Filmes abordados:
Carnossauro (Carnosaur, EUA, 1993) + Carnossauro 2 (Carnosaur 2, EUA, 1995) + Criaturas do Terror (Carnosaur 3: Primal Species, EUA, 1996)
Doce
Aroma da Morte, O (The Sweet Scent of Death, Inglaterra, 1984)
Drácula, o Perfil do Diabo (Dracula Has Risen From the Grave, Inglaterra, 1968)
Era dos Dinossauros, A (Age of Dinosaurs, EUA, 2013)
Maldição da Múmia, A (The Curse of the Mummy´s Tomb, Inglaterra, 1964)
Mulheres Pré-Históricas (Slave Girls / Prehistoric Women, Inglaterra, 1967)
Presentes (Offerings, EUA, 1989)
Tatuagem – A Marca do Diabo (Mark of the Devil, Inglaterra, 1984)
Tempestade Solar (Exploding Sun, Canadá, 2013)
The
Man and the Monster / El Hombre y
el Monstruo (México, 1959, PB)
Vingança da Deusa, A (The Vengeance of She, Inglaterra, 1968)
* Carnossauro
(1993)
“A Terra não foi criada para nós. Ela foi
feita para os dinossauros. Estava desenhada para suas dimensões. Os seres
humanos são como formigas passeando pelos seus quartos.” – comentário da
“cientista louca” Dra. Jane Tiptree
Aproveitando o lançamento em
1993 de “Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros”, de Steven Spielberg, que
gerou uma franquia milionária, o produtor e também diretor Roger Corman, com
centenas de filmes no currículo, a maioria situados no gênero fantástico,
aproveitou o momento favorável comercialmente e lançou o cultuado
“Carnossauro”. O filme é uma tranqueira divertida de dinossauros que gerou
outras duas continuações. Corman é conhecido como “O Rei dos Filmes B” por seu
incrível talento em produzir filmes com orçamentos baixos e filmagens em tempos
curtos, e sua carreira marcante teve início nos anos 1950, já tendo acumulado
mais de 400 filmes no currículo, e também grande quantidade de créditos na
função de diretor, tendo trabalhado com atores ícones do Horror como Vincent
Price e Boris Karloff. É uma pena que seu último trabalho na direção foi em
1990 com “Frankenstein – O Monstro das Trevas” (Frankenstein Unbound). Mas, em
compensação, como produtor Corman tem mais de 60 anos de contribuições para o
cinema fantástico bagaceiro, com um legado eterno de filmes de qualidade
duvidosa, mas a maioria com diversão garantida.
Em “Carnossauro”, dirigido por
Adam Simon (de “Brain Dead”, 1990) e com sequências adicionais por Darren
Moloney, temos uma história tosca ao extremo apresentando a “cientista louca”
Dra. Jane Tiptree (Diane Ladd) liderando um projeto científico de engenharia
genética com estudos de recombinação de DNA e manipulação de um vírus de
frangos. Como resultados, temos dinossauros nascendo em ovos de galinha,
crescendo numa velocidade extremamente rápida, e devorando as pessoas. Além da
propagação de uma contaminação nas mulheres causando uma febre misteriosa e
transformando-as em grávidas de dinossauros. Tudo faz parte de um plano
maquiavélico da cientista para eliminar as mulheres e consequentemente a raça
humana, dando lugar para os dinossauros pré-históricos povoarem novamente nosso
planeta. Para tentar combatê-la, temos um vigia noturno, Doc Smith (Raphael Sbarge),
que toma conta dos tratores de uma empresa que está destruindo a natureza, e
uma ecologista hippie, Ann Thrush (Jennifer Runyon, atriz casada com um
sobrinho de Corman), que defende o slogan “As grandes corporações estão matando
nosso mundo”. E tem também um xerife durão, Fowler (Harrison Page), que tenta
impedir a invasão dos dinossauros.
Ao contrário da produtora
picareta “The Asylum”, que copia ideias e faz filmes modernos extremamente
ruins e exagerados nos efeitos de computação gráfica, o cultuado produtor Roger
Corman sempre aproveitou argumentos e cenários usados para fazer filmes também
ruins, mas divertidos. Principalmente pela precariedade dos recursos, sem a
utilização dos efeitos artificiais de CGI, como exemplificado nos dinossauros toscos
de “Carnossauro”, feitos por bonecos em miniatura com controle remoto e
fantoches de mão, ou como no caso do tiranossauro, por um robô desajeitado com
quase cinco metros de altura. Temos as sempre esperadas cenas de mortes
violentas de dezenas de vítimas com o sangue jorrando, e pedaços de seus
frágeis corpos destroçados pelas garras e dentes das feras, que vão de um
imponente tiranossauro aos ágeis deinonicos (animais parecidos com
velociraptores). É verdade que o roteiro é bem exagerado na fantasia, desde a
ideia insana da cientista geneticista até a forma como ela coloca seu plano
diabólico em ação, mas em compensação, a overdose de mortes sangrentas e o
desfecho pessimista contribuem significativamente para o interesse pelo filme,
que concluiu com um gancho para sequências inferiores que foram lançadas nos
anos seguintes.
Curiosamente, a veterana atriz
Diane Ladd é mãe de Laura Dern, que no mesmo ano de 1993 atuava ao lado de Sam
Neill, Jeff Goldblum e Richard Attenborough em “Jurassic Park – O Parque dos
Dinossauros”. O experiente ator Clint Howard, com mais de 230 créditos no
currículo, tem uma participação rápida com destaque para uma cena onde conta
uma piada num bar antes de virar comida de dinossauro. A famosa cena do bebê
alien rasgando o ventre de seu hospedeiro no clássico “Alien, o Oitavo
Passageiro” (1979) é também referenciada em cena similar no filme produzido por
Corman.
