O Cérebro (The Brain, EUA / Canadá, 1988)




Na pequena cidade americana de Meadowvale, existe um Instituto de Pesquisas Psicológicas (com uma arquitetura futurista que mais parece uma gigantesca nave espacial), que é dirigido pelo “cientista louco” Dr. Anthony Blakely (David Gale), auxiliado pelo violento enfermeiro Verna (George Buza). Ele tem um programa de TV chamado “Pensamento Independente”, com o suposto objetivo de ajudar as pessoas com seus conflitos interiores. Mas, o que interessa mesmo é a lavagem cerebral e o controle da mente de seus telespectadores, induzindo-os a cometer assassinatos e suicídios sob a influência de terríveis alucinações. Alimentando com suas ondas cerebrais e às vezes até literalmente com suas próprias carnes, uma criatura alienígena similar a um enorme cérebro, que pretende dominar o mundo. Porém, surge em seu caminho um casal de namorados adolescentes fúteis, o rebelde Jim Majelevski (Tom Breznahan), e a bela Janet (Cindy Preston), que resiste ao seu controle e tenta alertar as pessoas sobre sua existência ameaçadora.   
O Cérebro” (The Brain, EUA / Canadá, 1988) tem direção de Edward Hunt e roteiro de Barry Pearson, que fizeram juntos alguns outros filmes do gênero como “Plague” (1979), “Aniversário Sangrento” (1981) e “Alien Warrior” (1986). É um típico filme bagaceiro que até lembra um pouco aquelas divertidas tranqueiras dos anos 50 do século passado, com sua estética de produção barata, história bizarra, personagens patéticos e efeitos toscos.
Algumas cenas são tão ruins que até ficam hilárias, com direito a decapitação com um machado sem uma única gota de sangue, ou um ataque de motosserra rasgando a barriga de uma vítima, também sem a presença do líquido vermelho, que deveria jorrar em profusão, ou ainda uma cabeça sendo arrancada do corpo com um simples soco. Sem contar a total displicência do roteiro, totalmente desinteressado com detalhes ou coerência, citando como exemplo o simples fato do cérebro alienígena aparecer do nada e devorar suas vítimas, não esclarecendo como seria sua inverossímil locomoção.
Porém, por outro lado, a despeito do desfile de bobagens do roteiro, é interessante ressaltar uma pertinente crítica aos meios de comunicação, principalmente a televisão, pelos métodos utilizados para manipular as pessoas (nesse caso, incitando-as à violência e tornando-as marionetes sob o controle do “Cérebro”).   
Por curiosidade, vale registrar que o ator inglês David Gale (1936 / 1991), fez o papel alguns anos antes do igualmente “cientista louco” Dr. Carl Hill, no sangrento e cultuado “Re-Animator” (1985), onde também perdeu literalmente a cabeça. E que o filme já foi lançado no Brasil em VHS pela “Tec Home”, porém aguarda ainda alguma distribuição em DVD.   

O Cérebro” (The Brain, EUA / Canadá, 1988) # 573 – data: 30/01/12
(postado em 30/01/12)





Jornada nas Estrelas - A Série Animada (Star Trek - The Animated Series, EUA, 1973 / 75)



O espaço, a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise em sua missão de cinco anos para a exploração de novos e estranhos mundos, para pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve.



“Jornada nas Estrelas” (Star Trek), cultuada série de TV de Ficção Científica dos anos 60 do século passado, uma das mais importantes e significativas de toda a história do gênero, também ganhou uma versão animada. São 22 episódios de aproximadamente 23 minutos de duração, produzidos entre 1973 e 1975, utilizando as mesmas vozes dos atores originais como William Shatner (Capitão Kirk), Leonard Nimoy (Sr. Spock) e DeForest Kelley (Dr. McCoy), entre outros. 
A produção é simples, mas ainda assim trata-se de material de primeira qualidade, principalmente pelas histórias instigantes, onde os roteiristas aproveitaram a mídia de animação para extrapolar suas ideias, que normalmente teriam alto grau de dificuldade em serem retratadas com fidelidade na série com os atores de carne e osso, por questões óbvias de orçamento e restrições técnicas. Sendo assim, temos nessa série animada a presença de uma grande variedade de planetas exóticos, alienígenas disformes, criaturas aladas e monstros gigantes, entre os incontáveis seres e raças que povoam a galáxia.  
Foi lançada em DVD no Brasil num pack com 4 discos pela “Paramount”, em versão original em inglês, com opcionalidade de legendas em português.

Segue a lista de episódios com breves sinopses (pode conter pequenos e eventuais “spoilers”):
1 – Além da Estrela Mais Distante (Beyond the Farthest Star, 08/09/1973). Roteiro de Samuel A. Peeples. A Enterprise está numa missão de rotina quando recebe misteriosos sinais de rádio. Ao investigar a origem, encontra uma imensa nave alienígena vazia orbitando uma estrela morta há mais de 300 milhões de anos. Em seu interior existe apenas uma poderosa entidade maligna que se apossa da Enterprise, obrigando sua tripulação a agir com astúcia e inteligência para retomar o controle. 

2 – Perdido no Esquecimento (Yesteryear, 15/09/1973). Roteiro de D. C. Fontana. Ao retornarem de uma viagem num portal do tempo mantido por um guardião, para observar a origem da Federação, o Capitão Kirk e o Oficial Spock enfrentam um dilema estranho causado por alguma interferência no passado: ninguém na Enterprise reconhece o Sr. Spock, que foi substituído por um andoriano, o Comandante Thelin. Para desfazer a confusão, Spock volta ao passado através do portal para tentar ajustar novamente a linha de tempo.

