Comentários de Cinema - Parte 18

Filmes abordados:

O Cadáver Atômico (Creature With the Atom Brain, EUA, 1955, PB)
O Demônio Imortal (Yilmayan Seytan / The Deathless Devil, Turquia, 1973)
Mandroid (EUA, 1993)
A Máscara do Mágico (The Mad Magician, EUA, 1954, PB)
A Noite do Terror Rastejante (Squirm, EUA, 1976)
Uma Fenda no Mundo (Crack in the World, EUA, 1965)


* Cadáver Atômico, O (1955) – Produção de baixo orçamento com fotografia em preto e branco, da “Clover Productions”, de Sam Katzman, vindo diretamente dos nostálgicos anos 50 do século passado, um período repleto de bagaceiras divertidas de horror e ficção científica com histórias absurdas. Sendo nesse caso explorando os efeitos destrutivos do uso indevido da energia nuclear, durante a paranóia da guerra fria entre as potências da época, Estados Unidos e antiga União Soviética, logo após o final da Segunda Guerra Mundial. A direção é de Edward L. Cahn, cineasta conhecido por inúmeras tranqueiras como “Os Zumbis de Mora Tau” (57), “Invasion of the Saucer Men” (57), “A Maldição do Homem Sem Cara” (58), “A Ameaça do Outro Mundo” (58) e “Invasores Invisíveis” (59). O roteiro é do escritor alemão Curt Siodmak, colaborador de vários filmes da “Universal”, e no elenco temos Richard Denning, que esteve em “O Monstro da Lagoa Negra” (54), “Invasão do Mundo” (54), “Day the World Ended” (55) e “O Escorpião Negro” (57), entre outras pérolas do cinema fantástico bagaceiro. Em “O Cadáver Atômico”, um “cientista louco” alemão, Dr. Wilhelm Steigg (Gregory Gaye), realiza experiências radioativas com o envio de ondas curtas de radio para o cérebro de pessoas recentemente mortas, cujos cadáveres foram roubados, permitindo o movimento involuntário de seus corpos, fazendo-as andar como zumbis, controladas à distância e alimentadas por energia atômica. Com força sobre humana, essas “criaturas com cérebro atômico” do sonoro título original, transformam-se em monstros assassinos a serviço de um perigoso gangster italiano, Frank Buchanan (Michael Granger), que foi deportado para seu país de origem. Uma vez sendo o financiador das experiências do cientista, decide trazê-lo da Europa para os Estados Unidos com o objetivo de vingar-se de todos seus delatores e inimigos do passado. Para combater seu plano maquiavélico, surge uma dupla de policiais formada pelo chefe do laboratório Dr. Chet Walker (Richard Denning), e seu amigo Capitão Dave Harris (S. John Launer). Eles investigam os misteriosos assassinatos e descobrem a presença de elementos radiativos nas cenas dos crimes e com a ajuda do exército tentam encontrar o laboratório do cientista alemão e impedir a invasão dos cadáveres atômicos. O filme tem a curiosidade de apresentar mortos que voltam a caminhar entre os vivos, despertados pela ciência com o uso da radioatividade, diferente dos métodos anteriores de criação de zumbis pela magia negra. Eles também não são comedores de carne e putrefatos, algo que se tornaria comum depois do clássico “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968), de George Romero. Mas, são criaturas frias e assassinas, com seus cérebros controlados por terceiros para a violência. Não poderia faltar o sinistro laboratório do “cientista louco” e seus aparelhos sofisticados para a época, e hilários nos dias atuais. As cenas de mortes também são bem datadas, exageradas na ingenuidade e inverossimilhança quando comparados aos filmes violentos de sessenta anos depois. Porém, é justamente esse tipo de roteiro absurdo, aliado a todos esses fatores das antigas produções de baixo orçamento, que despertam o interesse e a diversão pelas tranqueiras do cinema fantástico da década de 1950. (RR – 08/02/15)