Carnossauro
2 (1995)
“Carnossauro” impulsionou a
realização de outros filmes ambientados em seu universo ficcional, nas mesmas
mãos de Roger Corman como produtor. Em 1995 foi lançado “Carnossauro 2” (Carnosaur 2), com direção de
Louis Morneau (de “Morcegos”, 1999 e “Lobisomem: A Besta Entre Nós”, 2012) e
com o veterano ator John Savage, com mais de duas centenas filmes na carreira.
Foi exibido na televisão na “Sessão das Dez” do SBT.
Na história, ocorre um acidente
numa mina de urânio operada por militares, uma unidade secreta localizada no
meio do deserto. Depois que os funcionários morrem misteriosamente, cortando as
comunicações, o governo americano decide enviar um representante para
averiguar, Major Tom McQuade (Cliff De Young). Ele é acompanhado por um grupo
contratado de especialistas em missões especiais de resgate, liderado por Jack
Reed (John Savage). A equipe é ainda formada por Ben Kahane (Don Stroud), Monk
Brody (Rick Dean), a bela Sarah Rowlins (Arabella Holzbog), o expert em
computação e piadista Ed Moses (Miguel A. Núñez Jr.) e a piloto de helicóptero
Joanne Galloway (Neith Hunter). Ao entrar nas instalações militares, o grupo
encontra um cenário de destruição com mortes violentas, e resgatam um
sobrevivente em estado de choque, o adolescente Jesse Turner (Ryan Thomas
Johnson). Mas, o pior ainda viria com a descoberta de que o local está
infestado de dinossauros ávidos por suas frágeis carnes.
Em termos de roteiro, mesmo
sendo um clichê colossal, podemos considerar que é melhor do que o filme
original, cuja história básica é extremamente exagerada na fantasia. Mas, por
outro lado, temos aqui a tão manjada ambientação claustrofóbica, onde um grupo
de pessoas está encurralado num local isolado, sendo atacado por dinossauros
carnívoros e tentando desesperadamente lutar por suas vidas. Esse argumento é
um dos mais explorados no cinema de horror e ficção científica, com centenas de
filmes similares, alternando apenas as pessoas, o local e a ameaça. Como sendo
nitidamente uma produção de baixo orçamento, o ambiente interno é bem escuro
para ajudar a camuflar a precariedade dos efeitos dos dinossauros, mas assim
como no filme anterior, temos várias cenas de mortes sangrentas, com braço
decepado, cabeça arrancada a dentadas e dilacerações diversas. Porém, os
ataques dos monstros demoram e a carnificina inicia apenas depois de meia hora
de filme (antes, as cenas de mortes são “off screen”).
“Carnossauro 2” é curto, com pouco mais de 80
minutos, e o desfecho é bem similar ao filme original, com um confronto
inverossímil e exagerado entre o adolescente metido a herói Jesse, dirigindo
uma grande empilhadeira, contra um tiranossauro, culminando com aqueles
resultados já previsíveis. Curiosamente, e talvez como uma homenagem ao
clássico da guerra do Vietnã “Apocalipse Now” (1979), de Francis Ford Coppola,
quando o helicóptero do grupo de resgate chega à instalação militar, um dos
membros da equipe faz questão de ouvir um trecho da música clássica “Cavalgada
das Valquírias”, do alemão Richard Wagner. É uma referência para uma cena
similar do filme de Coppola, onde um grupo de helicópteros ataca uma aldeia
vietnamita ao som da mesma música.
Criaturas do
Terror (1996)
Em 1996 veio o terceiro filme
da franquia, que recebeu por aqui o manjado título sem criatividade “Criaturas
do Terror” (Carnosaur 3: Primal Species), dirigido por Jonathan Winfrey. O pior
é que ainda recebeu outro nome patético quando foi exibido na telinha na
“Sessão Especial” da TV Record, “Carnossauro: O Monstro Destruidor”, apenas
para confundir e dificultar ainda mais um trabalho de catalogação dos filmes
que chegam no Brasil.
Um comboio do exército
escoltando um caminhão misterioso é surpreendido numa emboscada por mercenários
terroristas, que o roubam acreditando num carregamento valioso de urânio.
Porém, eles descobrem que na verdade a carga trata-se de uma criação de répteis
carnívoros que logo os transforma em alimento. São réplicas de dinossauros
geneticamente construídos através de um projeto científico que buscava a cura
de várias doenças, estudando sua estrutura de DNA regenerativa. Uma equipe
especial de militares, liderada pelo Coronel Rance Higgins (Scott Valentine) e
contando com soldados treinados como Sanders (Rodger Halston) e o piadista
Polchek (Rick Dean, que curiosamente esteve também em “Carnossauro 2” como outro personagem), é
convocada pelo General Pete Mercer (Anthony Peck) para investigar a ocorrência
do roubo da carga secreta. Eles encontram corpos despedaçados e sangue
espalhado para todos os lados e ficam sabendo através da cientista Dra. Hodges
(Janet Gunn) sobre o projeto científico de criação de dinossauros e da
necessidade de capturar as criaturas vivas. O grupo do Cel. Higgins une-se com
uma equipe de fuzileiros navais para combater as feras, primeiramente num
galpão e depois num navio, onde um tiranossauro rex imenso montou um ninho no
porão de carga e está criando dúzias de ovos para reprodução.
