"Eu
estou morta. Quando uma pessoa perde a vida devido a uma morte violenta, é
destinada a vagar pelo lugar onde morreu.” – Lady Susan Morgan
Para quem aprecia os filmes antigos do
gênero fantástico, o ciclo italiano de horror gótico certamente é
indispensável, com suas histórias de fantasmas e castelos assombrados. São
tantos filmes, principalmente dos anos 60 e 70 do século passado, que é árdua a
tarefa de pesquisa desse fascinante subgênero do cinema de horror.
“A Vingança de Lady Morgan” (La Vendetta
di Lady Morgan, 1965), também conhecido pelo título internacional “The
Vengeance of Lady Morgan” é mais uma preciosidade que merece registro, com
direção de Massimo Pupillo (creditado como Max Hunter) e fotografia em preto e
branco.
Na
Escócia de 1865, o Lord Harold Morgan (Paul Muller) está interessado num
casamento com Lady Susan Blackhouse (Barbara Nelli), uma bela jovem de família
rica e tradicional, sobrinha herdeira de Sir Neville Blackhouse (Carlo Kechler).
Porém, ela é apaixonada pelo arquiteto Pierre Brissac (Michel Forain), que misteriosamente
sofreu um suposto acidente à bordo de um barco em alto mar, escapando por pouco
da morte, e ficando internado num hospital com perda de memória.
Com o caminho livre, o casamento
acontece, e logo começa a surgir fatos estranhos no castelo da família, com a
chegada de novos e suspeitos empregados ligados ao Lord Harold, como a serviçal
Terry (Edith MacGoven), o violento mordomo Roger (Gordon Mitchell) e a bela e
misteriosa governanta Miss Lillian (Erika Blanc). Com suas habilidades de
hipnose ela consegue manipular a mente de Lady Morgan, que passa a ouvir vozes
e ter alucinações, perdendo a sanidade e sendo induzida ao suicídio. Ela então
retorna do mundo dos mortos como um fantasma vingativo à procura de justiça e para
recuperar o amor de Pierre, que recobrou a memória e retornou ao castelo.
A primeira metade de “A Vingança de Lady
Morgan” tem uma narrativa um pouco mais arrastada, com uma história clichê
sobre uma bela mulher sendo vítima do marido inescrupuloso interessado apenas
em sua fortuna, armando um plano maquiavélico para eliminá-la. Porém, depois o
roteiro investe nos aguardados elementos sobrenaturais do horror gótico, com
aparições fantasmagóricas e exploração dos cantos sombrios do castelo, com seu cemitério
sinistro no jardim envolto em névoa espessa e a mórbida masmorra no subsolo. Através
da vingança sangrenta do espírito de Lady Morgan (daí o título), com mortes
violentas num ambiente atmosférico.
A história bebeu na fonte do anterior
“Dança Macabra” (Castle of Blood, 1964), de Antonio Margheriti, outra
preciosidade italiana com Barbara Steele, ao explorar o mesmo tema dos
fantasmas atormentados que morreram violentamente e ficaram presos no castelo
onde viviam, necessitando desesperadamente do sangue dos vivos.
O ator suiço Paul Muller (1923 / 2016)
teve uma carreira longa, sendo um rosto conhecido em vários filmes de horror do
cineasta espanhol Jesus Franco. E Gordon Mitchell pode ser reconhecido em
diversos filmes italianos de western.
“A Vingança de Lady Morgan” foi lançado
em DVD no Brasil pela “Versátil” na coleção “Obras Primas do Terror – Gótico
Italiano” # 2, apresentado como material extra, ao lado de outros seis filmes
similares que complementam o box. Está também disponível no “Youtube” com
legendas em português.
"Não
queremos matá-lo. Precisamos somente do seu sangue. Você será nossa fonte de
vida. Não há saída. Seu destino está selado.” – dos fantasmas perturbados para
Neville Blackhouse, acorrentado na masmorra do castelo
(RR
– 09/11/22)