Comentários de Cinema - Parte 12 (10/02 a 23/03/14)

Filmes abordados:

300: A Ascensão do Império (300: Rise of an Empire, EUA, 2014)
Alemão (Brasil, 2014)
Eaters – Rise of the Dead (Itália, 2011)
O Grande Herói (Lone Survivor, EUA, 2013)
Hércules (The Legend of Hercules, EUA, 2014)
Pompeia (Pompeii, EUA / Alemanha / Canadá, 2014)
Quarentena 2 (Quarantine 2: Terminal, EUA, 2011)
RoboCop (RoboCop, EUA, 2014)
Sem Escalas (Non-Stop, Inglaterra / França / EUA, 2014)



* 300: A Ascensão do Império (2014) – Continuação de “300” (2006), que entrou em cartaz nos cinemas em 07/03/14 com a opcionalidade de exibição em 3D. Baseado em uma graphic novel de Frank Miller, a história mostra eventos anteriores e posteriores ao filme de 2006, onde 300 soldados de Sparta, sob o comando do Rei Leonidas, foram massacrados num confronto com um exército maior de persas. Agora, o foco está no general grego Themistocles (Sullivan Stapleton), que lidera uma ofensiva contra as tropas persas do semideus Xerxes (Rodrigo Santoro, em ótima performance), numa batalha naval sangrenta contra a marinha comandada pela tirana Artemisia (Eva Green). Épico extremamente movimentado de ação com elementos de fantasia, com cenas intensas de batalhas nos mares e uma overdose de sangue em CGI manchando a água de vermelho e lâminas afiadas de espadas rasgando a carne dos soldados gregos e persas. Bem divertido e violento, com confrontos de guerra de tirar o fôlego, mesmo com a artificialidade do excesso de computação gráfica. Por outro lado, não consegue fugir dos clichês já bem cansativos com aqueles discursos inflamados dos líderes para incentivar os soldados a lutar pela honra e liberdade, dando a vida por seu país e todas aquelas baboseiras já conhecidas. E confesso que não pude impedir uma vontade de torcer pela tirania dos persas. Mas, fico satisfeito com a boa impressão e sucesso que o nosso representante Rodrigo Santoro tem conquistado no mercado milionário do cinema americano. (RR – 15/03/14)

* Alemão (2014) – Thriller policial nacional dirigido por José Eduardo Belmonte, que entrou em cartaz nos cinemas em 13/03/14, inaugurando a mudança de estreias semanais que ocorriam tradicionalmente nas sextas-feira para as quintas-feiras. É uma história de ficção situada dentro de um evento ocorrido na vida real, a invasão do complexo de favelas no morro do Alemão, no Rio de Janeiro/RJ em Novembro de 2010, que era dominado por criminosos do tráfico de drogas, e passou para o controle da polícia. Pouco antes do início da invasão, um grupo de cinco policiais infiltrados na comunidade teve suas identidades descobertas pelos bandidos e ficou acuado no porão de uma pizzaria, local do ponto de encontro da missão. Sem poder sair e esperando por um inevitável confronto em desvantagem com os traficantes ávidos por vingança, eles lutam por suas vidas e tentam administrar problemas de relacionamento entre eles, com constantes acusações de traição e falta de confiança. O filme tem os previstos tiroteios e momentos tensos dentro de um ambiente hostil e tomado pela criminalidade, medo e violência, mas em pequena dose, pois seu foco está mais voltado para a exploração do drama enfrentado pelos policiais infiltrados, num clima de tensão psicológica constante e claustrofobia do confinamento num pequeno lugar. Tem seus furos de roteiro, mas em compensação apresenta um final pessimista, ousado e não comercial. No elenco, entre outros, temos desde o veterano Antônio Fagundes, no papel do Delegado Valadares, que aparece pouco, passando pelo jovem Caio Blat, como um dos policiais infiltrados na comunidade dos bandidos, e Cauã Reymond como “Playboy”, o chefe dos traficantes. (RR – 18/03/14)

* Eaters – Rise of the Dead (2011) – Filme italiano de zumbis, que só serve para aumentar as estatísticas de produções sobre o gênero, não acrescentando nada para esse já saturado estilo do cinema de horror, e servindo apenas para despertar saudades dos tempos dos zumbis do cultuado cineasta Lucio Fulci. Um vírus instaurou o apocalipse na Terra, devastando a humanidade com uma contaminação que transformou as pessoas em zumbis, e eliminou quase todas as mulheres. No meio do caos, temos uma dupla de caçadores de mortos-vivos para oferecer cobaias às experiências de um cientista louco que estuda o vírus, além de outras bobagens como um grupo de neo-nazistas e o aparecimento misterioso de uma adolescente. Curiosamente, os produtores optaram por colocar o nome do cineasta alemão Uwe Boll (de tranqueiras dispensáveis como “House of the Dead”, “Alone in the Dark” e “Seed”), como uma “personalidade” que apresenta o filme, como se isso pudesse ajudar no marketing, e onde na verdade só passa mais desconfiança para quem vai assistir, esperando uma porcaria colossal. E é exatamente isso que vemos, é apenas mais um filme de zumbis com a mesma história de sempre e cheio de absurdos que não vale a pena permanecer em nossa memória por mais de alguns poucos minutos. Eu mesmo já me esqueci da história depois de escrever esse pequeno texto. (RR – 16/02/14)