O terceiro filme da franquia
“Carnossauro” pode ser classificado simplesmente como “mais do mesmo”. Ou seja,
roteiro similar aos anteriores, explorando o velho clichê formado por um grupo
de soldados num ambiente fechado e com atmosfera de claustrofobia (galpão,
depois navio), combatendo uma ameaça (dinossauros famintos por suas carnes). O
filme tem até um desfecho novamente com gancho, mas a série parou por aí, até
porque não tinha mais como contar uma história com um mínimo de interesse. Também
temos os mesmos efeitos bagaceiros e fotografia escura para esconder a
precariedade, e os mesmos personagens estereotipados como um líder militar
metido a durão. E continuam as piadas banais e comentários absurdos de
personagens que estão prestes a morrer de forma violenta, e ainda encontram
humor nos últimos momentos de vida, não combinando com a postura esperada de
soldados. Tudo isso até consegue divertir um pouco, principalmente para os
apreciadores de cinema bagaceiro, mas no caso desse “Carnossauro 3” a repetição de clichês
tornaram o filme mais cansativo, num último suspiro da franquia.
Curiosamente, um dos policiais
que chega ao local onde está o caminhão roubado pelos terroristas com a carga
de dinossauros, encontra um cenário sangrento repleto de vítimas esquartejadas,
e faz um comentário hilário: “Isto aqui está parecendo um pesadelo de
sexta-feira 13” .
(RR – 17/02/16)
* Doce Aroma da Morte, O
(1984) – Episódio 8 da série de TV “Hammer House of Mystery and Suspense”,
produzida em 1984 pelo cultuado estúdio inglês “Hammer”, em parceria com a
americana “Fox”, sendo por isso também conhecida como “Fox Mystery Theatre”.
Foram apenas 13 episódios com duração aproximada de 70 minutos, que acabaram
transformando-se em filmes independentes. No Brasil, foi exibida em nossas
televisões com os títulos “Suspense” ou “Cine Suspense”. “O Doce Aroma da
Morte” (The Sweet Scent of Death) tem direção do húngaro Peter Sasdy, cineasta
conhecido da própria “Hammer”, assinando filmes como “O Sangue de Drácula” (1970)
e “Condessa Drácula” (1971). No elenco, temos os experientes Dean Stockwell,
com mais de 200 créditos na longa carreira e Shirley Knight, que não fica muito
atrás, com uma infinidade de trabalhos no currículo. O diplomata americano Greg
Denver (Dean Stockwell) se muda para a Inglaterra para assumir a embaixada em Londres. Muito
atarefado, ele decide passar mais tempo com a esposa Ann Fairfax (Shirley
Knight), uma advogada que deixou a profissão para acompanhar o marido. Eles se
mudam para uma mansão rural, porém depois instalados na nova casa, fatos
misteriosos começam a ocorrer e Ann sente que está sendo observada e
atormentada por alguém à espreita. Levantando suspeitas sinistras de
acontecimentos de seu passado nos Estados Unidos, onde ela defendeu no tribunal
o suspeito pelo assassinato de uma jovem que ia se casar com Terry Marvin
(Michael Gothard), que vive agora nos arredores da mansão como florista,
especializado em rosas vermelhas (daí a relação com o título do filme). Outras
personagens se envolvem no mistério como a estranha secretária de Greg, Paula
(Toria Fuller), e a responsável pelas Relações Públicas do embaixador, a bela
Suzy Kendrick (Carmen Du Sautoy), despertando a investigação policial a cargo
da dupla de detetives formada pelo Sargento Wells (Robert Lang) e Constable
Gray (Struan Rodger). É uma típica história de detetive, com seus elementos
característicos, assassinatos, vinganças, clima de mistério, tensão e suspense,
com investigação policial e as tradicionais reviravoltas, tudo funcionando até
de forma eficiente, mas sem fugir muito do comum, faltando as sempre esperadas
novidades ou mais ousadia no roteiro. É um episódio ligeiramente menor dessa
interessante série da “Hammer”. (RR – 22/12/15)
* Drácula, o Perfil do
Diabo (1968) – Terceiro filme da produtora inglesa “Hammer” com o famoso
vampiro Drácula interpretado por Christopher Lee. Antes tivemos “O Vampiro da Noite” (Horror of Dracula, 1958) e
“Drácula: Príncipe das Trevas” (Dracula: Prince of Darkness, 1966), e depois
mais quatro filmes, “O Sangue de Drácula” (Taste the Blood of Dracula, 1970),
“O Conde Drácula” (Scars of Dracula, 1970), “Drácula no Mundo da Mini Saia”
(Dracula AD 1972, 1972) e “Os Ritos Satânicos de Drácula” (The Satanic Rites of
Dracula, 1973). “Drácula, o Perfil do Diabo” tem direção de Freddie Francis e
roteiro de Anthony Hinds, creditado como John Elder. A história se passa um ano
após os eventos do filme anterior, com a chegada do monsenhor Ernst Muller
(Rupert Davies) ao vilarejo próximo do castelo de Drácula. Vendo que os aldeões
continuavam aterrorizados mesmo após a suposta destruição do vampiro, ele
decide subir ao castelo no alto das montanhas para recitar em latim um ritual
de exorcismo, deixando uma imensa cruz na porta da imponente e sombria construção
de pedra. Ele é acompanhado pelo padre local (Ewan Hooper) e após um acidente
com sua queda e um ferimento na cabeça, seu sangue ressuscita o cadáver de
Drácula, preso nas águas congeladas próximas ao castelo. A criatura da noite
ressurge e transforma o padre em seu servo, partindo para a vingança contra o
monsenhor que lacrou a porta do castelo com a cruz. Chegando numa pequena
cidade vizinha, ele espalha o horror fazendo vítimas como Zena (Barbara Ewing),
a garçonete de um bar, e tem um interesse especial na jovem Maria. Ela é
sobrinha do monsenhor e é interpretada pela bela Veronica Carlson, de filmes
como “Frankenstein Tem Que Ser Destruído” (1969), “O Horror de Frankenstein”
(1970) e “O Carniçal” (1975). Drácula tem que enfrentar uma batalha contra o namorado
ateu da moça, Paul (Barry Andrews), que trabalha na pousada de Max (Michael
Ripper, o recordista de papéis coadjuvantes na “Hammer”). Se no filme
anterior, “Drácula: O Príncipe das Trevas”, o vampiro não diz uma única
palavra, por imposição de Christopher Lee, insatisfeito com o roteiro e receoso
por alguma repercussão negativa do personagem, em “Drácula, o Perfil do Diabo”,
o temível vampiro sugador de sangue tem até algumas falas, mas são poucas.
