Filmes abordados:
O Altar do Diabo (The Dunwich Horror, EUA, 1970)
Contos da Escuridão
(Tales of Tomorrow, EUA, 1951 / 1953, PB) série de TV – episódios “Frankenstein”, “O Ovo de Cristal”, “Encontro
em Marte”, “The Evil Within”
The
Earth Dies Screaming (Inglaterra, 1964, PB)
O Grito da Caveira (The Screaming Skull, EUA, 1958, PB)
O Mistério do Invisível (The Unseen, EUA, 1980)
Mystics
in Bali (Indonésia / Austrália, 1981)
Zombie Nightmare (Canadá, 1987)
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* O Altar do
Diabo (1970)
Produção
executiva de Roger Corman e história baseada em H. P. Lovecraft na tentativa de
retorno dos Antigos para dominar a Terra
“A lenda do Necronomicon diz que antigamente a Terra
era habitada por uma espécie de outra dimensão. Com certos cânticos do livro,
junto com antigos ritos de sacrifício, esta raça de outrora pode ser trazida de
volta.”
“O Altar do Diabo”, dirigido por Daniel Haller, é
baseado na história “The Dunwich Horror”, de H. P. Lovecraft, produzido pela
nostálgica “American International”, de James H. Nicholson e Samuel Z. Arkoff,
com produção executiva do “Rei dos Filmes B” Roger Corman, e elenco liderado por
Dean Stockwell e Sandra Dee, além dos veteranos Ed Begley e Sam Jaffe.
Um jovem estudioso de ocultismo, Wilbur Whateley (Dean
Stockwell), vive na pequena cidade de Dunwich em sua casa imensa e sinistra.
Ele é temido pelos supersticiosos e assustados moradores locais, depois que sua
mãe Lavinia (Joanna Moore Jordan) enlouquece após o parto e é internada num
hospício. Ele tenta através dos ensinamentos do raro, poderoso e proibido livro
“Necronomicon”, e com um ritual de sacrifício humano no “altar do diabo”, da
bela e jovem Nancy Wagner (Sandra Dee), abrir um portal que permitiria a
entrada dos “Antigos”, uma raça ancestral de outra dimensão, que habitava nosso
planeta em tempos imemoriais, reassumindo o controle da Terra e destruindo a
raça humana.
Para tentar combatê-lo e impedir o retorno dos
“Antigos” ao nosso mundo, o Dr. Henry Armitage (Ed Begley), professor de
filosofia da Universidade de Arkham, une forças com o médico Dr. Cory (Lloyde
Bochner), de Dunwich, e juntos seguem de perto os passos do jovem ocultista,
principalmente depois que o livro “Necronomicon” é roubado.
Filme de horror com uma atmosfera sinistra constante,
explorando vários elementos presentes na mitologia dos “Mitos de Cthulhu”,
criada por Lovecraft, com citações ao livro “Necronomicon” e à entidade cósmica
maléfica “Yog-Sothoth”. A diversão é garantida, graças à presença de Roger
Corman nos bastidores e pelo elenco interessante, formado por jovens em
ascensão na época como Dean Stockwell e Sandra Dee, ou pelos veteranos Ed
Begley e Sam Jaffe, rostos conhecidos por longas carreiras em séries diversas
de TV. Mas, o resultado final certamente poderia ser ainda mais interessante
com uma exploração maior das criaturas indizíveis de Lovecraft, algo que ficou
mais restrito pelas questões de orçamento reduzido.
Entre as curiosidades, o filme foi exibido dublado na
televisão brasileira na extinta TV Manchete, na Sessão “Terça Especial”, de
onde gravei em VHS entre os anos 80 e 90 do século passado, e passei depois
para a mídia DVD. Em 2009 tivemos outra versão, produzida pela “Nu Image”,
conhecida pelas bagaceiras de seu catálogo. O elenco tem o cultuado ator Jeffrey
Combs (de “Re-Animator”) como Wilbur e novamente Dean Stockwell, só que em outro
papel, interpretando o Dr. Henry Armitage. O filme foi lançado em DVD por aqui
pela “Focus Filmes” com o nome “Bruxas”.
“... e com o portão aberto, os Antigos vão passar. O
Homem governa agora o que eles governavam antes. Eles aguardam pacientes e
potentes. E por aqui eles reinarão de novo. E governarão por onde antes
caminhavam...”
