Um dos subgêneros do cinema de horror conhecido como “mockumentary” (falso documentário) associado ao “found footage” (imagens gravadas em vídeo e posteriormente encontradas) é bem interessante. O precursor desse recurso é o filme italiano “Cannibal Holocaust” (1980), de Ruggero Deodato, e muitos anos depois, em 1999, a técnica foi redescoberta com “A Bruxa de Blair” (The Blair Witch Project), utilizando também um trabalho de marketing bem sucedido com a internet. Depois vieram uma infinidade de outros filmes explorando a ideia, alguns deles bem divertidos e outros ruins e desnecessários, com roteiros banais, desgastando bastante o estilo. O filme inglês “Projeto Dinossauro” (The Dinosaur Project, 2012), que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 07/09/12, pertence ao grupo dos ruins dentro desse subgênero.
Uma expedição de exploradores é liderada por Jonathan Marchant (Richard Dillane) e formada por seu assistente Charlie Rutherford (Peter Brooke), a bióloga Dra. Liz Draper (Natasha Loring), além de um cinegrafista, um sonoplasta, uma guia africana e um piloto de helicóptero. Eles partem para uma região inóspita da África com o objetivo de filmar a tentativa de encontrar animais misteriosos (conforme lendas locais), que poderiam ter relação com os antigos dinossauros que habitavam o planeta. Somando-se ao grupo de forma clandestina, surge o adolescente Luke Marchant (Matt Kane), filho do líder, que entra no helicóptero sem permissão. A partir daí, a aeronave é atingida e derrubada por imensos pássaros estranhos, e o grupo em terra é obrigado a lutar pela sobrevivência ao encontrar animais perigosos supostamente extintos há milhões de anos atrás.
(Atenção! Contém “spoilers”)
Alguns absurdos que tornam o filme exagerado, patético e inverossímil: a amizade do garoto nerd com o dinossauro criança, numa típica relação de dono com seu cachorrinho; a habilidade desse mesmo moleque com aparelhos eletrônicos de filmagens e comunicações, e o mais incrível é que essas tralhas funcionam perfeitamente no meio do nada, onde até dinossauros existem, e não quebram mesmo depois de uma queda de helicóptero, ataques violentos de dinossauros, acidente com canoa naufragada, correrias desenfreadas, etc.; o cinegrafista filmando o tempo todo, mesmo com a ameaça constante de morte na sua frente, tendo como ápice dessa insensatez, a filmagem do “pacífico” plessiosauro na maior tranquilidade, como se fosse apenas mais um bicho grande qualquer, e recebendo obviamente o ataque mortal de uma criatura desconhecida; a atitude estúpida e suicida de um dos membros da expedição em “vingar” o colega morto, partindo para o ataque contra dinossauros parecendo morcegos gigantes, munido apenas com equipamentos de sonoplastia; a mudança de comportamento radical do assistente invejoso do líder da expedição, tornando-se um totalmente improvável psicopata no meio daquela zona toda...
Enfim, “Projeto Dinossauro” é um filme ruim, diverte pouco, e só é recomendável para aqueles que, como eu, assistem de tudo, mesmo as porcarias...
“Projeto Dinossauro” (The Dinosaur Project, Inglaterra, 2012) # 581 – data: 16/09/12
www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/09/12)