Sempre rude e agindo com selvageria e violência, certamente seria mais
interessante se Drácula tivesse uma participação maior. Suas expressões faciais
continuam intimidadoras e seus olhos vermelhos de sangue traduzem o ódio e
horror de forma avassaladora. Mas, o vampiro aparece pouco, no meio de uma história
comum e previsível, onde sabemos sempre antecipadamente como será o desfecho
num confronto final (similar em todos os filmes com o vampiro, nem sendo mais
considerado um “spoiler”). Geralmente sabemos o destino dos personagens, e
nesse filme as coisas não são diferentes, contando ainda com um acréscimo de
moralismo religioso católico. Por outro lado, não faltam as esperadas cenas e
elementos tão característicos do horror gótico que se transformaram na marca
registrada da “Hammer”, motivo maior da existência de uma imensa legião de
cultuadores eternos que o estúdio ganhou a partir de suas atividades iniciadas
em meados dos anos 50 e permanecendo por mais duas décadas. Temos o castelo
sombrio, as carruagens, os vilarejos em pânico com seus aldeões supersticiosos,
as névoas sinistras, a floresta fantasmagórica e aquela atmosfera
constantemente perturbadora de medo e insegurança. Curiosamente, o mesmo ritual
de exorcismo recitado em latim que foi proferido pelo monsenhor para livrar o
castelo de Dráculo do mal absoluto, foi também reproduzido na introdução de uma
música da banda de metal extremo “Marduk” (Suécia). Trata-se da faixa “Accuser
/ Opposer”, do álbum “Rom 5:12” (2007). No “Youtube” tem vários vídeos dessa
música, segue dois deles: https://www.youtube.com/watch?v=6_eMI6HM4kY
e https://www.youtube.com/watch?v=rGPhzzN11fo
(sendo este um show na Alemanha em 2008). (RR – 30/12/15)
* Era dos Dinossauros, A
(2013) – A produtora americana “The Asylum”, especializada em cinema fantástico
bagaceiro, com o apoio do canal de TV a cabo “SyFy” na exibição, é a
responsável por outra tranqueira colossal envolvendo dinossauros recriados por
biotecnologia, que invadem a cidade de Los Angeles se alimentando de carne
humana. “A Era dos Dinossauros” (Age of Dinosaurs) tem direção de Joseph J.
Lawson, o mesmo cineasta de “Nazistas no Centro da Terra” (2012), e nome mais
associado como técnico em efeitos visuais em dezenas de outras porcarias. O
filme também tem a presença dos veteranos atores Ronny Cox, de “Robocop, o
Policial do Futuro” (1987), e Treat Williams, de “Tentáculos” (1998).
“Geneti-Sharp” é uma empresa de biotecnologia que conseguiu sucesso com a
pesquisa de regeneração de tecidos, ajudando muitas pessoas queimadas a
recuperarem a pele. Seu presidente, Justin (Ronny Cox), decidiu então
conquistar objetivos mais audaciosos e patrocinou um projeto científico
liderado pelo inescrupuloso Doug (Jose Rosete) e o veterinário Dr. Craig Carson
(Joshua Michael Allen), para trazer de volta à vida vários tipos de
dinossauros, através de amostras do DNA. Porém, ocorre um acidente com o
sistema de segurança no teatro onde os animais eram apresentados ao público, e
todo o prédio transforma-se num ambiente de desespero, com as pessoas lutando
por suas vidas para não serem alimento dos dinossauros. Em meio à confusão, um
bombeiro em folga, Gabe Jacobs (Treat Williams), que só precisa de um machado
para resolver os problemas, se perde de sua filha adolescente, Jade (Jillian
Rose Reed), que parece um zumbi que não larga o telefone celular, enquanto o
prédio é cercado pela polícia para tentar inutilmente impedir a invasão dos
monstros pré-históricos pela cidade em busca do sangue e carne de suas vítimas.