(RR – 07/01/18)
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* Contos da Escuridão (1951 / 1953)
Primeira série
de TV de Ficção Científica dos longínquos anos 1950: indispensável para os
apreciadores do cinema fantástico bagaceiro
“Contos da Escuridão” (Tales of
Tomorrow, EUA, 1951/53) foi uma série de televisão com fotografia em preto e
branco, produção de baixo orçamento, apresentando antologias de episódios
independentes com aproximadamente trinta minutos de duração. Eram histórias
básicas de ficção científica, encenadas pelos atores, sem gravações e
transmitidas ao vivo pela televisão. Os elencos contavam com muitos atores que
já eram conhecidos na época ou que se tornaram bem sucedidos nas carreiras que
se seguiram. É considerada a primeira série de TV americana a tratar
especificamente o tema da ficção científica, sendo seguida por outras similares
extremamente cultuadas pelos fãs, como “Além da Imaginação” (The Twilight Zone)
e “Quinta Dimensão” (The Outer Limits).
A série teve duas temporadas, sendo que a primeira
entre 1951 e 1952 teve 42 episódios, e a segunda, entre 1952 e 1953, teve 43
episódios. No Brasil, foram lançados apenas três episódios num único DVD,
através da antiga “Works” (também conhecida por “Dark Side”), que está fora de
catálogo há muito tempo. Os episódios são “Frankenstein”, “O Ovo de Cristal” e
“Encontro em Marte”. Também tive acesso ao episódio “The Evil Within”, baixado
do blog “Cine Space Monster” e legendado em português.
Pelo título escolhido no Brasil, vale ficar atento
para não confundir com outra série de mesmo nome, “Tales From the Darkside”
(1983 / 1988), e que também teve um filme em 1990, no formato de antologia com
três histórias.
Seguem comentários e curiosidades sobre esses quatro
episódios citados, de uma série rara, divertida e altamente recomendada para os
apreciadores e colecionadores das nostálgicas bagaceiras do cinema fantástico
de meados do século passado.
“Frankenstein”
A famosa obra literária de Mary Shelley, adaptada à
exaustão pelo cinema, também foi utilizada para a produção do episódio homônimo
“Frankenstein”, que traz Lon Chaney Jr. no papel do monstro criado
artificialmente a partir de restos de cadáveres, pelas mãos e mente brilhante
do cientista Victor Frankenstein (John Newland). Porém, ao despertar para a
vida pela ação de eletricidade e aparelhos científicos complexos e bizarros, a
enorme criatura deformada fica confusa e não entende sua condição de monstro
feito de partes de corpos humanos mortos e age com violência e irracionalidade,
colocando em risco a vida da noiva do cientista, Elizabeth (Mary Alice Moore) e
de seu pai (Raymond Bramley), além dos empregados, Matthew (Farrell Pelly) e
Elise (Peggy Allenby), que trabalham no imenso castelo do século XVI isolado no
meio de um lago, onde o cientista montou seu laboratório.
Como o episódio foi apresentado ao vivo pela
televisão, existe uma curiosidade sobre a participação de Lon Chaney Jr., ator
mais conhecido como o lobisomem no clássico da “Universal” de 1941, e por
diversas outras bagaceiras do cinema fantástico. Ele estaria bêbado em cena,
não percebendo que estava ao vivo no cenário, e uma vez pensando se tratar de
apenas um ensaio, teve o cuidado de não quebrar uma cadeira que deveria ser
arremessada no chão, levantando-a para o alto com força excessiva e depois
colocando em seu lugar novamente com cuidado, mantendo-a intacta. Essa cena é
claramente perceptível.
“O Ovo de
Cristal”
O escritor inglês H. G. Wells é um dos grandes nomes
da literatura de ficção científica, com vários de seus livros e contos
transformados em filmes cultuados como “A Guerra dos Mundos”, “A Máquina do
Tempo”, “A Ilha do Dr. Moreau”, “Os Primeiros Homens na Lua”, “O Homem
Invisível”, “Daqui a Cem Anos”, “Viagem à Lua”, etc.
Sua obra também inspirou a produção do episódio “O Ovo
de Cristal”, onde um cientista renomado, Prof. Frederick Vaneck (Thomas
Mitchell) recebe a visita do dono de um antiquário, Sr. Cave (Edgar Stehli),
que lhe traz um misterioso artefato, um “ovo de cristal”, para ser analisado e
avaliado, depois que um homem estranho, Walker (Gage Clark), demonstrou um interesse
incomum em comprá-lo a todo custo. Após trabalhar por incontáveis horas
estudando o objeto, o cientista acaba ficando obcecado por seus mistérios
depois que consegue visualizar através dele a superfície de outro planeta, e de
descobrir que estamos sendo observados por marcianos.
