Míssil Para a Lua / Terríveis Monstros da Lua (Missile to the Moon, EUA, 1958)



Um projeto científico mantido com investimentos privados tem por objetivo a construção de um foguete para viajar pelo espaço até a Lua. Projetado e construído pelo cientista Dirk Green (Michael Whalen), auxiliado por Steve Dayton (Richard Travis), o projeto do míssil recebe a interferência do governo americano, através do Coronel Wickers (Henry Hunter), que informa aos cientistas que tomará agora o controle das ações. Descontente com a imposição militar, Green planeja desobedecer e fugir com o foguete numa viagem para a Lua. Precisando de uma tripulação mínima, ele utiliza dois presidiários fugitivos, Gene Fennell (Tommy Cook) e Lon (Gary Clarke), que se escondem na nave, além de se juntarem ainda à equipe de forma involuntária, o companheiro Dayton e sua noiva June Saxton (Cathy Downs).
Após um acidente durante o trajeto com uma chuva de meteoritos, Green é atingido mortalmente por um objeto pesado na cabeça, restando aos outros membros a missão de seguir viagem até o destino final. Chegando na Lua, eles têm que lutar por suas vidas, enfrentando a ameaça de criaturas de pedra, passando por uma enorme aranha que vive numa caverna, até fugir dos mortais raios solares, procurando as sombras das montanhas. Além de encontrarem uma cidade habitada apenas por mulheres, lideradas por Lido (K. T. Stevens), que por sua vez tem seu posto hierárquico ameaçado pela gananciosa adversária Alpha (Nina Bara). Entre elas, temos também Lambda (Laurie Mitchell) e Zema (Marjorie Hellen, pseudônimo de Leslie Parrish), que simpatizam com os humanos recém chegados, revelando também que precisam de outro planeta para viver devido um problema com o oxigênio local que está acabando.
Míssil Para a Lua” (Missile to the Moon, 1958também é conhecido no Brasil com o título “Terríveis Monstros da Lua”, e é uma produção americana paupérrima em preto e branco, dirigida por Richard E. Cunha (1922 / 2005), o mesmo cineasta de tranqueiras como “Mulheres Demônio” (She Demons), “O Gigante do Outro Mundo” (Giant From the Unknown) e “A Filha de Frankenstein” (Frankenstein´s Daughter), todos de 1958, além do thriller “A Moça do Quarto 13” (Girl in Room 13, 1960), numa co-produção brasileira e locações em São Paulo.
O filme apresenta muitas similaridades na história com o anterior “Cat-Women of the Moon” (1953), de Arthur Hilton. Foi lançado em DVD no Brasil pela “FlashStar” em sua “Classic Collection”, trazendo o filme colorizado digitalmente (de onde ficamos sabendo que as belíssimas mulheres lunares são azuis), e tendo como material extra também o filme em sua versão original em preto e branco. Além do elenco inexpressivo e roteiro fuleiro, mostrando uma Lua habitada por monstros hilários e uma civilização exótica de mulheres, temos cenas repletas de efeitos bagaceiros, como o foguete tosco com uma cabine de controle cheia de alavancas, e principalmente a aranha gigante pendurada por fios “invisíveis”.
Enfim, diversão curta (apenas 78 minutos) e garantida para os apreciadores do cinema bagaceiro de ficção científica dos saudosos anos 50 do século passado.

Míssil Para a Lua” / "Terríveis Monstros da Lua" (Missile to the Moon, EUA, 1958) # 582 – data: 30/09/12
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Projeto Dinossauro (The Dinosaur Project, Inglaterra, 2012)


Um dos subgêneros do cinema de horror conhecido como “mockumentary” (falso documentário) associado ao “found footage” (imagens gravadas em vídeo e posteriormente encontradas) é bem interessante. O precursor desse recurso é o filme italiano “Cannibal Holocaust” (1980), de Ruggero Deodato, e muitos anos depois, em 1999, a técnica foi redescoberta com “A Bruxa de Blair” (The Blair Witch Project), utilizando também um trabalho de marketing bem sucedido com a internet. Depois vieram uma infinidade de outros filmes explorando a ideia, alguns deles bem divertidos e outros ruins e desnecessários, com roteiros banais, desgastando bastante o estilo. O filme inglês “Projeto Dinossauro” (The Dinosaur Project, 2012), que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 07/09/12, pertence ao grupo dos ruins dentro desse subgênero.