Como sendo mais uma produção da picareta “The Asylum”, é plenamente possível
sabermos com antecedência que “A Era dos Dinossauros” tem todos os elementos
tradicionais de seus filmes ruins. O maior problema, como sempre, é o roteiro
patético, e nesse caso tendo como foco um imenso clichê, ou seja, “alguém
metido a herói que no meio do caos precisa encontrar e proteger um familiar do
perigo mortal de uma ameaça monstruosa”. E essa história banal está acompanhada
de efeitos especiais vagabundos, os eternos “CGI” que tornam tudo muito
artificial, exagerado e inverossímil. E, claro, também não vai faltar o manjado
desfecho previsível, dessa vez envolvendo o bombeiro herói, sua filha, um
helicóptero e um pteranodonte, no meio do famoso letreiro gigante de
“Hollywood”. Enquanto os dinossauros estão dentro do prédio da empresa de
biotecnologia, percorrendo os andares e colecionando vítimas, até existe uma
razoável atmosfera de claustrofobia, com as pessoas desesperadas lutando por
suas vidas, que mesmo já vista em centenas de filmes similares, ainda funciona,
auxiliada por cenas de mortes sangrentas. Enquanto os dinossauros estão dentro
do prédio da empresa de biotecnologia, percorrendo os andares e colecionando
vítimas, até existe uma razoável atmosfera de claustrofobia, com as pessoas
desesperadas lutando por suas vidas, que mesmo já vista em centenas de filmes
similares, ainda funciona, auxiliada por cenas de mortes sangrentas. Mas,
depois que os bichos carnívoros escapam para as ruas de Los Angeles,
perseguindo carros, derrubando helicópteros, destruindo construções de concreto
e comendo as pessoas, o filme se perde totalmente tornando-se exagerado e
ridículo, características registradas da produtora “The Asylum”, não passando
de apenas mais um produto descartável destinado ao esquecimento rápido. (RR –
01/02/16)
* Maldição da Múmia, A
(1964) – A contribuição do estúdio inglês
“Hammer” para o universo ficcional das múmias do antigo Egito é composta por
quatro filmes. São eles: “A Múmia” (The Mummy, 1959), de Terence Fisher e com
Christopher Lee e Peter Cushing, “A Maldição da Múmia” (The Curse of the
Mummy’s Tomb, 1964), de Michael Carreras, “A Mortalha da Múmia / O Sarcófago
Maldito” (The Mummy’s Shroud, 1967), de John Gilling e com André Morell, e
“Sangue no Sarcófago da Múmia” (Blood From the Mummy’s Tomb, 1971), de Seth
Holt e Michael Carreras, e com Andrew Keir. No segundo filme da série, a
história é ambientada no Egito de 1900, onde um grupo de arqueólogos europeus
encontra a tumba de 3000 anos do príncipe Ra-Antef, um dos filhos gêmeos do
faraó Ramsés VIII, após uma exaustiva jornada de dezoito meses pelo deserto. A
equipe é formada pelos egiptólogos ingleses Sir Giles Dalrymple (Jack Gwillim)
e John Bray (Ronald Howard), além da bela francesa Annette Dubois (Jeanne
Roland) e do empresário americano da área de entretenimento Alexander King
(Fred Clark), o financiador da expedição. A múmia preservada em seu sarcófago,
e todos os tesouros, pertences pessoais e artefatos valiosos, foram levados
para Londres para serem apresentados à imprensa. E depois seguiriam para os
Estados Unidos com o objetivo de serem expostos num evento itinerante, mesmo
contra a vontade do governo egípcio, representado por Hashmi Bey (George
Pastell), que não queria que a múmia saísse de seu país de origem. Durante o
trajeto por navio até a Inglaterra, os arqueólogos conhecem outro estudioso e
colecionador de objetos do antigo Egito, o misterioso Adam Beauchamp (Terence
Morgan), que desperta um interesse amoroso em Annette. Após
chegarem a Londres, tem início uma ocorrência de fatos estranhos, como o
desaparecimento da múmia em seu sarcófago seguido de uma série de ataques
violentos com mortes envolvendo a equipe e todos que testemunharam a abertura
da tumba, desencadeando “a maldição da múmia” (do título). De todos os quatro
filmes de múmias da “Hammer”, certamente o melhor disparado é o clássico “A
Múmia” (1959), dirigido pelo especialista Terence Fisher (o melhor cineasta do
estúdio) e estrelado pela dupla dinâmica Christopher Lee (como o monstro) e
Peter Cushing (como o arqueólogo rival). Como esse trio não fez parte dos
outros três filmes, a qualidade e interesse inevitavelmente diminuíram. Mas,
apesar disso, “A Maldição da Múmia” é um filme da cultuada produtora (curto,
com apenas 78 minutos) e está situado dentro da temática de um dos grandes
monstros sagrados do cinema de horror. E esses já são motivos suficientes para
agregar valores ao filme e despertar o interesse dos fãs. Michael Carreras fez de
tudo aqui, dirigiu, escreveu o roteiro sob o pseudônimo de Henry Younger e
produziu o filme. Porém, é uma pena comprovar que ele é mais talentoso apenas
como produtor de muitos filmes divertidos da “Hammer”, e seu trabalho
principalmente como roteirista, é bem inferior. A história desse filme é apenas
trivial, exagerada nos clichês e com uma “surpresa” envolvendo o personagem
Adam Beauchamp que teve um efeito contrário (na verdade, a tal surpresa é até
previsível e exagerada na fantasia). O que realmente vale destacar nesse
segundo filme da série de múmias da “Hammer”, é o mesmo que acontece com os
outros dois seguintes: as cenas de ataque do monstro envolto em bandagens
(interpretado por Dickie Owen) contra os profanadores de sua tumba, e as
eventuais mortes violentas. Curiosamente, o eterno ator coadjuvante Michael
Ripper também aparece aqui, numa ponta rápida no início como o serviçal egípcio
Achmed. Ele que é o campeão de participações em filmes da “Hammer”. (RR – 10/02/16)
* Mulheres Pré-Históricas
(1967) – O estúdio inglês “Hammer” tem uma importância extremamente
significativa na história do cinema fantástico, principalmente com seus filmes
de atmosfera gótica, uma marca registrada que tornou a produtora tão cultuada.