3 – Está Faltando Um Planeta (One of Our Planets is Missing, 22/09/1973). Roteiro de Marc Daniels. Uma misteriosa e gigantesca nuvem cósmica formada de matéria e energia está na borda externa da galáxia. O comando da frota estelar envia a Enterprise para investigar e descobre que trata-se de um organismo vivo que consome planetas. Para impedir a destruição iminente de Mantilles, um planeta populoso na rota da nuvem, a nave penetra em seu interior e Spock tenta comunicação mental com a criatura para convencê-la a não se alimentar de planetas habitados.

4 – O Canto das Sereias (The Lorelei Signal, 29/09/1973). Roteiro de Margaret Armen. A Enterprise está a caminho de um setor remoto da galáxia para investigar o desaparecimento misterioso de muitas naves espaciais. Eles encontram um planeta e decidem descer com um grupo na superfície. Lá encontram fascinantes arquiteturas e belíssimas mulheres, que sugam a energia apenas dos homens, obrigando a Oficial de Comunicações Uhura a assumir o comando da nave e liderar uma equipe feminina de resgate dos homens no planeta. 

5 – Mais Pingos, Mais Problemas (More Tribbles, More Troubles, 06/10/1973). Roteiro de David Gerrold. Nesse episódio recheado com elementos de humor, a Enterprise está escoltando duas pequenas naves robôs carregadas de trigo para alimentar os colonos do planeta Sherman, que perderam suas colheitas. Porém, no caminho encontram um cruzador de batalha Klingon perseguindo uma nave menor. Kirk então decide teleportar o piloto para o interior da Enterprise, iniciando um conflito com a nave Klingon, que apresenta uma nova arma de combate, um raio que imobiliza os inimigos. O piloto em fuga é o já conhecido encrenqueiro e comerciante intergaláctico Cyrano Jones, que novamente traz consigo os famosos “pingos”, pequenas criaturas peludas que dessa vez foram modificadas geneticamente e em vez de se reproduzirem desenfreadamente como de costume, eles agora engordam de forma descomunal ao se alimentarem, fazendo jûs ao título do episódio.  

6 – O Sobrevivente (The Survivor, 13/10/1973). Roteiro de James Schmerer. Numa patrulha de rotina na fronteira da Zona Neutra Romulana, a Enterprise desvia o curso para resgatar uma pequena nave avariada com um único passageiro, o famoso e rico negociante comercial Carter Winston, desaparecido há cinco anos e conhecido por suas ações de caridade ajudando com dinheiro as colônias da Federação em momentos de crise. Porém, o visitante revela-se um vendoriano que tem a capacidade de assumir a forma de objetos e outros tripulantes, fazendo parte de uma armadilha dos romulanos para capturar a Enterprise. Nesse episódio não falta o caracterítico desfecho com pitadas de ótimo bom humor nos diálogos entre Kirk, Spock e o Dr. McCoy.   

7 – Spock ao Infinito (The Infinite Vulcan, 20/10/1973). Roteiro de Walter Koenig. A Enterprise investiga um novo planeta descoberto há pouco tempo na galáxia, chamado Filos, e habitado por uma civilização tecnológica de criaturas botânicas inteligentes. Eles são liderados por um mestre humano gigante, o cientista Dr. Stavos Keniclius 5, que no passado ajudou-os a impedir sua extinção ao combater uma doença que aniquilou boa parte da população local. O líder dos alienígenas tem por objetivo criar uma raça perfeita para uma missão pacificadora na galáxia acabando com os conflitos, e decide utilizar a mente avançada de Spock para criar um clone mestre gigante, cabendo ao trio formado por Kirk, McCoy e Sulu contornar o incidente e impedir a morte do Spock original. Curiosamente, esse episódio foi escrito por Walter Koenig, que foi o Tenente Pavel Checov da tripulação da Enterprise e elenco fixo da série de TV dos anos 60 e de vários filmes do cinema. 

8 – A Magia de Megas-Tu (The Magicks of Megas-Tu, 27/10/1973). Roteiro de Larry Brody. Segundo os cientistas, a galáxia foi criada por uma enorme explosão, e que em seu centro poderia ainda existir a criação de novas matérias. Para investigar essa possibilidade, a Enterprise tem a missão de rumar até o centro da galáxia, onde enfrenta uma tormenta de energia pura que desativa todos os controles da nave. Para salvar a tripuação da morte, surge uma criatura parecida com um diabo chamada Lucien, que leva Kirk, Spock e McCoy para seu planeta Megas-Tu, onde a lógica é outra e tudo funciona através de magias. Porém, os habitantes do planeta possuem motivos para não gostarem de humanos e capturam a tripulação da Enterprise para um julgamento, com um desfecho intrigante envolvendo a misteriosa figura de Lucien e as terríveis execuções na fogueira de supostos bruxos e feiticeiros nos séculos XVII e XVIII da Terra. 

9 – Era Uma Vez Um Planeta (Once Upon a Planet, 03/11/1973). Roteiro de Chuck Menville e Len Janson. A Enterprise entra num momento de descanso e recesso e dirige-se para um planeta colônia de férias localizado na região de Omicron Delta. Desabitado, o planeta foi construído por uma raça alienígena muito avançada e serve agora para recreação e diversão de viajantes do espaço. O planeta é mantido por um super computador que transforma os sonhos em realidade, mas após a morte de seu guardião, cuja função era de impedir que alguém se ferisse no planeta, e uma vez entediado em apenas servir, o imenso computador se rebela e decide atacar os tripulantes da Enterprise, com a intenção de usar a nave para procurar outros computadores similares na galáxia. Resta a Kirk e Spock tentar convencê-lo do contrário.