O ator Thomas Mitchell já era muito experiente e
conhecido na época, tendo participado de clássicos como o western “No Tempo das
Diligências”, o drama “... E o Vento Levou” e o horror “O Corcunda de Notre
Dame”, todos de 1939. Esse episódio tem uma história muito interessante ao
abordar o mistério por trás do ovo de cristal e sua relação com uma conspiração
alienígena, destacando a cena onde um marciano tosco típico do cinema bagaceiro
do período está espionando a Terra.
“Encontro em
Marte”
Um grupo de três astronautas viaja pelo espaço sideral
até Marte numa missão de exploração de minérios, descobrindo grande quantidade
de urânio, extremamente valioso e que os deixaria ricos na Terra. O grupo é
formado pelo piloto da nave Capitão Robert (Leslie Nielsen), Bart (William
Redfield) e Jack (Brian Keith). Eles encontram um planeta árido coberto por
arbustos estranhos e pedras para todos os lados, e aparentemente sem pessoas ou
vida inteligente, com um incômodo e constante uivo de fortes ventos. Sem os
monstros verdes de olhos esbugalhados e fogo saindo da boca, idealizados pela
cultura popular. Porém, começam a ocorrer graves crises de relacionamento entre
eles, com brigas, discussões e acessos de loucura e violência, evidenciando características
típicas da raça humana como ganância e desconfiança, levando o grupo para um
fim trágico.
O ator canadense Leslie Nielsen estaria depois no
clássico “Planeta Proibido” (1956), um dos mais importantes filmes da história
do cinema de FC, e curiosamente muitos anos mais tarde seu nome seria
eternamente relacionado ao gênero comédia, com uma infinidade de títulos na
carreira como “Apertem os Cintos... o Piloto Sumiu”, “Corra Que a Polícia Vem
Aí”, “Drácula – Morto, Mas Feliz”, “Mr. Magoo”, “2000.1 – Um Maluco Perdido no
Espaço”, etc.
“The Evil
Within”
O cientista Peter (Rod Steiger) está trabalhando
arduamente num soro especial que estimula os sentimentos ruins internos das
pessoas. Sem testar ainda em seres humanos, ele traz o experimento para casa
para mantê-lo refrigerado, uma vez que a geladeira de seu laboratório quebrou.
Em casa, sua esposa dedicada Anne (Margaret Phillips) está incomodada com a
vida solitária, sem a atenção do marido ocupado com o trabalho científico, e
reclama da situação desconfortável no casamento. As coisas se complicam ainda
mais depois que um acidente fez com que ela ingerisse um pouco da poção química
sem perceber e seu comportamento e personalidade transformaram-se, trazendo à
tona o seu “mal interno” do título. Agora, o cientista precisará encontrar um
antídoto para salvar a esposa.
Esse episódio lembra a ideia básica de “O Médico e o
Monstro”, livro de Robert Louis Stevenson que foi adaptado incontáveis vezes no
cinema. O ator James Dean, que fez uma participação minúscula como Ralph, o
ajudante do cientista, teve uma carreira curta falecendo num acidente de carro
em 1955, apenas com 24 anos de idade. Ele já era um ator cultuado, apesar de
muito jovem, por participações em clássicos como “Juventude Transviada” e
“Vidas Amargas” (ambos de 1955). Rod
Steiger (1925 / 2002) também foi outro ator com nome bastante reconhecido por
sua carreira bem sucedida com quase 150 créditos.
(RR – 20/01/18)
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* The Earth Dies Screaming (1964)
“A Terra Morre
Gritando” numa divertida
produção bagaceira inglesa de invasão alienígena
Um dos sub-gêneros mais divertidos do cinema
bagaceiro de ficção científica dos anos 50 e 60 do século passado certamente
foi aquele que abordava o tema de invasão alienígena. Existe uma quantidade
imensa de filmes desse período com roteiros explorando o drama da humanidade
tentando sobreviver ao enfrentar uma invasão de criaturas hostis vindas do
espaço sideral com propósitos de conquista. Seja por causa dos valiosos
recursos naturais ou simplesmente pelo domínio de uma raça inferior em
tecnologia e força militar.