Porém, vários outros temas também foram abordados, como o sub-gênero de
civilizações perdidas no tempo, com histórias classificadas como aventura com
elementos de fantasia. É o caso de “Mulheres Pré-Históricas”, filme de 1967
dirigido, escrito e produzido por Michael Carreras, e com um elenco enorme
formado especialmente por belas mulheres vestidas com poucas roupas. David
(Michael Latimer) é um guia de expedições de caça de animais selvagens, que
encontra no meio da selva uma misteriosa tribo de nativos que querem matá-lo em
nome de seu deus, uma imagem de um rinoceronte branco. Porém, em meio ao ritual
de sacrifício, ocorre um evento onde ele é transportado para o passado
encontrando uma civilização formada por mulheres de cabelos morenos e
“pré-históricas” (do título original adotado nos Estados Unidos). Elas são
lideradas pela rainha tirana Kari (Martine Beswick), que mantém as mulheres de
cabelos loiros como serviçais “escravas” (do título original na Inglaterra). Os
poucos homens são também escravizados e mantidos presos numa caverna. O jovem
inglês recém chegado se apaixona por uma das mulheres loiras, Saria (a húngara
Edina Ronay), e juntos eles tentam organizar uma revolta contra a tirania da
rainha morena, libertando as loiras da escravidão e impedindo os constantes
sacrifícios oferecidos para uma tribo violenta de homens negros que mantém a
paz num acordo que exige as mulheres em troca. Ao
contrário de alguns dos outros filmes da “Hammer” com temática de civilizações
perdidas, nesse não há dinossauros ameaçadores caminhando pela Terra. Porém,
encontramos clichês tradicionais com o roteiro apresentando uma rainha que
governa sua tribo com tirania, despertando a fúria dos escravos, que desejam a
liberdade. E como herói opositor, surge um homem vindo do futuro que desperta
um interesse amoroso na rainha, mas que se apaixona por uma das escravas, se
engajando numa luta para se livrarem da opressão. A história é simples demais e
repleta de danças e cantorias entediantes, num inevitável convite ao sono. Por
outro lado, o que realmente consegue manter a atenção do espectador é o desfile
de belíssimas mulheres, tanto morenas quanto loiras, em trajes sumários,
garantindo a diversão, juntamente com os elementos fantásticos como a viagem no
tempo do protagonista, visitando e interferindo nas ações de um mundo do
passado. Curiosamente, “Mulheres Pré-Históricas” foi filmado em apenas
quatro semanas, utilizando os mesmos cenários e vestuários reaproveitados do
filme anterior “Mil Séculos Antes de Cristo” (1966), de Don Chaffey e com a
belíssima Rachel Welch no elenco. (RR – 09/02/16)
* Presentes (1989) – Exibido
na televisão brasileira no cultuado “Cine Trash” da Band, “Presentes”
(Offerings) tem direção, roteiro e produção de Christopher Reynolds. É um filme
slasher de 1989 e extremamente datado, onde tudo, desde trilha sonora,
figurinos, diálogos, atmosfera e história sobre um serial killer vingativo, nos
remetem aos anos 80 do século passado. Após o abandono do pai, o menino John
Radley (Josh Coffman) parou de falar, e passou a viver recluso com a mãe megera
(Rayette Potts), sofrendo perseguições e bullyng dos vizinhos e colegas da
mesma idade, exceto pela amiga Gretchen (Kerri Bechthold), que o defende das
ofensas dos outros. Mas, um acidente num poço traria consequências trágicas
para John, que ficou deformado e foi internado numa clínica psiquiátrica pelos
próximos dez anos. Fugindo do hospício e agora adulto, John (Richard A.
Buswell) usa uma máscara para ocultar as feridas de seu rosto, e retorna para o
bairro onde viveu na infância à procura de vingança contra os antigos colegas
que o insultavam, como Kacy (Elizabeth Greene) e Linda (Heather Scott), além de
Jim Paxton (Jerry Brewer), David (Tobe Sexton) e Greg (Patrick H. Berry).