* Grande Herói, O (2013) – No dia 20/03/14 chegou aos nossos cinemas esse drama de guerra estrelado por Mark Wahlberg, com história baseada num evento real ocorrido em 2005 envolvendo uma missão americana no Afeganistão. Um grupo de quatro soldados é formado por Marcus Luttrell (Wahlberg), Michael Murphy (Taylor Kitsch), Danny Dietz (Emile Hirsch) e Matt Axelson (Ben Foster). Eles estão incubidos de tentar encontrar e eliminar um perigoso líder terrorista afegão, mas ao encontrarem um velho pastor de ovelhas nas montanhas, com seus dois filhos, sua presença é delatada e eles são obrigados a abortar a missão, passando a lutar por suas vidas num confronto sangrento com os inimigos. Abordando um conflito armado recente envolvendo a presença dos Estados Unidos no Afeganistão, o filme tem um título nacional ruim (como quase sempre), sendo que seria mais fácil e ideal adotar uma tradução literal (algo como “Sobrevivente Solitário”). É um drama de guerra bem construído em duas horas de projeção que prendem a atenção. Apesar de alguns exageros típicos do cinema e não conseguir escapar de clichês, como aquelas tradicionais frases feitas dos soldados antes da morte iminente (do tipo “diga para minha mulher que eu a amo”), o filme parece retratar com fidelidade o ambiente de guerra, desde a rotina das bases militares, passando pelo planejamento estratégico das missões, até o conflito no campo de batalha. (RR – 23/03/14)

* Hércules (2014) – Lançado nos cinemas em 07/02, com a opção de exibição em 3D, “Hércules” faz parte da onda de filmes épicos com elementos de fantasia que estão sendo lançados nas telonas em 2014, junto com “Pompeia”, “Noé” e “300: A Ascenção do Império”, além de outro filme sobre o mesmo herói mitológico grego “Hércules”, só que com o ator Dwayne Johnson. Na história, Hércules (Kellan Lutz) é um semideus, filho de Zeus, que é traído por seu padastro, o tirano Rei Anphitryon (Scott Adkins) e pelo irmão mais velho Iphicles (Liam Garrigan), e enviado para uma batalha onde morreria numa emboscada, por causa de seu amor proibido pela princesa Hebe (Gaia Weiss). Mas ele sobrevive e retorna para liderar uma revolta contra a tirania do rei, utilizando uma força descomunal recebida por seu pai Zeus. Bobagem colossal onde o pano de fundo é uma trivial história de amor entre Hércules e Hebe, ficando todo o resto em um plano secundário. Tem algumas cenas de lutas individuais e confrontos de batalhas, mas sem sangue e violência, e talvez as únicas poucas coisas que se salvam são imagens em CGI das imponentes cidades daquela época vistas pelo alto e da imensa arena de lutas. Fora isso, é totalmente dispensável. (RR – 23/02/14)

* Pompeia (2014) – Dirigido pelo inglês Paul W. S. Anderson, o mesmo cineasta de duas divertidas produções de Ficção Científica da década de 90 do século passado, “O Enigma do Horizonte” (97) e “O Soldado do Futuro” (98), “Pompeia” estreou nas telonas em 21/02/14, com a opção de exibição em 3D. Na história, ambientada no ano 79 D.C., um escravo celta, Milo (Kit Harington), é obrigado a tornar-se um gladiador, e é enviado até a cidade italiana de Pompeia para participar de um torneio com lutas mortais. Lá, ele se apaixona pela bela filha de um rico mercador local, Cassia (Emily Browning), e faz amizade com um gladiador negro, Atticus (Adewale Akinnuoye-Agbaje), conhecido por suas vitórias na arena. Porém, os problemas do jovem lutador aumentam com a chegada de um corrupto e tirano senador romano, Corvus (Kiefer Sutherland), que está interessado em casar-se com Cassia, em meio à revolta da natureza com a erupção de um imponente vulcão ao lado da cidade, destruindo tudo ao redor. O roteiro é baseado em clichês exaustivos dos filmes sobre catástrofes naturais, priorizando aqui um romance extremamente improvável entre um escravo gladiador e uma moça rica. Em meio à luta por liberdade contra a tirania de Roma, responsável pelo assassinato da família de Milo, e a tentativa de fuga da morte certa pela explosão de fúria do vulcão Vesuvio, que aniquilou Pompeia transformando seus habitantes em pedra. Existem boas cenas de lutas sangrentas, evidenciando a selvageria da humanidade em patrocinar esportes com a morte violenta dos derrotados, e principalmente não faltam momentos tensos com a destruição de Pompeia pela ação de terremotos, chuva de imensas pedras incendiárias e um tsunami avassalador, garantindo a diversão. (RR – 24/02/14)