* Demônio Imortal, O (1973) – Filme obscuro, tanto pela produção tosca quanto pela história clichê e quantidade de bizarrices que desfilam para todos os lados, mas principalmente por ser da Turquia, numa bagaceira com elementos de espionagem, humor pastelão e ficção científica tranqueira. “O Demônio Imortal” (“Yilmayan Seytan” no original turco e “The Deathless Devil” nos Estados Unidos) tem direção de Yilmaz Atadeniz (que utilizou o óbvio pseudônimo de Robert Gordon na versão americana), e roteiro bagaceiro de seu irmão Orhan Atadeniz. O jovem Tekin (Kunt Tulgar) recebe de seu pai a notícia que foi adotado, e que o verdadeiro pai morreu, sendo conhecido como um vigilante super-herói mascarado. Para combater o crime, ele é convencido então a personificar o justiceiro mascarado “Serpente”, com um patético laço vermelho no pescoço. Com a ajuda do atrapalhado Bitik (Erol Gunaydin), o alvo principal é combater o vilão bigodudo Dr. Seytan (Erol Tas), uma cópia barata do mais famoso “Dr. Fu Manchu” (interpretado várias vezes pelo ícone Christopher Lee). O vilão pretende roubar uma invenção militar do cientista Prof. Dogan (Yalin Tolga), um dispositivo capaz de controlar aviões no ar e a descarga de bombas em alvos planejados. Sua intenção maléfica é tornar-se um governante tirano do mundo, auxiliado também por um robô assassino criado por ele, e que serviria de protótipo para a construção de um exército. E para completar a enxurrada de clichês, não poderia faltar a presença da tradicional mocinha, Sevgi (Mine Mutlu), a bela filha do Prof. Dogan, que é obviamente apaixonada pelo herói Tekin. Assistir esse filme em seu idioma original turco não é fácil, pois soa muito estranho e nem um pouco convidativo. Para ajudar na bizarrice como um todo, temos ainda uma história ridícula e entediante, num imenso convite ao sono. A narrativa até que não é lenta, e ao contrário é bem frenética, mas isso não impede o desinteresse, com cortes bruscos na edição. As atuações são patéticas ao extremo, e as cenas de lutas e perseguições do herói contra os capangas do Dr. Seytan são hilárias de tão ruins. É uma mistura de espionagem com piadas horríveis do panaca ajudante do herói e elementos toscos de ficção cientítica, onde o robô provavelmente é um dos piores de todos os tempos (com um ator dentro de uma fantasia que não tem palavras para definir a tosquice). A duração de uma hora e vinte e cinco minutos poderia ser reduzida para um filme de curta metragem de não mais que trinta minutos, e talvez isso pudesse funcionar para despertar algum interesse. Curiosamente, “O Demônio Imortal” é considerado uma refilmagem do americano “O Misterioso Dr. Satã” (Mysterious Doctor Satan, 1940), um seriado produzido em preto e branco dividido em quinze capítulos. Mas, de uma forma geral, esse filme turco é um daqueles ruins que são mais chatos que divertidos, diferente da maioria das outras bagaceiras do cinema fantástico de baixo orçamento, onde os clichês e excesso de situações bizarras com efeitos toscos tornam-se justamente o diferencial que leva ao entretenimento. (RR – 08/03/15)

* Mandroid (1993) – Existem centenas de filmes bagaceiros de ficção científica e horror, principalmente dos anos 50, 60 e 70 do século passado, cultuados justamente pela bizarrice de seus roteiros e pela produção tosca. Mas, as tranqueiras existem em todas as épocas e são lançadas o tempo todo, vindas de todos os lados do planeta. “Mandroid” é de 1993, e tem direção de Jack Ersgard e produção executiva de Charles Band, pela “Full Moon Pictures”. Ele que foi o criador da extinta “Empire”, empresa responsável por preciosidades como “A Hora dos Mortos-Vivos” (Re-Animator, 85) e “Do Além” (From Beyond, 86). Uma dupla de “cientistas loucos”, Dr. Karl Zimmer (Robert Symonds) e Dr. Drago (Curt Lowens), está trabalhando secretamente na Europa oriental num projeto científico com a descoberta de um poderoso cristal chamado “Supercon”. Por causa da alta carga radioativa, esse produto tóxico somente pode ser manipulado por um robô humanóide, o “mandroid” do título, que é controlado à distância, inicialmente através dos movimentos de uma pessoa ligada à máquina por um complexo sistema de computador, e depois apenas através dos pensamentos de seu controlador. O Dr. Zimmer, juntamente com seu assistente Benjamin (Michael Della Femina) e sua bela filha Zanna (Jane Caldwell), quer oferecer a invenção com fins pacíficos para o governo americano, que através da