10 – A Paixão de Mudd (Mudd´s Passion, 10/11/1973). Roteiro de Stephen Kandel. Viajando para o Sistema Solar Arcadiano, a Enterprise chega ao planeta Motherlode com a missão de localizar o conhecido negociante trapaceiro Harry Mudd. Chegando lá, Kirk e Spock encontram-no tentando vender ilegalmente para os mineradores locais uma poção do amor que estaria no interior de pequenos e misteriosos cristais. Uma vez detido na Enterprise, ele ainda consegue persuadir a Enfermeira Chapel a usar a tal poção para conquistar Spock, criando uma grande confusão entre os tripulantes, validando o estranho efeito dos cristais sobre as emoções de quem entra em contato com eles. Mudd aproveita uma oportunidade e foge em uma pequena nave, levando Chapel como refém, pousando num planeta com clima desértico e habitado por enormes monstros, obrigando o Capitão Kirk e o Sr. Spock apaixonado a descerem no planeta para salvar a bela enfermeira e recapturar o vilão Mudd. 

11 – Uma Questão de Tamanho (The Terratin Incident, 17/11/1973). Roteiro de Paul Schneider. A Enterprise está investigando os restos de uma Supernova chamada Aracna, pesquisando as medidas de radiação e expansão do volume, quando recebe sinais de rádio com a palavra “Terradez” vindo de um planeta próximo. O Capitão Kirk decide investigar e a nave é surpreendida por um bombardeio constante de misteriosas ondas espirais que causam o encolhimento gradual dos tripulantes e materiais de origem orgânica. Antes que todos atingissem um tamanho tão pequeno que impossibilitasse de controlar a nave, Kirk se teletransporta para a superfície do planeta e encontra um mundo perto do colapso por causa de erupções vulcânicas, além de uma pequena cidade cujos habitantes solicitam socorro à Enterprise para escaparem da destruição. 



12 – Armadilha no Tempo (The Time Trap, 24/11/1973). Roteiro de Joyce Perry. O Triângulo Delta é uma vasta região inabitada da galáxia, conhecida pela ocorrência de vários misteriosos desaparecimentos de naves estelares desde os tempos mais remotos. A Enterprise recebe a missão de inspecionar o local e tentar descobrir a causa desses desaparecimentos. Porém, em seu caminho surge um cruzador de batalha klingon, e no confronto com a Enterprise ambas as naves entram numa espécie de fenda no tempo e vão parar num universo alternativo, repleto de naves de todos os tipos e épocas vagando perdidas. Kirk e Spock descobrem a existência de um mundo chamado Elysia, com representantes de dezenas de raças que obrigatoriamente vivem em paz, pois suas leis impedem qualquer tipo de violência. A Enterprise e a nave klingon Klothos optam então por uma trégua nas desavenças e se unem para tentar escapar desse universo paralelo, saindo do limbo temporal e retorrnar para casa.  

13 – Aventura Submarina (The Ambergris Element, 01/12/1973). Roteiro de Margaret Armen. A Enterprise está na órbita do planeta Argo, que tinha muita terra em sua superfície, mas que agora está com a maior parte coberta de água por causa do efeito de violentos abalos sísmicos que alteraram a geografia local. A missão é estudar os efeitos que os terremotos e outros fenômenos naturais tiveram na superfície do planeta, para utilizar os conhecimentos obtidos na ajuda de um outro planeta da Federação que passará em breve por situação similar. Uma equipe desce numa pequena nave e é atacada por um enorme monstro marinho. O Capitão Kirk e o Oficial Sr. Spock são resgatados, mas ocorreu misteriosamente uma mudança nas estruturas internas de seus corpos, com uma substância não identificada no sangue que alterou o metabolismo causando mutações físicas fazendo-os respirar agora somente submersos na água. Eles decidem então explorar o fundo do oceano e encontram uma cidade submarina habitada por seres inteligentes chamados aquans, e tentam estabelecer contato para reverter o processo de mutação e serem novamente “respiradores de ar”.  

14 – A Arma (The Slaver Weapon, 15/12/1973). Roteiro de Larry Niven. A nave auxiliar Copernicus, da Enterprise, pilotada por Spock, o navegador Sulu e a oficial de comunicações Uhura, está carregando um artefato especial e raro, uma caixa dominariana descoberta por arqueólogos em escavações no planeta Kzin. O tempo fica parado nela, um bilhão de anos não significa nada em seu interior. Os dominarianos eram os mestres de todas as raças da galáxia num passado longínquo, até que houve uma revolta e tanto eles quanto seus súditos foram exterminados numa guerra, e a caixa era só o que restava dessas civilizações perdidas. A nave auxiliar decide parar num planeta gelado para investigar a existência de uma outra caixa similar e são surpreendidos e atacados por um grupo renegado de alienígenas hostis carnívoros e parecidos com felinos, que roubam a caixa e encontram uma arma poderosa de destruição em seu interior, para ser utilizada contra a humanidade e outras raças. Cabe a Spock e equipe a missão de impedir que isso aconteça. Curiosamente, esse episódio não tem a participação de Kirk e McCoy.   

