigação do detetive Irish (Dick Biel), incapaz de descobrir
qualquer coisa e impedir as ações do assassino.
Se por um lado o filme tem a tradicional
história clichê do homem transformado em monstro assassino, com atuações inexpressivas
do elenco, podemos enaltecer os efeitos especiais, mesmo numa produção de baixo
orçamento. Eles são muito divertidos, principalmente nas cenas violentas no
desfecho do filme, com banhos de sangue, tripas dilaceradas e cérebro
rastejante sem CGI. Temos até cabeça separada do corpo e membros decepados que
continuam vivos e ansiosos para sangrar a mocinha.
Curiosamente, percebemos influências de
outros filmes divertidos do horror bagaceiro como “O Incrível Homem Que
Derreteu” (1977), “A Coisa” (1985) e “Street Trash” (1987), entre outros. Teve
uma continuação em 2010, “Slime City Massacre”, também do diretor e roteirista
Gregory Lamberson e com o mesmo ator Craig Sabin.
(RR – 13/10/17)
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* Possessão
(1995)
Terceiro filme
da franquia “Witchboard” é apenas mais do mesmo, ruim e dispensável
“No primeiro contato que tive com o
tabuleiro Ouija, conhecido nos tempos antigos como a tábua da bruxa, julguei
que fosse só um brinquedo, um desses jogos que fingia invocar os espíritos dos
mortos. Eu estava mortalmente errado. A tábua Ouija é um portal para o outro
mundo, que chama tanto bons como maus espíritos. Foi azar chamar o espírito de
Nagor e seu culto de fertilidade. Meu nome é Francis Redmond e estou atualmente
morto.”
Essa é a introdução de “Possessão”
(Witchboard III – The Possession, 1995), lançado no Brasil em vídeo VHS pela
“Canyon International”, sendo o terceiro filme de uma franquia que ainda conta
com “Espírito Assassino” (Witchboard, 1986), lançado em VHS por aqui pela
“Look”, e “Entrada Para o Inferno” (Witchboard 2: The Devil´s Doorway, 1993),
em VHS pela “Mundial”. Como cada filme foi lançado por uma distribuidora
diferente, termos uma imensa confusão de títulos nacionais, dificultando ainda
mais o árduo trabalho de pesquisa e catalogação dos colecionadores.
Dirigido por Peter Svatek e com Kevin S.
Tenney como um dos roteiristas (ele foi o diretor dos dois primeiros filmes da
série), a história clichê é sobre a manjada tábua Ouija, já explorada à
exaustão no cinema, um artefato mágico que permite a comunicação com os mortos.
A bela Julie (Locky Lambert) é casada com
Brian (David Nerman), um corretor de ações que está desempregado e com
dificuldades para encontrar uma recolocação no mercado. Eles moram de aluguel
num apartamento cujo prédio é de propriedade do misterioso Francis Redmond
(Cedric Smith), um senhor idoso solitário que coleciona objetos antigos de
bruxaria e ocultismo, incluindo um tabuleiro Ouija. Ele logo convida Brian para
participar de uma sessão com a “tábua da bruxa” (“Witchboard”, do título
original da franquia), mostrando como incentivo o fato de ter enriquecido no
mercado de ações com informações privilegiadas obtidas através de um espírito.
Porém, o contato com os mortos trouxe
graves conseqüências para a vida de Brian, relacionadas com o nome do filme,
trazendo para o nosso mundo o espírito de um demônio à procura de uma mulher
fértil que pudesse gerar seu filho. A esposa Julie percebe as mudanças
estranhas no comportamento de Brian, que inclui brincadeiras desagradáveis com
uma amiga dela, a igualmente bela Lisa (Donna Sarrasin), e tenta descobrir a
verdade para salvar o espírito atormentado do marido, preso em outra dimensão.
“Possessão” é apenas mais um filme comum e
arrastado utilizando o tema da tábua Ouija, e que com a simples menção de seu
nome já se imagina o roteiro clichê. Um espírito maligno é invocado, se apossa
do corpo de um homem, e temos um demônio na Terra para colocar em prática seu
plano de reprodução. Nada mais óbvio e desgastante. O filme é datado dos anos
90, com efeitos especiais toscos e típicos dos filmes bagaceiros daquele
período. Talvez o espectador até consiga obter alguma diversão rápida, não com
a história patética, mas nos momentos de aparição do demônio em sua forma real.
No mais, trata-se apenas de outro filme que nasceu para se perder no
limbo.
(RR – 22/10/17)
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* Terror
Mortal (1975)
Nem todos os
pesadelos acontecem enquanto você dorme
“Terror Mortal” (manjado título nacional
escolhido para o original “Deadly Strangers”) é um thriller inglês de 1975 que
era exibido na televisão nas madrugadas da TV Globo, na sessão “Corujão”.
Dirigido por Sidney Hayers, a história mostra a fuga
de um paciente de um hospital psiquiátrico numa cidade no interior da
Inglaterra, aproveitando uma oportunidade de distração no atendimento de uma
enfermeira. A polícia então logo inicia o processo de procura do fugitivo louco
e informa a ocorrência na região, alertando para a ameaça de segurança e o
perigo mortal que representa o paciente do hospício solto nas ruas.
Enquanto isso, uma bela jovem, Belle Adams (Harley
Mills), está numa lanchonete de estrada tentando conseguir carona para pegar um
trem numa estação ferroviária próxima. Depois de um incidente desagradável com
o motorista do caminhão que decidiu levá-la inicialmente, ela aceita depois o
convite de carona no carro de Stephen Slade (Simon Ward), um misterioso
vendedor que passa a maior parte do tempo viajando, e que exagera no consumo de
bebida alcoólica e demonstra um comportamento estranho de “voyeur”. E as coisas
se complicam bastante após um confronto indesejado com dois motoqueiros
arruaceiros na estrada e a presença de um psicopata assassino nas redondezas.
“Terror Mortal” é uma produção de baixo orçamento
nitidamente datada dos anos 70 do século passado, um thriller com elementos de
“road movie” que apesar dos inevitáveis clichês até consegue manter uma
relativa atenção nas ações do casal recém formado, as constantes fugas pelas
estradas do campos ingleses, a ameaça do fugitivo do asilo de loucos e a dúvida
de sua identidade, a tradicional
incompetência da polícia, que nunca consegue impedir os assassinatos e sempre
está atrasada nas investigações, além de uma interessante reviravolta no
desfecho. O filme tem uma história simples, mas eficiente, sem barulheira,
tiroteios e ação desenfreada que mais cansam do que instigam. Ao contrário, o
roteiro aposta em suspense sutil e insinuações que presenteiam o espectador com
uma diversão rápida e a nostalgia da década de 1970.
Tanto Hayley Mills quanto Simon Ward eram atores
bastante conceituados na época e suas performances são convincentes e de grande
valor para o filme, cuja história simples poderia transformá-lo apenas em outro
exemplo descartável do estilo. E curiosamente, o veterano ator americano
Sterling Hayden (1916 / 1986) teve uma participação pequena como um excêntrico
galanteador que também oferece carona para a mocinha.
(RR – 20/10/17)