“Trem da Morte” (Dead Rail / Alien Express, 2005) é uma produção para a televisão e que foi lançada em DVD no Brasil pela “FlashStar”, trazendo como material extra apenas uma pequena galeria de fotos. Após ver o filme, a melhor e mais apropriada definição para ele seria “uma tralha dos tempos modernos”, pois é incrivelmente curioso o fato de uma produção de 2005 ser tão ruim, com uma história tão banal, com um elenco tão inexpressivo e principalmente com efeitos tão toscos, sendo tudo isso levado a sério por seus realizadores.
Um trem moderno de propriedade de um político influente, o arrogante e prepotente Senador Frank Rawlings (Barry Corbin), candidato para a Presidência dos Estados Unidos, está transportando ele e sua comitiva para uma convenção onde fará um discurso. Na equipe de apoio destaca-se a bela Rosie Holden (Amy Locane), responsável pelas relações públicas do político, o chefe de segurança Phil Lawrence (Michael Flynn), o agente do serviço secreto Peter Johnson (Todd Bridges), um executivo egoísta e inconveniente, Paul Fitzpatrick (Steven Brand), e um funcionário do trem, Sam (Joseph Hamilton).
Porém, um acidente com um carro que iria atravessar a linha do trem quando foi atingido por um meteorito incandescente, fez com que a viagem fosse interrompida. Para investigar o misterioso incêndio do automóvel, foi chamado o policial Vic Holden (Lou Diamond Phillips), marido de Rosie e que estava separado dela por causa de desentendimentos na relação.
Quando o trem retoma a viagem, um terrorista ameaça a segurança de todos a bordo com uma bomba, enquanto paralelamente misteriosos assassinatos ocorrem entre os passageiros, que são vítimas de criaturas alienígenas carnívoras super ágeis e violentas, que vieram no meteorito e utilizam como arma uma gosma verde altamente corrosivo para a pele humana. Depois que o policial Vic consegue entrar no trem numa manobra arriscada envolvendo um helicóptero, e descobre que os maquinistas foram assassinados, sua missão é tripla: impedir a ação do terrorista (que é o menor dos problemas), evitar que o trem desgovernado cause uma tragédia mortal para todos (que é um grande problema, mas ainda assim não é o maior deles), e combater uma invasão alienígena hostil com pequenas criaturas assassinas, cujo líder é interpretado pelo dublê Derrick Costa, que gostaram do sabor da carne e sangue humanos (esse é definitivamente o problema principal).
A direção é de Turi Meyer e o roteiro é de Brian Smith, a partir de uma idéia básica de Tom Alexander, o que não significa absolutamente nada, pois não passam de nomes aleatórios. A história é uma mistura de eventos que procura explorar terrorismo, de forma secundária na trama, com um atentado contra um importante político; ação e aventura, com um trem desgovernado em rota de colisão com um outro trem carregado com lixo nuclear, podendo causar uma explosão catastrófica; além de horror e ficção científica, com uma invasão de monstros extraterrestres vindos do espaço na queda de um meteorito, e que possuem dentes afiados ansiosos para rasgar a carne humana, sendo formados por gás metano em sua estrutura, e que explodem ao serem alvejados por disparos de armas de fogo. Em meio a tudo isso está um policial metido a herói e salvador de todos, que é interpretado pelo decadente Lou Diamond Phillips, um ator de qualidade sofrível e fadado a fazer sempre filmes bagaceiros.
O elenco é amador, ninguém se salva. Amy Locane (cujo nome está na capa do DVD e esse fato não faz nenhuma diferença) é apenas uma atriz muito bonita, porque de resto, é péssima no ofício de interpretação, e em “Trem da Morte” ela está completamente patética na pele da ex-mulher do policial e que ainda está apaixonada por ele. E quanto ao Lou Diamond Phillips (e os produtores também colocaram seu nome na capa do DVD achando que significaria alguma coisa), parece que ele está aceitando participar de qualquer porcaria, e sua atuação como o herói é igualmente insignificante.