* Quarentena 2 (2011) – Sequência de um filme de 2008, que por sua vez é uma refilmagem americana do cultuado espanhol “Rec” (2007), que inspirou uma franquia com outras três continuações. Na história dessa parte 2, logo depois que um prédio de apartamentos é isolado pela polícia em Los Angeles, e colocado em quarentena para tentar impedir que uma misteriosa contaminação se espalhasse de forma desenfreada, um avião parte da mesma cidade. Um dos passageiros, o Prof. Henry (Josh Cooke), está levando ratos de laboratório infectados com um poderoso vírus criado como arma terrorista. Após o início do contágio e a inevitável confusão a bordo, o piloto da aeronave é obrigado a fazer um pouso de emergência e estaciona num terminal de cargas abandonado. Tanto a tripulação quanto os passageiros são aos poucos infectados tornando-se extremamente raivosos e violentos, obrigando as autoridades a isolar o terminal e instaurar nova quarentena. É mais um filme explorando a manjada fórmula de contaminação que transforma suas vítimas em algo como zumbis raivosos, que espalham a doença através de mordidas. Tem todos os clichês do gênero, ao apresentar novamente um grupo de pessoas, liderado pela aeromoça Jenny (Mercedes Masöhn), lutando por suas vidas, sitiado num local fechado e atacado pelos infectados. Mas, acertou no rumo da história ao revelar a origem da criação do vírus com experiências em bioterrorismo, na ideia de uma “limpeza” no planeta, em vez da menos interessante opção da franquia espanhola em associar a contaminação com questões religiosas e possessão demoníaca. (RR – 10/02/14)

* RoboCop (2014) – Refilmagem de “Robocop, o Policial do Futuro” (1987), do cineasta holandês Paul Verhoeven e com Peter Weller, que deu origem a outras duas continuações em 1990 e 1993. Com estreia nos cinemas em 21/02/14 e direção do brasileiro José Padilha (de “Tropa de Elite” 1 e 2), o novo “RoboCop” traz o ator Joel Kinnaman no papel do policial Alex Murphy, casado com a bela Clara (Abbie Cornish) e pai do garoto David (John Paul Ruttan). Com história ambientada em 2028, ele e seu parceiro Jack Lewis (Michael K. Williams) estão investigando as ações de um criminoso poderoso, e como retaliação o policial Murphy sofre um atentado com a explosão de seu carro, que o deixa quase morto. Para salvar a sua vida, ele é escolhido para se transformar num misto de homem e robô, e tornar-se um “policial do futuro”, extremamente eficiente no combate ao crime, sob a supervisão científica do Dr. Dennett Norton (Gary Oldman), cujo trabalho é financiado pelo empresário Raymond Sellars (Michael Keaton), proprietário da mega corporação “OmniCorp”, líder em robótica. Sem fazer comparações com o original, o novo “RoboCop” é até bem divertido, carregado de cenas tensas de ação e tiroteios (apesar do uso exagerado e artificial da computação gráfica). E o filme tem também uma significativa dose de pertinentes críticas sociais, abordando diversos temas presentes em nossos conturbados tempos modernos. O trabalho escravo na China, a manipulação da mídia sensacionalista com programas tendenciosos (e aqui o grande ator Samuel L. Jackson interpreta um popular apresentador de TV), além da corrupção policial, o marketing político das grandes empresas, o uso irresponsável da ciência (com o “cientista louco” perdido com as consequências de sua criação), e o conhecido imperialismo americano ao redor do mundo, com a sempre constante intervenção militar em países envolvidos em conflitos. (RR – 03/03/14)

* Sem Escalas (2014) – Thriller dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (de “Casa de Cera” e “A Órfã”), que entrou em cartaz em nossos cinemas no dia 28/02/14, com uma dupla de atores renomados liderando o elenco, os experientes Liam Neeson e Julianne Moore. O ex-policial e agora agente de segurança aéreo Bill Marks (Neeson) enfrenta problemas pessoais com o álcool e ao trabalhar num vôo longo entre Londres e Nova Iorque, não imaginaria que alguém queria envolvê-lo num plano criminoso e audacioso, colocando em risco a vida dos passageiros e tripulantes. O filme tem um eficiente e constante clima de suspense num avião que prende a atenção do espectador, com reviravoltas, além da ótima atuação de Liam Neeson como o protagonista, apoiado pela não menos talentosa Julianne Moore, que faz o papel de Jen Summers, uma passageira que ajuda o agente em suas investigações durante o vôo. Porém, a solução encontrada pelos roteiristas para desvendar o mistério é bem simples e decepcionante, encontrando justificativas óbvias para as ações criminiosas, baseadas na sempre presente tensão gerada após os supostos atentados terroristas de 11/09/2001 nos Estados Unidos. Além do desfecho previsível, onde já sabemos como irá terminar a história e o destino dos vilões e heróis. Ou seja, diverte bastante enquanto se desenvolve a investigação, e depois não foge dos clichês tradicionais para solucionar a trama. (RR – 05/03/14)