Devorado Vivo (Eaten Alive, EUA, 1976)


O diretor americano Tobe Hooper (1943 / 2017) é um nome bastante conhecido no cinema de Horror, mas teve uma carreira irregular, alternando entre filmes significativos e sempre lembrados pelos fãs, com outros de qualidade menor e geralmente esquecidos. Seu maior trabalho certamente é o eterno clássico “O Massacre da Serra Elétrica” (1974), com sua história sangrenta que iniciou uma extensa franquia e contribuiu como inspiração e influência para uma grande produção que veio a seguir.
Sua filmografia inclui títulos como “Poltergeist, o Fenômeno” (1982), apesar que nesse caso os rumores indicam que boa parte da direção foi do produtor Steven Spielberg, além de outros filmes divertidos como o “slasher” “Pague Para Entrar, Reze Para Sair” (1981), a ficção científica “Força Sinistra” (1985), e o violento “Devorado Vivo” (Eaten Alive, 1976).
A história desse último é bem simples. Numa pequena cidade americana, um veterano soldado perturbado, Judd (Neville Brand, rosto conhecido pela série de TV de Western “Laredo”), é o dono de um hotel fuleiro chamado “Starlight”, localizado num pântano com um lago sinistro habitado por um enorme crocodilo sempre faminto e à espera da carne de animais ou dos eventuais hóspedes do hotel.
Para entrar no cardápio do réptil assassino, temos uma família em crise formada pelo estranho pai, Roy (William Finley), a histérica mãe Faye (Marilyn Burns, que já tinha sido a “scream queen” de “O Massacre da Serra Elétrica”) e a filha pequena Angie (Kyle Richards). Além também de Harvey Wood (Mel Ferrer), um pai de família com uma doença terminal, que junto com a filha Libby (Crystin Sinclaire), está procurando desesperadamente sua outra filha desaparecida, Clara (Roberta Collins). Para completar o time de hóspedes (ou vítimas), ainda temos o jovem arruaceiro Buck (Robert Englund, que mais tarde seria o popular vilão Freddy Krueger na franquia “A Hora do Pesadelo”) e sua namorada Lynette (Janus Blyth). E para investigar as mortes misteriosas temos o Xerife Martin (Stuart Whitman, da série de TV de Western “Cimarron”, e que faleceu em 16/03/2020 aos 92 anos).
Com o sucesso de “O Massacre da Serra Elétrica”, o diretor Tobe Hooper ficou em evidência e criou-se grande expectativa para seu próximo filme. Porém, numa comparação, é inevitável salientar que o conjunto da obra de “Devorado Vivo” é bem inferior. Mas ainda assim, o filme é bastante divertido e um destaque na carreira de Hooper pela alta dose de violência nas mortes sangrentas, pelas cenas de nudez gratuita e pelo elenco interessante, com muitos rostos conhecidos e atores experientes, pois além de todos os nomes já citados anteriormente, ainda temos Carolyn Jones, a Morticia da série de TV “A Família Addams”, no papel da Srta. Hattie, a proprietária de um bordel.
O roteiro, co-escrito por Kim Henkel (também de “O Massacre...”), foi inspirado num caso real de um “serial killer” que supostamente matava pessoas e alimentava seus jacarés de estimação com os cadáveres. Em “Devorado Vivo”, quase todas as ações se passam no hotel, com os hóspedes sendo violentamente atacados pelo perturbado Judd, portando uma enorme foice, lutando para não servirem de comida para o crocodilo. Os efeitos também são bem toscos, apesar que o réptil carnívoro de borracha ainda é muito mais interessante que os similares artificiais gerados por computador vistos numa infinidade de filmes modernos.
As filmagens foram feitas em estúdio, com pouca iluminação e a montagem dos cenários de um hotel barato e uma piscina simulando um lago onde vive o crocodilo falso, com o uso de muita névoa artificial para criar uma atmosfera sinistra e ajudar a esconder os defeitos de uma produção de baixo orçamento. O filme teve vários outros nomes alternativos como “Death Trap”, “Horror Hotel”, “Slaughter Hotel” e “Starlight Slaughter”.

(Juvenatrix – 01/05/20)