CIA envia um agente negociador, Joe Smith (Patrik Ersgard, irmão do diretor), e um cientista, Wade Franklin (Brian Cousins), para conhecer melhor o projeto. Porém, o sócio Dr. Drago não concorda e quer oferecer o mandroid como arma de guerra, gerando um confronto de interesses entre eles e causando um acidente que desfigurou seu rosto. Ele foge e transforma-se num vilão que planeja roubar o mandroid com objetivos sinistros. Com locações na Romênia, para baratear os custos de produção, é uma tranqueira de ação com elementos de ficção científica, apresentando um robô similar ao robocop (que já faz parte da cultura popular). Uma vez controlado à distância e altamente resistente, é o objeto de desejo de um “cientista louco” transtornado que quer vender a ideia para propósitos militares na construção de um exército invencível de andróides. O filme está repleto de situações absurdas e clichês exaustivos, com o eterno conflito entre a ciência para o bem da humanidade e o vilão com intenções maléficas. E claro, não poderia faltar uma mulher lindíssima no meio da bagunça toda, sempre bem maquiada, mesmo nos momentos de tiroteios e perseguições. Teve uma continuação ainda no mesmo ano e pelo mesmo cineasta, “Invisible: The Chronicles of Benjamin Knight”. Curiosamente, Benjamin teve apenas uma pequena participação no primeiro filme, sofrendo um acidente que o tornou invisível, e ficando afastado da trama principal. Mas, acabou tornando-se a ponte para uma continuação, ganhando bem mais destaque. (Spoiler): Outra curiosidade está no principal poster adotado para a divulgação, que mostra o mandroid sendo controlado por um homem numa cadeira de rodas. Trata-se do cientista americano Wade, que recebe um tiro e fica paraplégico, porém isso somente acontece no desfecho do filme, tornando a escolha da ilustração do poster uma atitude equivocada, uma vez que o robô só é controlado pelo deficiente físico uma única vez e numa das últimas cenas do filme. (RR – 18/02/15)

* Máscara do Mágico, A (1954) – Produção em 3-D com fotografia em preto e branco, trazendo Vincent Price, um dos maiores astros do Horror de todos os tempos. A direção é do alemão John Brahm, com carreira mais associada às séries de TV, e o roteiro é de Crane Wilbur, que também escreveu o anterior “Museu de Cera” (53), igualmente com Price. “A mágica é a ciência da ilusão, a arte de dirigir pensamentos”, é o que diz o criativo artista Don Gallico (Price), especialista em construir dispositivos e engenhocas na produção de ilusionismo para mágicos. Porém, quando ele decide ter seu próprio espetáculo de mágica, é impedido por questões contratuais, sendo obrigado a passar suas ideias e criações para o inescrupuloso empresário Ross Ormond (Donald Randolph) e o mágico rival Rinaldi (John Emery). Frustrado por perder o trabalho e a esposa interesseira, Claire (Eva Gabor), e uma vez sedento por vingança, Gallico utiliza sua invenção com máscaras que retratam com perfeição o rosto das pessoas (daí o título nacional), e planeja eliminar seus adversários. Os assassinatos misteriosos despertam a atenção da polícia, com as investigações sob o comando do Tenente Alan Bruce (Patrick O´Neal), namorado da bela assistente de palco Karen Lee (Mary Murphy). O detetive ainda recebe a colaboração de uma observadora escritora de livros de mistérios e assassinatos, Alice Prentiss (Lenita Lane), que se envolve com o caso ao se aproximar do mágico louco. Filme curto com apenas 72 minutos, mais considerado um thriller policial com elementos de horror, onde Vincent Price, como sempre graças ao seu carisma único, rouba toda a atenção para si, como um mestre dos disfarces num plano maquiavélico de vingança. Algo já característico em muitas de suas interpretações como vilão em filmes como o já citado “Museu de Cera”, ou nas cultuadas preciosidades dos anos 70, os dois episódios com o Dr. Phibes e em “Teatro da Morte”, também conhecido como “As Sete Máscaras da Morte”. Curiosamente, “A Máscara do Mágico” foi exibido em 3-D nos cinemas em seu lançamento na década de 50, e também é considerado como o primeiro filme exibido nesse formato na televisão americana em 1987, sendo necessária a utilização de um óculos especial para experimentar os efeitos tridimensionais. (RR – 22/02/15)

