Na Nova Zelândia, um cientista
de meia idade, Zac Hobson (Bruno Lawrence), acorda na cama de um hotel e
descobre que está sozinho no mundo, todos desapareceram de forma misteriosa.
Ele procura insistentemente por outras pessoas através de mensagens de rádio e
caminhando pelos lugares desertos, sem sucesso. Refletindo sobre a situação,
desconfia que a causa do mistério esteja relacionada com algum acidente
envolvendo um projeto secreto em que trabalhava, sobre manipulação de uma fonte
de energia que circunda o planeta, uma parceria entre vários países numa típica
conspiração governamental. Desorientado e deprimido, ele passa a agir de forma
estranha, fingindo ser um ditador tirano, discursando para platéias
inexistentes, carregando um potente rifle nas mãos e disparando sem coerência,
ou blasfemando contra igrejas e imagens religiosas. Até que um dia, ele encontra
outras duas pessoas em locais diferentes, uma jovem mulher, Joanne (Alison
Routledge), e um homem maori, Api (Peter Smith), ambos igualmente atormentados
com o isolamento e falta de companhia. Agora juntos, eles tentam sobreviver num
planeta vazio, enquanto em paralelo surgem novos indícios misteriosos de crises
de instabilidade de energia, que podem afetar novamente a realidade das coisas.
Filmes com temática
pós-apocalíptica geralmente são interessantes, explorando o terrível sentimento
de estar sozinho no mundo. Nesse caso, a abordagem do roteiro preferiu investir
bem menos em cenas de ação e efeitos visuais, e bem mais no drama existencial
dos personagens, na tortuosa tarefa de entender o que se passa a sua volta e se
adaptar numa situação de isolamento forçado. Pois, é impossível não classificar
como no mínimo aterrador o fato de andar sozinho pelas ruas desertas, encontrando
carros abandonados sem motoristas, destroços de um avião caído em chamas sem
cadáveres carbonizados, lojas e bares sem atendentes, ou casas sem moradores,
num silêncio perturbador de uma “Terra Tranquila”, sem seres vivos.
Certamente um dos
destaques é a imagem final, de uma beleza visual impressionante e memorável, e
conteúdo de forte impacto, que merece figurar na galeria dos grandes finais ao
lado de filmes como “O Planeta dos Macacos” (1968) ou “O Dia Seguinte” (1983).
“Terra Tranquila” é um
filme de Ficção Científica com produção neozelandesa. A direção é de Geoff
Murphy, responsável por outros filmes do mesmo gênero como “Freejack – Os
Imortais” (1992), com o cantor Mick Jagger, e “A Fortaleza 2” (2000), com Christopher
Lambert. Faz parte dos produtivos e saudosos anos 80 do século passado, e para
a sorte dos colecionadores, foi lançado em DVD no Brasil pela “Cult Classics”,
apesar de praticamente sem materiais extras (apenas algumas fotos), e com um
erro na capa, informando em destaque o ano de produção como sendo 1983, sendo
que o correto é 1985.
“Terra
Tranquila” (The Quiet Earth, Nova Zelândia, 1985) # 575 – data: 09/06/12
(postado em 09/06/12)