15 – Os Observadores (The Eye of the Beholder, 05/01/1974). Roteiro de David P. Harmon. A Enterprise está em órbita do planeta Lactra VII, numa missão em descobrir o paradeiro de uma tripulação científica desaparecida. Um grupo de busca formado pelo trio Kirk, Spock e McCoy desce à superfície do planeta em busca de informações. São surpreendidos pelo ataque de monstros, combatidos pelos feisers de tonteio, e em seguida capturados por alienígenas estranhos, mas extremamente inteligentes e avançados, que os colocam numa espécie de jaula de um zoológico com diversas espécies de criaturas do Universo. Eles encontram no mesmo local uma parte da tripulação desaparecida da nave de pesquisas que visitava o planeta, e juntos tentam encontrar um meio de se comunicarem com os alienígenas e negociar sua saída da prisão em que se encontram.  

16 – Guerra Santa (The Jihad, 12/01/1974). Roteiro de Stephen Kandel. Uma missão especial e secreta está reservada para o Capitão Kirk e o Comandante Spock, que são convidados a fazer parte de uma equipe formada por alienígenas especialistas, sob a orientação dos vedalas, a raça mais antiga que viaja pelo espaço que a humanidade conhece. O objetivo é impedir uma guerra santa por causa do desaparecimento de um artefato religioso que pode provocar a ira de um povo guerreiro contra as outras raças da galáxia. O grupo é formado por “Sord”, um forte e corajoso guerreiro; “Em 3 Green”, conhecido pelos conhecimentos em arromabamento; “Tchar”, um alienígena que voa e príncipe dos skorrs, raça guerreira e temida; a humana Lara, caçadora respeitável; além de Kirk, escolhido por sua liderança e capacidade de adaptação; e Spock, pelo conhecimento científico e mente analítica. Eles partem para um planeta geologicamente instável, com terremotos constantes, mudanças gravitacionais e ondas gigantes, para localizar e recuperar a “Alma de Alar”, uma escultura que guarda os registros dos padrões da mente de um cultuado líder religioso.     

17 – Os Piratas de Órion (The Pirates of Orion, 07/09/1974). Roteiro de Howard Weinstein. A tripulação da Enterprise contrai a doença coriocitose, similar à pneumonia, mas a epidemia é controlada e não afetaria a missão da nave em representar a Federação na inauguração de uma nova Academia de Ciências em Deneb V. Porém, o vulcano Spock, que tem sua estrutura sanguínea diferente dos humanos, é afetado também pela doença, e a única forma de salvá-lo é através da injeção de uma droga natural chamada estrobolina, que corta os efeitos destrutivos como a asfixia por falta de oxigenação no sangue. Kirk define uma estratégia e a droga está sendo transportada pelo cargueiro Huron, junto com grande quantidade de dilítio, ao encontro da Enterprise. Mas, no caminho o cargueiro é interceptado e roubado por uma nave pirata de Órion, que se esconde num cinturão de asteróides explosivos. Resta a Kirk perseguir a nave alienígena oronídea e negociar a recuperação da estrobolina em tempo de evitar a morte de Spock.    

18 – Comandante Bem (Bem, 14/09/1974). Roteiro de David Gerrold. A Enterprise está numa série de missões de exploração e contatos, com a presença de um membro alienígena à bordo como observador, o Comandante Honorário Ari Bem, do planeta Pandro, do Sistema Garo VII. A nave está em órbita de Delta Teta III e os sensores acusam agrupamentos de aborígenes. Uma equipe formada por Kirk e Spock desce ao planeta para classificá-lo, e o Comandante Bem decide fazer parte da equipe, mesmo sendo uma missão perigosa e sem o consentimento do Capitão Kirk. Mas, para evitar um incidente diplomático, ele cede à pressão do pandroniano e permite sua presença. Porém, ao se teletransportarem à superfície, eles são capturados e mantidos presos pelos nativos, criaturas ainda num estágio primitivo de evolução, e descobrem que uma entidade alienígena altamente avançada controla o planeta. 

19 – O Computador Humorista (The Practical Joker, 21/09/1974). Roteiro de Chuck Menville e Len Janson (não creditado). Durante uma missão de rotina de pesquisa geológica em asteróides, a Enterprise é surpreendida numa emboscada pelo ataque de três naves romulanas. Consegue escapar ao penetrar num misterioso campo de energia, porém logo após a travessia começa a ocorrer uma série de incidentes incomuns com trotes e brincadeiras envolvendo a tripulação, descobrindo-se ser obra do computador central da Enterprise, que passou a ter um comportamento estranho por causa do contato das partículas subatômicas do campo de força com seus circuitos eletrônicos. O Capitão Kirk precisa agora reverter a situação para obter novamente o controle da nave e impedir o confronto em desigualdade com as naves inimigas romulanas.   

20 – A Praga (Albatross, 28/09/1974). Roteiro de Dario Finelli. Após a entrega de suprimentos médicos ao planeta Dramia, localizado no remoto Sistema Estelar Dramiano, o Dr. McCoy é impedido de partir, ficando retido para um julgamento pela suposta responsabilidade de uma praga que dizimou boa parte da população de Dramia II muitos anos antes. O Capitão Kirk decide então rumar até o planeta assolado pela praga para investigar o que aconteceu e tentar conseguir provas para a absolvição do médico. Eles encontram um planeta devastado e um sobrevivente dramiano, Kol-Tai, que é levado à bordo para testemunhar a favor de McCoy. Porém, a mesma praga contamina os tripulantes da nave, menos o vulcano Spock, que é imune e assume o comando. O desafio agora é, além de tentar salvar McCoy da condenação, principalmente encontrar um antídoto para combater a doença antes da morte de toda a tripulação da Enterprise.

