O tema da mão isolada ou junto
com o braço, que ganha vida própria e torna-se uma ameaça mortal, seja com seu
corpo original ou separado dele, foi bem explorado no cinema de horror e ficção
científica.
Exemplos não faltam, como “The
Hands of Orlac”, também conhecido como “Mad Love” (1935), de Karl Freund e “The
Beast With Five Fingers” (1947), de Robert Florey, ambos estrelados por Peter
Lorre. No primeiro, um pianista perde suas mãos num acidente de trem e recebe
um transplante de mãos de um assassino, as quais adquirem vida própria e o obrigam
a cometer crimes. O outro conta a história também de um pianista que tem uma
mão decepada, ganha vida e passa a rastejar em busca de vítimas. O estúdio
inglês “Amicus” produziu a antologia “Dr. Terror´s House of Horrors” em 1965,
onde uma das histórias, “The Crawling Hand”, estrelada por Christopher Lee,
apresenta um crítico de arte sendo atormentado pela mão decepada de um artista,
que passa a persegui-lo à procura de vingança. Em 1981 tivemos “A Mão” (The
Hand, 1981), de Oliver Stone, onde um cartunista tem a mão decepada num
acidente de carro, prejudicando sua profissão, enquanto mortes bizarras
acontecem envolvendo a mão decepada. E em “Evil Dead 2” (1987), de Sam Raimi, o
carismático Ash (Bruce Campbell) luta contra sua própria mão cortada que estava
possuída por um demônio.
“The Crawling Hand” (1963), de Herbert L. Strock, é outro filme abordando
a mesma temática, com fotografia original em preto e branco e com uma versão
colorizada por computador, disponíveis no “Youtube” com opção de legendas em
português.
Uma missão espacial americana
para a Lua é coordenada pelos cientistas Steve Curan (Peter Breck) e Dr. Max
Weitzberg (Kent Taylor). Porém, a missão falha e o foguete explode no espaço,
matando o astronauta Capitão Melvin Lockhart (Ashley Cowan, não creditado).
Destroços da cápsula espacial caem numa praia da Califórnia e um casal de estudantes
namorados, Paul Lawrence (Rod Lauren) e Marta Farnstrom (Sirry Steffen),
encontra um braço decepado com restos de traje espacial. Controlado por uma
força misteriosa fora do planeta, a “mão rastejante” (do título original) ganha
vida própria e começa a matar as pessoas e controlar a mente do jovem Paul,
despertando a investigação policial do xerife Townsend (Alan Hale Jr.).
A ideia básica do roteiro,
exagerada no escapismo ao explorar uma mão assassina com vida própria,
manipulada por algo de outro mundo e rastejando à procura de vítimas, é bem
interessante justamente por sua bizarrice, combinando com a sempre esperada diversão
no cinema fantástico bagaceiro. Mas, é lamentável constatar que em “The
Crawling Hand” os realizadores optaram por priorizar excessos de diálogos
entediantes, desperdiçando momentos preciosos com situações irrelevantes, num
ritmo arrastado e sonolento, em vez de investir mais nas cenas de ataques da
mão possuída, com efeitos práticos toscos simulando os movimentos próprios do
braço amputado assassino.
RR –
06/03/24)