* Noite do Terror Rastejante, A (1976) – “Na noite de 29 de Setembro de 1975, uma tempestade elétrica repentina abateu a zona rural da costa marinha da Georgia. Os cabos de alta tensão, derrubados pelos ventos fortes, mandaram centenas de milhares de volts para a terra enlameada, deixando sem eletricidade a pequena e afastada cidade de Fly Creek. Durante o período que se seguiu à tempestade, os cidadãos de Fly Creek experimentaram os que os cientistas acreditam ser um dos mais bizarros episódios da natureza já registrados. Esta é a história...” O cinema fantástico bagaceiro já mostrou uma infinidade de filmes com histórias de revoltas da natureza e ataques e invasões de animais e insetos de todos os tipos. Sapos, morcegos, pássaros, ovelhas, ratos, coelhos, aranhas, abelhas, vespas, lesmas, formigas, tubarões, cobras, etc, já foram assunto explorado em diversas tranqueiras divertidas justamente pelo absurdo dos roteiros. Em “A Noite do Terror Rastejante” (Squirm), a vez agora é das minhocas se revoltarem contra os humanos, sentindo o gosto do sangue e saboreando a carne, num filme com direção e roteiro de Jeff Lieberman (de “O Ajudante de Satã”, 2004), e produção da AIP (“American International Pictures”). Conforme informa a introdução acima, uma pequena cidade americana no Estado americano da Georgia, enfrenta uma forte tempestade que derrubou os cabos de energia no solo, deixando a cidade sem luz e descarregando alta voltagem na terra, incitando uma imensa população de minhocas que se transformam em criaturas mutantes carnívoras, para invadir a superfície à noite, uma vez que são sensíveis à luz, atacando violentamente os humanos. Um casal de jovens namorados, Geri Sanders (Patricia Pearcy), uma moça local, e Mick (Don Scardino), um rapaz recém-chegado de New York, descobre os esqueletos de vítimas dos seres rastejantes. Eles tentam avisar a polícia, através do xerife Jim Reston (Peter Mac Lean), sem muito sucesso e com uma recepção indiferente e desacreditada, restando apenas lutar por suas vidas e esperar pelo término da “noite do terror rastejante”. Um dos posters originais do filme, mostrando um homem enterrado e apenas com a cabeça para fora, cercado de minhocas interessadas em sua carne e já com algumas rastejando sob a pele do rosto, desperta a atenção em conhecer a história, principalmente para os apreciadores de bagaceiras divertidas do cinema fantástico. Os bons efeitos de maquiagem garantem vários momentos de tensão e horror nos ataques das criaturas melequentas, com os trabalhos liderados pelo especialista Rick Baker, mais conhecido por “Um Lobisomem Americano em Londres” (81). Em seu consagrado currículo, ainda temos os créditos em pérolas como “Nasce um Monstro” (74), “O Incrível Homem Que Derreteu” (77) e “Videodrome – A Síndrome do Vídeo” (83), entre diversas outras, sem contar as produções com mais recursos como “O Planeta dos Macacos” (2001), “O Chamado” (2002) e “O Lobisomem” (2010). O início é meio arrastado, com muita enrolação na apresentação dos personagens e a lenta investigação do mistério sobre a invasão das minhocas, com as mortes só começando a acontecer a partir da metade da projeção, onde percebemos um resgate àquela divertida atmosfera dos antigos filmes bagaceiros dos anos 50 do século passado. Como um filme de revolta da natureza e invasão de animais enfurecidos, temos alguns dos tradicionais clichês desfilando livremente pelo roteiro. Como o casalzinho descobrindo o mistério e não conseguindo convencer as autoridades locais do perigo (nesse caso, um único xerife incompetente). Ou o manjado fato da pequena cidadezinha do interior dos Estados Unidos devastada pelas minhocas, como se estivesse isolada do mundo. Tem também as origens absurdas do terror (nesse caso, rastejante), conferindo às antes inofensivas minhocas uma fúria devoradora de homens. Até poderia ser plausível que uma descarga elétrica na terra encharcada de água fizesse com que as minhocas saíssem do subsolo, mas sem a fome por carne humana, e ainda emitindo grunhidos intimidadores (na verdade, foi relevado que os sons eram realmente ruídos eletrônicos de porcos reais em matadouros). (RR – 17/02/15)