21 – A Serpente (How Sharper Than a Serpent´s Tooth, 05/10/1974). Roteiro de Russell Bates e David Wise. A Enterprise está rastreando a origem misteriosa de uma sonda alienígena, que se aproximou dos planetas da Federação. O objeto examinou o Sistema da Terra, enviou um sinal para o espaço exterior e se auto-destruiu, deixando sinais de radiação cósmica, que foram seguidos pela Enterprise até se encontrar com uma imensa nave alienígena, que simulou o formato de uma serpente, um antigo deus das lendas maias e astecas, uma criatura alada que desceu dos céus trazendo conhecimento. Kirk, McCoy, Scott e o alferes Urso Andante, um descendente comanche, são raptados e levados para a nave desconhecida, onde encontram Kulkukan, um mestre ancestral solitário que já havia visitado a Terra e influenciou a cultura e evolução de vários povos do passado, e que agora está decepcionado com a violência e barbárie daqueles que considera seus filhos. Cabe então a Kirk e companhia mostrar para ele que a humanidade evoluiu nos últimos séculos. “Dói mais profundamente que o dente da serpente ter um filho ingrato.”

22 – Paralelos (The Counter-Clock Incident, 12/10/1974). Roteiro de Fred Bronson. A Enterprise está transportando o Comodoro Robert April, o primeiro capitão histórico da nave, rumo ao planeta Babel, onde os embaixadores de todos os planetas da Federação estão aguardando para homenageá-lo em sua aposentadoria obrigatória por causa da idade. Porém, no caminho eles encontram uma nave alienígena em alta velocidade indo em direção da supernova de Beta Niobe. Para evitar que ela se desintegre com o calor, Kirk decide interferir utilizando um raio trator, mas a Enterprise acaba sendo puxada pela força da outra nave e embas atravessam a supernova. Misteriosamente, não são destruídas e descobre-se que passaram por um portal dimensional chegando num estranho universo paralelo onde tudo é ao contrário (a Enterprise navega de ré, o espaço é branco com estrelas negras e os tripulantes tornam-se progressivamente mais jovens até voltarem a ser crianças). O desafio agora é conseguir encontrar um meio de retornarem para seu universo de origem, onde o Comodoro April novamente terá a oportunidade de comandar a Enterprise.  


“Jornada nas Estrelas – A Série Animada” (Star Trek – The Animated Series, EUA, 1973 / 1975) # 572 – data: 23/01/12
www.juvenatrix.blogspot.com.br (postado em 23/01/12)

Jarbas (livro de André Bozzetto Jr., 2011)



"... Presas pontiagudas brotaram de suas gengivas, os dedos se distendiam e suas unhas se transformavam em garras afiadas, sua coluna vertebral se prolongava dando maior envergadura ao seu tronco; os ossos da face ressaltaram para a frente formando uma espécie de fuço lupino de grandes proporções; as orelhas se tornavam enormes e protuberantes..."

Jarbas é um lobisomem grotesco, demoníaco e ultra violento, conhecido como "decapitador" por seu costume de arrancar as cabeças das vítimas. O livro de André Bozzetto Jr. narra 25 anos de sua trajetória como monstro assassino sanguinário e apresenta inúmeros personagens que cruzaram seu caminho, desde vítimas inocentes, ou marginais como prostitutas, drogados e traficantes, passando por caçadores de lobisomens e até criaturas da mesma espécie, mas como inimigos mortais (devido ao fato de Jarbas sempre agir de forma debochada e despreocupada com a discrição, chamando a atenção da humanidade para a especulação da existência dos licantropos).

"... Emitindo um urro tão potente que fez até as janelas do quarto vibrarem, o lobisomem se lançou sobre o frágil corpo da mulher, derrubando-a ao chão para em seguida rasgar sua garganta com uma mordida violenta e brutal..."

O livro tem leitura fácil e agradável, tanto que devorei suas quase 250 áginas em apenas 3 dias seguidos. Por se tratar de uma overdose de sangue e violência, é inevitável que em alguns momentos tenhamos a impressão de certa repetição dos eventos narrados, com similaridades nos ataques de Jarbas e outros lobisomens. Mas, a história apresenta o todo o tempo diversas situações interessantes que procuram manter a atenção do leitor.

"... Diante dos olhos estarrecidos do garoto, o lobisomem agarrou a cabeça do cadáver e, com um único e vigoroso movimento, arrancou-a do corpo..."

Uma de suas melhores qualidades e já uma marca registrada do autor, é a intenção acertada em sempre retratar a figura do lobisomem como uma fera insana desprovida de piedade, que utiliza sua força descomunal e características selvagens para saciar sua sede de sangue e fome de carne, destroçando com fúria bestial suas vítimas.
"Jarbas" é literatura de horror puro, com a presença de elementos que nos remetem ao Brasil, com ambientação no sul do país e na maioria das vezes nas regiões rurais, e que vale uma conferida. Porém, é prudente ficar atento para a imensa quantidade de sangue, vísceras e pedaços de cérebros que poderão escorrer de suas páginas, manchando suas mãos de vermelho e povoando seus pesadelos com os uivos guturais de criaturas licantrópicas ávidas por degustar sua carne sob a luz do luar.