“The Earth Dies Screaming” é uma produção
inglesa com fotografia em preto e branco que tem um título original sonoro e
sensacionalista, típico dos filmes bagaceiros do gênero fantástico daquele
período, e que foi dirigida por um especialista na área. Terence Fisher foi o
principal cineasta da lendária e cultuada produtora inglesa “Hammer”, sendo o
responsável por diversos filmes clássicos que ficaram eternizados na história
do gênero como “A Maldição de Frankenstein” (The Curse of Frankenstein, 1957) e
“O Vampiro da Noite” (Horror of Dracula, 1958), ambos com os ícones Christopher
Lee e Peter Cushing.
Escrito por Harry Spalding (creditado como
Henry Cross), o filme é curto com apenas 62 minutos de duração, e mostra um
vilarejo no interior da Inglaterra onde os moradores são mortos misteriosamente.
Jeff Nolan (Willard Parker) é um piloto de testes americano em exercícios
militares na Inglaterra e que ao aterrissar seu avião encontra uma cidade em
silêncio e com várias pessoas mortas espalhadas pelo chão. Ao investigar o
mistério, ele encontra num hotel outros sobreviventes, Quinn Taggart (Dennis
Price) e Peggy Hatton (Virginia Field), além do casal formado por Edgar Otis
(Thorley Walters) e a esposa Violet Courtland (Vanda Godsell), que se
recuperavam de um acidente com seu carro.
O pequeno grupo de sobreviventes especula
sobre o mistério ao redor e acham que a cidade sofreu um ataque de gás
venenoso, fato que poderia explicar as mortes repentinas dos habitantes e sem
traços aparentes de violência física. E então surge outro casal, dessa mais bem
mais jovem, formado por Mel Brenard (David Spenser) e a mulher grávida Lorna
(Anna Palk). Enquanto tentam entender a origem do caos, encontram robôs
humanoides assustadores caminhando pelas ruas silenciosas com cadáveres
espalhados, e são atacados pelos mortos que voltam a andar como zumbis escravos
controlados pelos robôs, com seus olhos esbugalhados como bolas cinzas.
Restando apenas lutar pela sobrevivência enquanto “A Terra Morre Gritando”...
O filme é uma produção tranqueira de baixíssimo orçamento
abordando o tema da invasão alienígena, com uma atmosfera sinistra de mistério
e a presença de robôs alienígenas toscos ao extremo, além de mortos caminhando
novamente sobre a Terra. A especulação sobre uma guerra com gases venenosos nos
remete à paranóia da guerra fria daquele conturbado período tenso que a
humanidade vivia após a Segunda Guerra Mundial, com a ameaça de um holocausto
nuclear causado pelas potências opostas da época, Estados Unidos e a antiga
União Soviética.
O ritmo é arrastado em alguns momentos, mas isso não
chega a prejudicar o entretenimento por causa da curta duração com pouco mais
de uma hora de filme. Os robôs são bizarros e lentos, criação de uma tecnologia
superior de alguma raça de outro planeta, e possuem poderes para matar facilmente
os humanos apenas com um toque. Os zumbis são toscos, com seus olhos inertes,
seguindo obedientes os comandos das máquinas. “The Earth Dies Screaming” é o
cinema fantástico bagaceiro dos anos 60, divertido e indispensável para os
apreciadores do gênero.
Curiosamente, algumas cenas do clássico “Aldeia dos
Amaldiçoados” (1960) foram inseridas no início do filme antes dos créditos de
abertura, a queda de um avião explodindo com o impacto e um carro se chocando
contra um muro.
(RR – 06/12/17)
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* O Grito da
Caveira (1958)
“Nós garantimos
enterrá-lo sem custos se você morrer de susto durante O Grito da Caveira” – jogada de marketing dos produtores
“O Grito da Caveira é um filme que atinge
seu clímax num horror chocante. Seu impacto é tão terrível que pode causar um
efeito imprevisto. Pode até matá-lo. Portanto, seus produtores garantem
serviços funerários gratuitos para quem morrer de susto enquanto assistir O
Grito da Caveira”.