Mas o pior de tudo é mesmo os efeitos especiais que chegam a ser engraçados de tão medonhos. O trem é nitidamente uma maquete e a cena do acidente do helicóptero é um dos maiores exemplos de CGI vagabundo ao extremo. As criaturas alienígenas são bizarras de tão simples e não convincentes, e nas cenas onde elas explodem é muito difícil impedir um riso involuntário. Muitas cenas estão escuras de forma proposital para disfarçar a pobreza dos efeitos. É verdade que tem algumas mortes violentas, com sangue e tripas dilaceradas das vítimas, mas tudo bem discreto por se tratar de uma produção para a televisão, e nada que mereça ficar em nossa memória por um segundo sequer depois de vistas.
Existem diálogos tão imbecis que são inacreditáveis dentro de uma história supostamente séria sobre um trem desgovernado e uma invasão alienígena. Um pequeno exemplo é a frase de Rosie para Vic, após ouvir um intenso tiroteio quando ele consegue retornar de uma missão de reconhecimento num vagão infestado de monstrinhos espaciais: “Ainda bem que retornou, pois você não pode morrer, pelo menos não agora”. Dentro da cabeça da mulher podemos imaginar um pensamento mais ou menos assim: “Depois que essa confusão terminar, pode morrer à vontade, pois quero que você se foda...”.
“Trem da Morte” é exatamente aquele tipo de filme ruim que quer contar uma história séria, mas que só consegue colaborar para uma imagem preconceituosa do cinema de horror e ficção científica, graças ao roteiro ridículo, elenco péssimo e efeitos toscos, fazendo desse precioso gênero artístico motivo de comentários depreciativos por parte de quem não é do ramo.
Mas, finalizando essa breve resenha e para não ser injusto, eu tenho que enaltecer um detalhe importante no filme que o salva da banalidade total: o final é interessante, conseguindo passar uma sensação de incômodo ao tentar fugir do convencional e transmitir uma idéia pessimista.
“Trem da Morte” (Dead Rail / Alien Express, Estados Unidos, 2005) # 445 – data: 07/06/07
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 11/06/07)
Um trem moderno de propriedade de um político influente, o arrogante e prepotente Senador Frank Rawlings (Barry Corbin), candidato para a Presidência dos Estados Unidos, está transportando ele e sua comitiva para uma convenção onde fará um discurso. Na equipe de apoio destaca-se a bela Rosie Holden (Amy Locane), responsável pelas relações públicas do político, o chefe de segurança Phil Lawrence (Michael Flynn), o agente do serviço secreto Peter Johnson (Todd Bridges), um executivo egoísta e inconveniente, Paul Fitzpatrick (Steven Brand), e um funcionário do trem, Sam (Joseph Hamilton).
Porém, um acidente com um carro que iria atravessar a linha do trem quando foi atingido por um meteorito incandescente, fez com que a viagem fosse interrompida. Para investigar o misterioso incêndio do automóvel, foi chamado o policial Vic Holden (Lou Diamond Phillips), marido de Rosie e que estava separado dela por causa de desentendimentos na relação.
Quando o trem retoma a viagem, um terrorista ameaça a segurança de todos a bordo com uma bomba, enquanto paralelamente misteriosos assassinatos ocorrem entre os passageiros, que são vítimas de criaturas alienígenas carnívoras super ágeis e violentas, que vieram no meteorito e utilizam como arma uma gosma verde altamente corrosivo para a pele humana. Depois que o policial Vic consegue entrar no trem numa manobra arriscada envolvendo um helicóptero, e descobre que os maquinistas foram assassinados, sua missão é tripla: impedir a ação do terrorista (que é o menor dos problemas), evitar que o trem desgovernado cause uma tragédia mortal para todos (que é um grande problema, mas ainda assim não é o maior deles), e combater uma invasão alienígena hostil com pequenas criaturas assassinas, cujo líder é interpretado pelo dublê Derrick Costa, que gostaram do sabor da carne e sangue humanos (esse é definitivamente o problema principal).