* Uma Fenda no Mundo (1965) – Filme situado no sub-gênero do cinema fantástico que aborda catástrofes de dimensões colossais, sendo nesse caso a tragédia causada pela ação equivocada da humanidade no uso da energia nuclear, e com a retaliação da natureza com consequências devastadoras. Também é conhecido no Brasil como “O Fim do Mundo”, conforme informação do livro “Ficção Científica”, de Gilberto Schoereder (Editora Francisco Alves, 1986). O cientista Dr. Stephen Sorenson (Dana Andrews), é informado por seu médico que está com uma doença terminal, devido a grande exposição de radiação em suas experiências. Ele é casado com a bela jovem Dra. Maggie (Janette Scott), e lidera uma equipe científica à frente de um projeto audacioso que consiste em trazer para a superfície o magma derretido do interior do planeta, que em condições controladas transforma-se em energia, através do calor limpo e ilimitado. Trabalhando num complexo centro de operações abaixo da superfície, eles precisam romper uma última camada sólida para chegar ao magma, e tentam alcançar o objetivo com a explosão de um míssil nuclear. Contra essa perigosa estratégia, um jovem geólogo, Dr. Ted Rampion (Kieron Moore), defende a teoria de que a explosão atômica poderia causar uma imensa rachadura ou fenda no crosta terrestre (daí o título do filme), e o calor do magma em contato com os oceanos causaria uma série de terremotos, maremotos, tsunamis e destruições em escala apocalíptica. Porém, uma vez pressionado pelos investidores de vários países, liderados pelo inglês Sir Charles Eggerston (Alexander Knox), que exigem resultados lucrativos e imediatos com o projeto de alto custo, o Dr. Sorenson escolhe pelo lançamento da bomba numa decisão arriscada que pode levar o mundo ao colapso. “Uma Fenda no Mundo” tem ótimos efeitos especiais para a época, sob o comando do diretor de arte Eugene Lourie, que também é conhecido como o cineasta responsável por algumas preciosidades do cinema bagaceiro de FC e Horror como “O Monstro do Mar” (1953), “O Monstro de New York” (1958), “O Monstro Submarino” (1959) e “Gorgo” (1961). Passado meio século, esses efeitos podem parecer ingênuos, mas numa época sem computação gráfica, o trabalho de Lourie e sua equipe de técnicos certamente é um dos grandes destaques do filme, misturando-se a imagens reais de explosões, terremotos e erupções vulcânicas. Curiosamente, a ideia central do roteiro, inspirado numa história de Jon Manchip White, é inverter o foco da maioria dos filmes similares, onde a temática é voltada à exploração do espaço exterior, com a humanidade partindo para fora do planeta em busca de conhecimento, contato com outras raças ou refúgio. Aqui, a opção da história é direcionar a atenção para o interior da Terra, explorando regiões desconhecidas com o objetivo de utilizar a energia do calor do magma para o desenvolvimento industrial da humanidade. Por outro lado, como ponto negativo, temos um desnecessário triângulo amoroso entre os três principais personagens, com a jovem Dra. Sorenson no meio de dois cientistas interessados em sua beleza. Essa relação a três ficou bastante deslocada no meio da grande confusão criada pela gigantesca rachadura que ameaçava a estabilidade do planeta. Mas, independente desse detalhe desfavorável, o filme é uma grande diversão, típica da saudosa e nostálgica “Sessão da Tarde” da TV Globo. Por curiosidade, vale registrar outros filmes com histórias explorando o espaço interior, como “Um Mundo Desconhecido (Unknown World, 1951), “Viagem ao Centro da Terra” (Journey to the Center of the Earth, 1959, baseado em livro de Jules Verne), “No Coração da Terra” (At the Earth´s Core, 1976), “Catástrofe” (The Deep Core, 2000) e “O Núcleo – Missão ao Centro da Terra” (The Core, 2003). (RR – 02/02/15)