No final dos anos 1950, uma época de ouro do cinema
fantástico bagaceiro, vários filmes de baixo orçamento do produtor e cineasta
William Castle receberam um tratamento diferenciado e criativo na área de
marketing e divulgação, despertando a atenção e curiosidade do público para ir
aos cinemas. Utilizando técnicas interativas para assustar os espectadores como
poltronas que tremem e dão pequenos choques elétricos, fornecimento de apólices
de seguro de vida para quem morresse durante a exibição do filme, ou o uso de um
esqueleto humano iluminado movimentado por um complexo mecanismo de polias,
cordas e correias, que era arremessado por cima das pessoas. Inspirado por esse
marketing inusitado de William Castle, os produtores de “O Grito da Caveira”
(The Screaming Skull, 1958), Thomas F. Woods e John Kneubuhl (também autor do
roteiro), igualmente entraram na onda e prometeram pagar os serviços funerários
de quem morresse de susto durante a projeção do filme (conforme atestam a
tagline e a narração de introdução reproduzidas acima).
No filme, dirigido por Alex Nicol (mais conhecido pela
carreira de ator coadjuvante), Eric Whitlock (John Hudson) se casa com Jenni
(Peggy Webber) e juntos vão morar no casarão de Eric, que utilizava quando
ainda era casado com Marianne, morta num trágico acidente doméstico, ao se
afogar num pequeno lago após escorregar num dia de forte chuva.
Jenni tenta ser feliz ao lado do marido, após enfrentar
uma fase conturbada com problemas psicológicos num hospital psiquiátrico por
causa da morte dos pais afogados num acidente de barco. Na mansão ainda vive o
suspeito jardineiro Mickey (Alex Nicol), um homem com retardamento mental que
cuida do imenso jardim que rodeia a casa, e continua sentindo uma devoção
exagerada à antiga patroa falecida. E entre os amigos do casal temos os
vizinhos Reverendo Edward Snow (Russ Conway) e sua esposa (Tony Johnson).
Os problemas se iniciam quando Jenni é atormentada por
gritos na escuridão da noite e com a suposta presença fantasmagórica da
falecida primeira esposa de seu marido, além de uma misteriosa caveira que está
constantemente perseguindo-a para desestabilizar o seu já fragilizado estado
psicológico. Apavorada, o estado mental dela vai progressivamente piorando,
confusa com os acontecimentos sinistros da casa e do passado trágico envolvendo
a morte perturbadora de Marianne.
“O Grito da Caveira” tem fotografia em preto e branco
e uma duração curta, com apenas 68 minutos. É uma produção de orçamento
reduzido, poucos personagens (apenas 5), uma história clichê e ingênua com
elementos de horror que talvez pudessem assustar as platéias mais sensíveis de
meados do século passado, mas que atualmente dificilmente causaria algum
desconforto. Os efeitos especiais da “caveira que grita” são patéticos de tão
hilários. Porém, são exatamente esses ingredientes típicos do cinema fantástico
bagaceiro daquele período que resultam na diversão dos apreciadores dessas
tranqueiras. Temos uma atmosfera sinistra de um casarão envolto em
manifestações sobrenaturais, um fantasma atormentado em busca de vingança e
paz, uma mulher lutando para manter sua instável sanidade, e a jogada de
marketing promocional com um caixão nos cinemas reservado para quem morresse de
susto durante a exibição do filme.
Curiosamente, “O Grito da Caveira” também recebeu
outro nome alternativo nacional: “A Maldição na Noite de Núpcias”.
(RR – 19/12/17)
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* O Mistério
do Invisível (1980)
O desconhecido
traz o terror. O invisível... a morte
Uma equipe de mulheres jornalistas de televisão
formada por Jennifer Fast (Barbara Bach), sua irmã Karen (Karen Lamm) e Vicki
Thompson (Lois Young), está a caminho da pequena cidade americana Solvang, no
Estado da California, para cobrir uma festa tradicional da região. Porém, com
todas as vagas nos hotéis esgotadas, elas procuram alternativas de hospedagem e
encontram uma improvável oportunidade na casa do zelador de um antigo museu que
foi hotel no passado, Ernest Keller (Sydney Lassick). Ele é um homem simpático
e bom anfitrião, mas também tem comportamentos estranhos e esconde um
misterioso segredo no porão.
Sua irmã Virginia (Lelia Goldoni) fica extremamente
preocupada com a chegada imprevista das convidadas, e sempre está triste,
assustada e com um olhar deprimido e perturbado, ocultando o “mistério do
invisível”, representado por uma criatura demente que vive no porão (“Junior”,
interpretado por Stephen Furst).