"... e com extrema brutalidade, cravou suas presas na garganta do inimigo e dali arrancou um grande naco de carne, fazendo com que o sangue do oponente jorrasse pela sala. Não satisfeito, ainda torceu a cabeça do adversário até o limite do que era fisicamente possível e depois a arrancou..."

JARBAS – Autor: André Bozzetto Junior
Editora: “Estronho”. Páginas: 248. Prefácio: Giulia Moon. Texto da orelha: Petter Baiestorf. Capa: Andrei Bressan. Ilustrações Internas: Christiano Carstensen Neto.   

Jarbas” (livro de André Bozzetto Jr., 2011) # 572 – data: 01/01/12
www.juvenatrix.blogspot.com.br (postado em 01/01/12)

Medo, Mistério e Morte (livro de Carlos Orsi Martinho, 1996)



"Medo, Mistério e Morte" é o nome de uma coletânea de contos de horror (principalmente), ficção científica e fantasia de autoria de Carlos Orsi Martinho, um dos grandes nomes da literatura fantástica nacional, publicado em 1996 pela "Editora Didática Paulista", na "Coleção Novos Caminhos".
São 7 histórias altamente recomendáveis, "A Maldição do Ang Mba-Aiba", "Noite de Samhain", "A Fábrica", "Estranhos no Ninho", "Projeto Cassandra", "Ora Pro Nobis" e "Aprendizado", já publicadas no passado em fanzines conceituados como "Megalon" e na extinta versão nacional da "Isaac Asimov Magazine".
Os contos refletem com fidelidade as palavras que dão o título para o livro, pois medo, mistério e morte são as características básicas e mais presentes ao longo das 165 páginas. É difícil escolher as melhores histórias, pois todas são extremamente interessantes, algumas com clara influência lovecraftiana, constituindo-se em leitura instigante envolvendo criaturas indizíveis, livros secretos e proibidos, mortos-vivos, alienígenas infiltrados, assassinatos violentos, conspirações, em desfechos geralmente trágicos e pessimistas.

Medo, Mistério e Morte” (livro de Carlos Orsi Martinho, 1996) # 573 – data: 01/01/12
www.juvenatrix.blogspot.com.br (postado em 01/01/12)

The 8th Plague (EUA, 2006)


“Não importa se você acredita no inferno... Porque o inferno acredita em você”

Logo após assistir “The 8th Plague” (2006), a sensação imediata que se tem é a de um filme de baixo orçamento, produzido por uma equipe e elenco desconhecidos. A direção é de Franklin Guerrero Jr. e roteiro é de Eric Williford. A história é superficial ao extremo e dá a nítida impressão de ser apenas um pretexto para a exposição de uma overdose de cenas sangrentas. Porém, o filme é honesto e despretensioso, ou seja, a idéia é manchar a tela de vermelho, e nesse caso é apenas isso que interessa e importa.

Launa (Leslie Ann Valenza) é uma mulher que mora com sua irmã Nikki (Laura Chaves). Quando Nikki não retorna de um acampamento nas montanhas da pequena cidade de “Halcyon Springs”, principalmente no dia do aniversário do funeral de seus pais, quando costumam visitar o cemitério, Launa fica preocupada e juntamente com o casal de amigos Crystal (Hollis Zemany) e Gavin (Jonathan Rockett), decidem viajar para procurá-la. Encontram sua barraca vazia no meio da floresta e pedem ajuda ao debochado xerife local, Jack Stiver (Paul Bugelski), que não dá a atenção necessária para o caso e pede para seu assistente Buck (Terry Jernigan) que procure a moça numa penitenciária abandonada próxima ao local do acampamento. A prisão tem um passado sinistro, pois ocorreu um motim sangrento e de origem misteriosa. Para ajudá-los na investigação do desaparecimento de Nikki, eles recorrem a um antigo guarda da penitenciária, Mason (Dj Perry), que ainda mora nas proximidades. Lá chegando, eles são obrigados a lutar por suas vidas ao encontrarem um local amaldiçoado por um antigo demônio que quer se apossar de suas almas através dos olhos, ao visualizarem um perigoso sinal cabalístico pichado de sangue nas paredes.

“The 8th Plague” tem relações com a lenda religiosa sobre as pragas lançadas contra um rei egípcio num passado longínquo. Agora um poderoso demônio da escuridão até então oculto foi despertado e quer dominar a humanidade. A história não é banal, mas é simples demais. Não há maiores detalhes, revelações ou informações quaisquer, e parece mesmo que o objetivo é apenas criar uma premissa básica para um massacre sangrento. Existem várias falhas no roteiro com situações criadas tipicamente para facilitar o trabalho de quem escreveu a história. Temos as inevitáveis frases imbecis e óbvias como “temos que sair daqui, pois alguma coisa está errada”, de autoria de Launa, logo após ela ter sido brutalmente atacada por um amigo desfigurado e possuído pelo demônio. A penitenciária poderia ter um aspecto bem mais sombrio, onde faltou um trabalho melhor de qualidade da equipe de produção responsável em torná-la abandonada e como um local maldito e depressivo. Os poucos personagens são completamente superficiais, o roteiro não tem a menor intenção em apresentá-los ao espectador. A única função deles é morrer de forma violenta.
Em compensação (sendo a real proposta do filme), após os momentos iniciais mais lentos, com ênfase num clima de horror psicológico, com a chegada do grupo na penitenciária abandonada para investigar o sumiço de Nikki, o roteiro passa a explorar a possessão demoníaca dos invasores da prisão, com um derramamento de sangue de grandes proporções. De violentos golpes de machado, passando por decapitação, desmembramento, cabeça esmagada com pedra, cérebro, tripas e vísceras expostas, até olhos arrancados das órbitas, corpo perfurado por broca, mutilações e todo tipo de atrocidades. Para completar a sangueira, e fechando em grande estilo, ainda temos um final depressivo e pessimista. A capa do DVD também é um destaque, mostrando uma moça no meio de uma floresta, com um olhar sinistro e segurando um machado ensangüentado. “The 8th Plague” é altamente recomendável para quem não se importa com uma história simples demais e quer ver sangue e violência em excesso.
Obs.: O diretor Franklin Guerrero Jr. parece que tem a intenção de se especializar em filmes violentos, pois em 2008 ele lançou outra produção sangrenta ao extremo, com o título de “Carver”.