A direção é de Turi Meyer e o roteiro é de Brian Smith, a partir de uma idéia básica de Tom Alexander, o que não significa absolutamente nada, pois não passam de nomes aleatórios. A história é uma mistura de eventos que procura explorar terrorismo, de forma secundária na trama, com um atentado contra um importante político; ação e aventura, com um trem desgovernado em rota de colisão com um outro trem carregado com lixo nuclear, podendo causar uma explosão catastrófica; além de horror e ficção científica, com uma invasão de monstros extraterrestres vindos do espaço na queda de um meteorito, e que possuem dentes afiados ansiosos para rasgar a carne humana, sendo formados por gás metano em sua estrutura, e que explodem ao serem alvejados por disparos de armas de fogo. Em meio a tudo isso está um policial metido a herói e salvador de todos, que é interpretado pelo decadente Lou Diamond Phillips, um ator de qualidade sofrível e fadado a fazer sempre filmes bagaceiros.
O elenco é amador, ninguém se salva. Amy Locane (cujo nome está na capa do DVD e esse fato não faz nenhuma diferença) é apenas uma atriz muito bonita, porque de resto, é péssima no ofício de interpretação, e em “Trem da Morte” ela está completamente patética na pele da ex-mulher do policial e que ainda está apaixonada por ele. E quanto ao Lou Diamond Phillips (e os produtores também colocaram seu nome na capa do DVD achando que significaria alguma coisa), parece que ele está aceitando participar de qualquer porcaria, e sua atuação como o herói é igualmente insignificante.
Mas o pior de tudo é mesmo os efeitos especiais que chegam a ser engraçados de tão medonhos. O trem é nitidamente uma maquete e a cena do acidente do helicóptero é um dos maiores exemplos de CGI vagabundo ao extremo. As criaturas alienígenas são bizarras de tão simples e não convincentes, e nas cenas onde elas explodem é muito difícil impedir um riso involuntário. Muitas cenas estão escuras de forma proposital para disfarçar a pobreza dos efeitos. É verdade que tem algumas mortes violentas, com sangue e tripas dilaceradas das vítimas, mas tudo bem discreto por se tratar de uma produção para a televisão, e nada que mereça ficar em nossa memória por um segundo sequer depois de vistas.
Existem diálogos tão imbecis que são inacreditáveis dentro de uma história supostamente séria sobre um trem desgovernado e uma invasão alienígena. Um pequeno exemplo é a frase de Rosie para Vic, após ouvir um intenso tiroteio quando ele consegue retornar de uma missão de reconhecimento num vagão infestado de monstrinhos espaciais: “Ainda bem que retornou, pois você não pode morrer, pelo menos não agora”. Dentro da cabeça da mulher podemos imaginar um pensamento mais ou menos assim: “Depois que essa confusão terminar, pode morrer à vontade, pois quero que você se foda...”.
“Trem da Morte” é exatamente aquele tipo de filme ruim que quer contar uma história séria, mas que só consegue colaborar para uma imagem preconceituosa do cinema de horror e ficção científica, graças ao roteiro ridículo, elenco péssimo e efeitos toscos, fazendo desse precioso gênero artístico motivo de comentários depreciativos por parte de quem não é do ramo.
Mas, finalizando essa breve resenha e para não ser injusto, eu tenho que enaltecer um detalhe importante no filme que o salva da banalidade total: o final é interessante, conseguindo passar uma sensação de incômodo ao tentar fugir do convencional e transmitir uma idéia pessimista.
“Trem da Morte” (Dead Rail / Alien Express, Estados Unidos, 2005) # 445 – data: 07/06/07
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 11/06/07)