Enquanto ocorrem muitas mortes violentas e misteriosas, além de pedaços de
corpos serem oferecidos como presentes (daí o título), a polícia tenta
desvendar os assassinatos com a investigação do Xerife Chism (G. Michael
Smith). Completamente influenciado por “Halloween: A Noite do Terror”
(1978), do psicopata mascarado Michael Myers, “Presentes” na verdade não
oferece nada que não sejam os tradicionais e manjados clichês do subgênero
“slasher”. Tudo é muito óbvio e previsível, e as cenas de mortes, apesar de
sangrentas em alguns casos, também estão longe de permanecer na memória após
alguns minutos do término do filme. Visto muitos anos depois, é lógico que
desperta aquele sentimento de nostalgia da década de 1980, um período muito
significativo para o cinema de horror, especialmente os filmes com psicopatas
chacinando suas vítimas das mais diversas maneiras, com Jason Voorhees, Michael
Myers e Freddy Krueger, entre outros, disputando um campeonato de empilhamento
de cadáveres. Mas, além da nostalgia oitentista, sobra pouco de um filme apenas
comum e que se perde na infinidade de produções similares. O
diretor e roteirista Christopher Reynolds não seguiu a carreira, tendo um
currículo pequeno, formado apenas por esse “Presentes” e o seguinte “Lethal
Justice” (1991). (RR – 24/12/15)
* Tatuagem – A Marca do
Diabo (1984) – Em 1984 a
produtora inglesa “Hammer” lançou uma série para a televisão que recebeu o nome
no Brasil de “Suspense” ou “Cine Suspense” (Hammer House of Mystery and
Suspense), numa produção em parceria com a Fox (por isso também era conhecida
como “Fox Mystery Theatre”). Foram 13 episódios com histórias independentes e
duração de 70 minutos. O primeiro episódio foi “Tatuagem – A Marca do Diabo”
(Mark of the Devil), dirigido por Val Guest (1911 / 2006), conhecido cineasta
por assinar vários filmes importantes da “Hammer” como “Terror Que Mata”
(1955), “Usina de Monstros” (1957), “O Monstro do Himalaia” (1957). E no elenco
temos Dirk Benedict, que foi o homem transformado em monstro no divertido “O
Homem-Cobra” (1973) e também seu rosto é conhecido e identificado pelos fãs da
série de TV “Galactica: Astronave de Combate” (1978 / 1979), como o Tenente
Starbuck. Frank Rowlett (Dirk Benedict) está apaixonado pela bela Sara Helston
(Jenny Seagrove), que é filha de um rico empresário (John Paul) e que torna-se
sua esposa. Mas, ele está envolvido em negócios obscuros, devendo dinheiro para
o Sr. Westcott (Tom Adams), que o ameaça para receber o pagamento. Pressionado,
ele tentar ganhar algum dinheiro num jogo de cartas e para conseguir entrar na
partida de poker ele vende seu relógio (um presente de Sara) para um misterioso
tatuador chinês, Hai Lee (Burt Kwouk), também conhecido por envolvimento com
magia negra. Porém, Frank descobre que o chinês guarda muito dinheiro em sua
casa e decide roubá-lo. Eles entram em confronto e Frank é ferido levemente no
peito por uma adaga de tatuagem. O que ele não imaginaria é que a pequena
mancha vermelha se transformaria numa enorme tatuagem que cobre seu corpo e
cujos desenhos tornam-se reveladores, obrigando-o a evitar exposição com a esposa,
se esconder e cometer assassinatos. Além de fugir também de uma investigação
policial liderada pela dupla formada pelo Inspetor Grant (George Sewell) e
Sargento Kirby (Peter Settelen). A história é simples e curta, mas mesmo com
essas características, é bastante eficiente. Possui tudo aquilo que queremos
ver num filme de suspense com elementos de horror: eventos sobrenaturais, magia
negra, mistério, tensão, vingança, assassinatos, investigação policial e
principalmente o pesadelo vivido pelo protagonista, que luta para se livrar de
uma terrível maldição. Curiosamente, a cópia desse filme que tive acesso é uma
gravação tosca em VHS convertido para DVD, de quando foi exibido na televisão
no final doa anos 80 pela TV “Alterosa”, de Belo Horizonte/MG, afiliada do
“SBT”. Rever “Tatuagem – A Marca do Diabo” com a dublagem original da época foi
um exercício de pura nostalgia, em mais um presente que a “Hammer” deixou para
seus cultuadores. (RR – 19/12/15)
* Tempestade Solar
(2013) – O canal de TV a cabo “SyFy” é conhecido pela exibição de filmes de
ação com elementos de ficção científica e histórias de catástrofes globais
abordando a destruição de nosso planeta. São tantos filmes similares com os
mesmos clichês exaustivos, que dá pena da Terra sendo tão maltratada pelos
roteiristas sem imaginação e preguiçosos em tentar desenvolver alguma ideia no
mínimo razoável. Em “Tempestade Solar”, uma produção canadense dirigida pelo
inexpressivo Michael Robison e roteiro patético de Jeff Schechter, que não tem
nenhuma importância para o cinema fantástico, a única diferença para a
imensidão de outros filmes ruins do mesmo estilo e temática, é que sua duração
tem quase três horas, com a exibição dividida em dois filmes, dobrando o
sofrimento do espectador. Depois que termina a péssima primeira parte ainda vem
em seguida a continuação ainda pior. Apesar da duração enorme do filme, é
plenamente possível resumir a sinopse em poucas linhas de tão ruim e sem
interesse que é a história. Uma empresa privada está anunciando a primeira
viagem espacial civil, com um avião projetado especialmente para dar a volta na
Lua e retornar em poucas horas, graças à capacidade de viajar numa velocidade
extremamente alta. Porém, um defeito ocorre com os motores após uma tempestade
solar com explosão de raios cósmicos e a nave perde o controle rumando para uma
colisão com o Sol. Após o trágico acidente, a Terra passa a ser terrivelmente
ameaçada com uma imensa descarga de raios solares que se dirige ao planeta.