“The 8th Plague” (The 8th Plague, Estados Unidos, 2006) # 432 – data: 15/04/07 – avaliação: 8 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com.br
blog: www.juvenatrix.blogspot.com.br (postado em 17/04/07)

Criatura Sangrenta (Terror is a Man, EUA / Filipinas, 1959)



O escritor inglês Herbert George Wells foi o autor de inúmeros livros de Ficção Científica e Horror que serviram de inspiração para o cinema fantástico. Histórias como “O Homem Invisível”, “A Guerra dos Mundos”, “O Alimento dos Deuses”, “Daqui a Cem Anos”, “Os Primeiros Homens na Lua”, “A Máquina do Tempo”, transformaram-se em muitos filmes e várias versões. No caso de “A Ilha do Dr. Moreau” (1896), o livro foi filmado em três produções mais conhecidas, em 1933 (com Charles Laughton e Bela Lugosi), 1977 (com Burt Lancaster, Michael York e Richard Basehart), e 1996 (com Marlon Brando e Val Kilmer).
Porém, em 1959 foi lançada uma bagaceira chamada “Criatura Sangrenta” (Blood Creature / Terror is a Man), dirigida pelo filipino Gerry de Leon, cujo roteiro de Harry Paul Harber também é baseado na famosa obra literária de Wells, porém de forma não creditada. E surpreendentemente, o filme teve distribuição em DVD por aqui, para a satisfação dos colecionadores ávidos por filmes bizarros, exóticos, desconhecidos e principalmente ruins de forma não proposital.

O único sobrevivente do naufrágio de um navio de carga, o engenheiro de petróleo William Fitzgerald (Richard Derr), chega inconsciente num bote até o litoral de uma ilha isolada na costa do Oceano Pacífico. Lá, ele é resgatado pelo Dr. Charles Girard (o tcheco Francis Lederer), um médico exilado de New York, que procurou privacidade na ilha para se dedicar às pesquisas e experiências genéticas com animais e homens, dando origem a um grotesco ser mutante. Inevitavelmente, o novo hóspede acaba tendo um romance com a carente esposa solitária e insatisfeita do cientista, Frances (a dinamarquesa Greta Thyssen), cujo marido cirurgião está mais preocupado com seu trabalho, no desenvolvimento de uma raça de homens perfeitos, gerados a partir de uma pantera negra e através da descoberta de um composto químico capaz de controlar o tamanho do cérebro, transformando a matéria viva.
Porém, a “criatura sangrenta” consegue fugir do laboratório, entre uma cirurgia e outra, fazendo vítimas fatais em quem atravessasse seu caminho, como o ajudante do cientista, Walter Perrera (Oscar Keesee Jr.), e uma criada, Selene (Lilio Duran), que vive na casa com seu irmão pequeno Tiago (Peyton Keesee). E, após seqüestrar Frances se refugiando na floresta, o Dr. Girard e o visitante náufrago partem em seu encalço para salvar a mulher das garras da besta assassina.

O filme, com fotografia em preto e branco e apenas 82 minutos de duração, é uma produção das Filipinas, e foi realizado com um orçamento minúsculo. No roteiro, temos o “cientista louco” obcecado em contribuir para o bem da humanidade, e seu assistente que mais tarde não concorda com os resultados das experiências, além do mocinho (alguém que surge para tentar se opor às barbaridades científicas do vilão), e da mocinha (uma mulher infeliz com o casamento e à espera de alguém para salvá-la). Não poderia faltar também o monstro (interpretado por Flory Carlos), que no caso é uma fera gerada através de inúmeros procedimentos cirúrgicos, e que obviamente escapa e volta-se contra o criador em busca de vingança.
A história original de H. G. Wells é famosa e cultuada, explorando um argumento bem interessante, principalmente para a época em que foi escrita, há mais de um século atrás, apresentando um cientista na criação de uma raça mutante, transformando animais em homens. E diante de todas as limitações impostas pela produção barata, o que mais importa é que “Criatura Sangrenta” até consegue atingir seu objetivo de entreter os apreciadores de filmes bagaceiros, ou seja, todos aqueles que sabem antecipadamente o que irão encontrar num filme com essas características: vários defeitos facilmente notáveis, com imagens muito escuras em algumas cenas noturnas, maquiagem tosca do monstro, edição ineficiente e cheia de cortes bruscos, elenco inexpressivo, diálogos banais, desfecho previsível e roteiro superficial.