Enquanto a repórter Jennifer faz seu trabalho, sabemos
que está grávida e enfrentando uma crise conjugal com o namorado Tony Ross
(Douglas Barr), um ex-jogador de futebol americano que teve que desistir da
carreira por causa de uma grave lesão na perna.
O que todas elas não esperavam é que uma aparente
simples estadia iria se transformar num pesadelo quando suas vidas são
ameaçadas pelo que está escondido no porão, além de enfrentar o suspeito
anfitrião que ofereceu sua casa para elas.
“O Mistério do Invisível” é um filme irregular, com
alguns momentos arrastados lembrando apenas um thriller comum daqueles
produzidos para a televisão. Mas, também tem boas cenas de tensão e atmosfera
sinistra na exploração do “mistério do título”, na especulação sobre quem vive
oculto no porão, sua origem, motivações e atos com conseqüências trágicas. O
desfecho ainda reserva uma longa sequência de confronto com perseguições, lutas
desesperadas e insanidade.
O elenco é composto por poucos atores e as atuações
são muito boas, principalmente Sydney Lassick, que faz um homem gentil e
brincalhão e ao mesmo tempo sinistro e insano, convidando as mulheres para a
morte. E também Stephen Furst, que aparece pouco, mas de forma intensa no papel
do demente que vive no porão.
Entre as várias curiosidades, o diretor e também autor
do roteiro Danny Steinmann (1942 / 2012), que tem em seu pequeno currículo um
filme da franquia do popular psicopata Jason Voorhees (“Sexta-Feira 13 Parte 5:
Um Novo Começo”, 1985), não gostou do corte final do filme, com a retirada de
várias cenas assustadoras, e decidiu assinar com o pseudônimo Peter Foleg.
Stan Winston, cultuado mestre em efeitos especiais, falecido
em 2008, foi um dos co-autores da história, sendo que uma primeira versão
(depois bastante modificada) foi de autoria de Kim Henkel, o criador de “O
Massacre da Serra Elétrica” junto com Tobe Hooper.
A atriz Barbara Bach, que em “O Mistério do Invisível”
grita e luta desesperadamente por sua vida, participou também da divertida
bagaceira italiana “A Ilha dos Homens-Peixe” (1979). Ela é casada com Ringo
Starr, o baterista da lendária banda “The Beatles”.
(RR –
01/01/18)
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* Mystics in
Bali (1981)
Magia Negra,
cabeça voadora assassina, efeitos toscos e atores péssimos: Mystics in Bali é um filme de horror
bagaceiro produzido na Indonésia
“Mystics in Bali” é uma tranqueira produzida na
Indonésia em parceria com a Austrália, também conhecido pelo título alternativo
“Leák”. Com direção de H. Tjut Djalil, a história mistura elementos de magia negra,
feitiçaria e vampirismo, apresentando uma cabeça voadora com órgãos internos
pendurados, em efeitos precários e com um elenco extremamente ruim.
Uma escritora americana, Catherine Kean (Ilona Agathe
Bastian), está em Bali (uma ilha localizada na Indonésia) para pesquisar
informações sobre a antiga, estranha, misteriosa e poderosa magia negra “leák”,
com o objetivo de escrever um livro sobre o assunto. Ela é auxiliada pelo
namorado Mahendra (Yos Santo), nativo da região, e consegue um contato noturno e
sinistro com uma feiticeira, uma rainha leák (interpretada por Sophia W. D.
quando velha, e por Cinthya Dewi quando jovem).
A poderosa bruxa, com voz gutural, aceita passar os
ensinamentos da magia para a ingênua Cathy, que se torna uma discípula das trevas
e se transforma eventualmente numa criatura assassina e vampira à procura de
sangue e carne de suas vítimas, sendo que sua cabeça, agarrada à espinha,
pulmões e intestinos, se separa do corpo e voa em busca de alimento. Mahendra
tenta salvá-la da maldição e pede ajuda ao seu tio Machesse (W. D. Mochtar) e
outros religiosos para combater a rainha leák e libertar a namorada Cathy de
seu domínio maléfico.
Com esse roteiro absurdo já dá para imaginar a imensa
tranqueira que é “Mystics in Bali”, um filme tão ruim que o espectador torce
para que acabe logo, mas isso somente ocorre depois de seus longos 87 minutos.