Para evitar o apocalipse final, o destino do mundo fica nas mãos do cientista
Craig Bakus (Anthony Lemke) e do astronauta Don Wincroft (David James Elliott),
que partem rumo ao Sol numa nave similar da agência espacial americana, para
tentar criar um evento que anule os efeitos destrutivos dos raios solares. A
primeira parte é centrada na nave “Roebling Clipper” com seus seis passageiros,
entre tripulação e civis, apresentando os personagens e mostrando a aventura do
vôo espacial inaugural para a Lua. Perde-se tempo demais com personagens que não
despertam interesse, com uma overdose de clichês e cenas carregadas de
pieguice. Onde o ápice do tédio gira em torno de um triângulo amoroso entre os
protagonistas que tentam salvar o mundo e a conselheira científica do
presidente americano, Cheryl Wincroft (Natalie Brown), ex-esposa de um deles e
atual mulher do rival. Na segunda parte de noventa minutos, a
ação se volta, depois da tragédia da nave civil que se chocou com o Sol, para a
tentativa banal de evitar o fim do mundo. Com a utilização de outra nave,
pertencente à NASA e copiada e melhorada a partir da primeira, para reverter o
processo da tempesatde solar que acabaria com a vida na Terra. É
difícil dizer qual das duas partes é a pior. Imagine dois filmes péssimos que
se complementam, com o roteirista inventando uma série de tramas paralelas para
conseguir preencher o total de três horas do filme. São cenas envolvendo
personagens secundários que só contribuem para o sono do espectador. Temos
vários momentos descartáveis com o presidente americano Mathany (Frank
Schorpion), sua filha adolescente Lara (Charlotte Legault) e a primeira dama
Simone (Jane Wheeler), que era uma das passageiras da nave que foi para a Lua,
contribuindo para promover a viagem. Temos também cenas tediosas com Joan Elias
(Julia Ormond), a responsável de um acampamento humanitário no Afeganistão,
esposa de Alan (John Mclaren), outro passageiro do primeiro vôo espacial civil.
E a pior de todas as subtramas está reservada para uma pequena cidade americana
onde vive Marta Hernandez (Cristina Rosato), esposa de outro passageiro, que
ganhou a vaga numa loteria e tem medo de avião.
Se eu fosse enumerar e
descrever a imensa quantidade de erros, furos de roteiro, situações
inverossímeis e cenas patéticas, provavelmente não conseguiria terminar esse
texto. Então, prefiro parar por aqui e finalizar com um pequeno alerta de um
apreciador de cinema fantástico bagaceiro: “Tempestade Solar” é um completo
desperdício de um longo tempo de três horas que poderia ser melhor aproveitado
com outros filmes ruins, mas que pelo menos divertem. (RR – 08/02/16)
* The Man and the Monster
(1959) – Entre o final da década de 1950 e meados da seguinte, o cinema de
horror gótico mundial recebeu a significativa e valiosa contribuição de muitos
filmes mexicanos produzidos e estrelados por Abel Salazar (1917 / 1995), como
“O Morcego” (The Vampire / El Vampiro, 1957), a sequência “O Ataúde do Vampiro”
(The Vampire´s Coffin / El Ataúd del Vampiro, 1958), “Black Pit of Dr. M”
(Misterios de Ultratumba, 1959), “The Brainiac” (El Barón del Terror, 1962),
“The Living Head” (La
Cabeza Viviente , 1963) e “A Maldição da Chorona” (The Curse
of the Crying Woman / La
Maldicion de la
Llorona , 1963), entre outros. Em “The Man and the Monster”
(El Hombre y el Monstruo), uma produção em preto e branco dirigida por Rafael
Baledón a partir de roteiro de Alfredo Salazar, temos a história sinistra de um
pianista, Samuel Magno (Enrique Rambal), que vive na pequena cidade mexicana de
San José. Ele fez um pacto com o diabo para se tornar o melhor músico do mundo,
satisfazendo sua ambição paranoica e eliminando a frustração de ser considerado
sempre inferior em relação à rival, a pianista Alejandra (Martha Roth). Porém,
como pagamento da dívida eterna, sempre que ele toca ao piano uma determinada
partitura sobrenatural, se transforma fisicamente num monstro deformado e
assassino violento, voltando ao normal apenas com a intervenção da mãe severa e
rude, Cornelia (Ofelia Guilmáin). Transtornado pela maldição que carrega, o
pianista frustrado enfrenta uma terrível luta interna para não ceder à tentação
de tocar o instrumento, enquanto exerce a função de professor para outra jovem
pianista, Laura (também interpretada por Martha Roth). Para complicar a
situação, o jornalista Ricardo Souto (Abel Salazar) surge para fazer uma
reportagem sobre a moça como promessa de sucesso, e descobre o mistério que
envolve a ocorrência de assassinatos brutais e o segredo do pianista
amaldiçoado, apesar das dificuldades em convencer a polícia local sobre a
verdade, através do oficial encarregado das investigações (José Chávez). A
caracterização do monstro é bem bagaceira, típica do cinema de baixo orçamento
daquele período mágico do cinema fantástico. Mas, a diversão está garantida,
entre outras coisas, justamente por esse trabalho tosco de maquiagem, onde o
rosto e mãos deformados do pianista após a transformação lembram um lobisomem
selvagem à procura de vítimas. Outros fatores que merecem destaque são a
constante atmosfera de horror gótico num casarão sombrio e elementos do roteiro
que nos remetem a uma mistura de “Fausto” com “O Médico e o Monstro”. Em
“Faust” (1926), do alemão F. W. Murnau, temos a referência com oo acordo do
músico com o diabo com consequências trágicas, e na clássica história “Dr.
Jekyll and Mr. Hyde”, de Robert Louis Stevenson, que teve várias versões para o
cinema como as de 1932 e 1941, temos a transformação do protagonista em monstro
sempre após tocar uma partitura específica amaldiçoada. (RR –
25/01/16)