“Criatura Sangrenta” foi lançado em DVD no Brasil pela “Fantasy Music” em Setembro de 2006, na coleção “Sessão da Meia-Noite”, trazendo no mesmo DVD a tranqueira “O Lobisomem no Quarto das Garotas” (Lycanthropus / Werewolf in a Girl´s Dormitory, 1962), de Richard Benson (pseudônimo do diretor italiano Paolo Heusch). Infelizmente, a qualidade das imagens apresentadas no DVD é ruim, com algumas manchas, riscos e imperfeições que parecem causados por deterioração e má conservação dos originais.

“Criatura Sangrenta” (Blood Creature / Terror is a Man, Estados Unidos / Filipinas, 1959) # 408 – data: 04/11/06 – avaliação: 5,5 (de 0 a 10)
(postado em 06/11/06)

O Cérebro Que Não Queria Morrer (The Brain That Wouldn´t Die, EUA, 1962)


"O cérebro dela foi mantido vivo por experimentos científicos! Por um homem com uma paixão anormal, inspirado em tentar o impossível!"– reprodução de trecho narrado no trailer

Com um título sonoro desses e vendo o pôster de divulgação, que traz a cabeça de uma mulher sobre uma bacia inundada com um líquido misterioso e cercada de aparelhos típicos de um laboratório de “cientista louco”, é muito difícil não despertar um interesse e principalmente curiosidade em assistir “O Cérebro Que Não Queria Morrer” (The Brain That Wouldn´t Die, 1962), bagaceira super divertida da “American International Pictures”, dirigida por Joseph Green a partir do roteiro de Rex Carlton, com fotografia em preto e branco e elenco principal formado por Jason Evers, Virginia Leith e Leslie Daniels.

Um jovem cirurgião, Dr. Bill Cortner (Jason Evers, creditado como Herb Evers), faz experiências secretas em seu laboratório numa casa de campo, com o objetivo de conseguir sucesso no transplante de membros humanos, utilizando um soro especialmente desenvolvido para evitar a rejeição. Quando ocorre um grave acidente de carro que vitimou sua noiva Jan Compton (Virginia Leith), ele consegue recuperar apenas sua cabeça dos escombros em chamas e decidiu mantê-la viva em seu laboratório, repousando-a numa bandeja com o soro. Agora, o desafio do cientista é encontrar um corpo de uma bela mulher, sem chamar a atenção da polícia, para tentar uma cirurgia de transplante na cabeça da noiva, que por sua vez não aceita a condição monstruosa em que se encontra, adquirindo poderes não previstos, distorcendo a mente, adquirindo raiva e conseguindo se comunicar e se aliar com uma aberração grotesca que está mantida presa no porão, fruto das experiências fracassadas do cirurgião.

O filme é curto, apenas 82 minutos, e apresenta uma história bastante ousada para a época de produção, há quase meio século atrás, tanto que ocorreram problemas com a censura devido às cenas fortes e bizarras de horror com direito a uma cabeça viva sem o corpo, um enorme monstro mutante formado por pedaços de cadáveres, um braço amputado de forma sangrenta e nacos de carne arrancados a violentas dentadas.
Em “O Cérebro Que Não Queria Morrer”, como já esperado nesse tipo de produção de baixo orçamento, encontramos os elementos típicos dos filmes de horror daquele período, não faltando o “cientista louco” de plantão, sendo nesse caso um jovem cirurgião que faz sucesso entre as mulheres, sempre que não está trabalhando em suas experiências com transplantes de partes danificadas do corpo humano. Nem falta também o tradicional ajudante e cúmplice de suas barbaridades científicas, sendo nesse caso o cirurgião Kurt (Leslie Daniels), que perdeu o braço direito num acidente e serviu de cobaia nas experiências do cientista, sempre apresentando rejeição com o membro transplantado, e acreditando que um dia deixaria de ser deformado. O laboratório do Dr. Cortner faz lembrar o do seu companheiro de ofício e loucuras (porém, bem mais famoso) Dr. Frankenstein, repleto de líquidos borbulhantes, aparelhos elétricos, tubos de ensaio e instrumentos de medição. Sem contar a similaridade também de sua ambição no transplante de pedaços de corpos humanos, criando um ser monstruoso.
É claro que se fizermos uma análise crítica mais apurada, encontraremos vários furos no roteiro e situações manipuladas apenas para favorecer o trabalho do roteirista, como por exemplo o simples fato de não ocorrer nenhuma investigação da polícia sobre o acidente de carro do Dr. Cortner e sua noiva, na estrada que leva ao laboratório, apesar que toda a ação ocorre rapidamente num final de semana.
Curiosamente, não posso deixar de citar uma frase da apaixonada Jan Compton para seu noivo Dr. Bill Cortner, antes de sofrer o acidente. Ela disse: “Sempre que toca em mim eu perco a cabeça”. Ela não imaginaria que pouco tempo depois perderia o corpo carbonizado e ficaria viva justamente apenas com sua cabeça. Seria irônico e hilário se não fosse trágico...
“O Cérebro Que Não Queria Morrer” foi lançado em DVD no Brasil pela “Fantasy Music” em Setembro de 2006, na coleção “Sessão da Meia-Noite”, trazendo no mesmo DVD o filme “A Besta da Caverna Assombrada” (Beast From Haunted Cave, 1959), produzido pelos irmãos Corman (Gene e Roger, esse último mais famoso e cultuado como o “Rei dos Filmes B”).

“O Cérebro Que Não Queria Morrer” (The Brain That Wouldn´t Die / The Head That Wouldn´t Die, Estados Unidos, 1962) # 405 – data: 28/10/06 – avaliação: 7,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com.br
(postado em 30/10/06)