Os atores são muito inexpressivos, artificiais e tão amadores que chegam a
incomodar pela precariedade das atuações. A rainha leák dá tantas gargalhadas
histéricas irritantes que nos incentivam a avançar o filme minimizando o
incômodo. Sem contar a dança ridícula do ritual de magia negra.
Os efeitos são extremamente bagaceiros, principalmente
a tal criatura demoníaca que é a cabeça voadora de Cathy possuída, arrastando
as tripas pelos ares. Tem também uma mão decepada que caminha sozinha, o
tentáculo enorme em forma de língua da bruxa leák, as cenas de transformação
dela e da discípula Cathy em animais como porcos e outras criaturas gosmentas,
além dos vômitos verdes misturados com ratos vivos e o duelo de feiticeiros
transformados em bolas de fogo numa guerra patética de raios, entre outras
bizarrices. Mas, onde normalmente isso seria um motivo para agregar valor como
entretenimento para os apreciadores de filmes toscos, acaba surtindo um efeito
contrário por causa da ruindade extrema geral do filme, desde a história
sofrível até as atuações inacreditavelmente inexpressivas.
(RR – 22/12/17)
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* Zombie
Nightmare (1987)
Adam West +
Motorhead + zumbi tosco = bagaceira oitentista canadense
Nos créditos iniciais temos a música “Ace of Spades”,
da lendária banda inglesa “Motorhead”, apenas uma de várias outras de heavy
metal que participam da trilha sonora como “Girlschool”, “Virgin Steele”,
“Thor” e “Battalion”, que desfilam sua música ao longo do filme. Tem também o
ator cultuado da televisão Adam West (falecido em 2017 aos 88 anos), um rosto
reconhecido como Bruce Wayne (Batman) da série homônima de TV dos anos 1960,
pastelão e tranqueira ao extremo. Completa ainda um único zumbi, tosco e super
bagaceiro, ressuscitado dos mortos em busca de vingança contra seus assassinos.
O resultado é “Zombie Nightmare”, produção canadense de 1987 dirigida por Jack
Bravman a partir de roteiro de John M. Fasano.
Tony Washington (o cantor Jon Mikl Thor, líder
fundador da banda “Thor”, na ativa desde 1977), é um jovem que morre num
acidente trágico, atropelado por um carro guiado por Jim Batten (Shawn Levy),
um adolescente acéfalo e rebelde, que não respeita ninguém e lidera um grupo
ainda formado por dois casais de namorados, Peter (Hamish McEwan) e Susie
(Manon E. Turbide), e Bob (Allan Fisher) e Amy (Tia Carrere, atriz que
conseguiu algum destaque posterior na carreira). Tony volta do mundo dos
mortos, invocado num ritual de magia negra pela bruxa Molly Mokembe (Manuska
Rigaud), e sai de seu túmulo para se vingar daqueles que causaram sua morte
violenta.
Paralelamente, com a ocorrência de mortes estranhas
dos jovens rebeldes, a polícia entra em cena com a investigação do jovem
detetive Frank Sorrell (Frank Dietz), auxiliado pelo veterano chefe Capitão Tom
Churchman (Adam West). Eles tentam descobrir o mistério por trás dos
assassinatos com toques sobrenaturais, evidenciando o tal “pesadelo zumbi” do
título.
“Zombie Nightmare” tem um nome sonoro e chamativo, mas
é um filme extremamente ruim, mal feito e datado. Trata-se apenas de um exemplo
do cinema bagaceiro oitentista com pouca diversão, valendo conhecer
exclusivamente por curiosidade.
Exceto pela música do “Motorhead” e pela presença do
eterno canastrão Adam West, mesmo somente a partir da metade do filme, pouca coisa
se salva. A história, repleta de furos, é um clichê totalmente sem interesse,
cansativo e arrastado. As interpretações do elenco são amadoras. O zumbi
vingativo tem uma maquiagem péssima e sua atuação nas cenas de mortes é bem
patética. Aliás, as mortes também são bem discretas.
Curiosamente, num momento em que o zelador de uma
academia de ginástica está dormindo em serviço, permitindo o ataque do zumbi em
seu plano de vingança, podemos ver que em seu colo tem uma revista “Fangoria”,
cuja capa mostra o líder dos caminhões que ganharam vida própria na tranqueira
“Comboio do Terror” (Maximum Overdrive, 1986), dirigido por Stephen King e
baseado em seu conto.
(RR – 05/01/18)
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