Uma expedição de exploradores é liderada por Jonathan Marchant (Richard Dillane) e formada por seu assistente Charlie Rutherford (Peter Brooke), a bióloga Dra. Liz Draper (Natasha Loring), além de um cinegrafista, um sonoplasta, uma guia africana e um piloto de helicóptero. Eles partem para uma região inóspita da África com o objetivo de filmar a tentativa de encontrar animais misteriosos (conforme lendas locais), que poderiam ter relação com os antigos dinossauros que habitavam o planeta. Somando-se ao grupo de forma clandestina, surge o adolescente Luke Marchant (Matt Kane), filho do líder, que entra no helicóptero sem permissão. A partir daí, a aeronave é atingida e derrubada por imensos pássaros estranhos, e o grupo em terra é obrigado a lutar pela sobrevivência ao encontrar animais perigosos supostamente extintos há milhões de anos atrás.  
(Atenção! Contém “spoilers”)
Alguns absurdos que tornam o filme exagerado, patético e inverossímil: a amizade do garoto nerd com o dinossauro criança, numa típica relação de dono com seu cachorrinho; a habilidade desse mesmo moleque com aparelhos eletrônicos de filmagens e comunicações, e o mais incrível é que essas tralhas funcionam perfeitamente no meio do nada, onde até dinossauros existem, e não quebram mesmo depois de uma queda de helicóptero, ataques violentos de dinossauros, acidente com canoa naufragada, correrias desenfreadas, etc.; o cinegrafista filmando o tempo todo, mesmo com a ameaça constante de morte na sua frente, tendo como ápice dessa insensatez, a filmagem do “pacífico” plessiosauro na maior tranquilidade, como se fosse apenas mais um bicho grande qualquer, e recebendo obviamente o ataque mortal de uma criatura desconhecida; a atitude estúpida e suicida de um dos membros da expedição em “vingar” o colega morto, partindo para o ataque contra dinossauros parecendo morcegos gigantes, munido apenas com equipamentos de sonoplastia; a mudança de comportamento radical do assistente invejoso do líder da expedição, tornando-se um totalmente improvável psicopata no meio daquela zona toda...
Enfim, “Projeto Dinossauro” é um filme ruim, diverte pouco, e só é recomendável para aqueles que, como eu, assistem de tudo, mesmo as porcarias...

“Projeto Dinossauro” (The Dinosaur Project, Inglaterra, 2012) # 581 – data: 16/09/12
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Da Terra à Lua (Rocketship X-M, EUA, 1950)



Uma expedição formada por quatro homens e uma mulher tem por objetivo realizar a primeira viagem tripulada para a Lua, através de um sofisticado foguete do projeto secreto do governo americano chamado “X-M”. O grupo é liderado pelo físico Dr. Karl Eckstrom (John Emery), juntamente com o piloto Coronel Floyd Graham (Lloyd Bridges), o astrônomo navegador Harry Chamberlain (Hugh O´Brian), o engenheiro Major William Corrigan (Noah Beery Jr.), e pela bela química Dra. Lisa Van Horn (Osa Massen). Eles partem de uma base de testes, comandada pelo Dr. Ralph Fleming (Morris Ankrum), rumo à Lua, porém uma combinação de problemas e cálculos errados afetando a potência dos motores e a dosagem adequada do combustível desviou o foguete da rota planejada, indo em direção de Marte.
Lá chegando, eles se deparam com um planeta árido coberto por pedras e areia, e tem uma descoberta impressionante, encontrando restos de uma civilização outrora avançada, com as ruínas indicando destruição causada por uma explosão nuclear. Encontram também sobreviventes humanóides mutantes vivendo de forma primitiva, numa espécie de “idade da pedra”, com uma interessante crítica para a humanidade na Terra, servindo como um alerta para os perigos da era atômica (o filme é do período pós Segunda Guerra Mundial e da conturbada guerra fria entre EUA e a antiga União Soviética).   
Dirigido em 1950 por Kurt Neumann (de “A Mosca da Cabeça Branca”) e com fotografia em preto e branco, “Da Terra à Lua” (Rocketship X-M, 1950) teve o mérito de estratégia comercial de ter sido lançado poucos meses antes do mais famoso “Destino: Lua” (Destination Moon), uma produção colorida de George Pal, com um orçamento bem maior e efeitos especiais notáveis para a época.   
 Em “Rocketship X-M” temos toda aquela parafernália tecnológica de meados do século XX, onde prevaleciam os painéis de controle do foguete e na base de testes, com instrumentos bizarros e seus imensos mostradores analógicos, alavancas e botões para todos os lados. Devido ao orçamento reduzido e poucos recursos, o filme é curto (apenas 77 minutos) e as ações se passam na maioria no interior do foguete, durante a conturbada viagem espacial, e as descobertas em Marte são rápidas e pouco exploradas.
No elenco, temos Lloyd Bridges (1913 / 1998), um rosto conhecido com mais de 200 filmes na carreira, e participações em filmes importantes como o clássico western “Matar ou Morrer” (1952), com Gary Cooper. Ele é o pai dos também atores Beau Bridges e Jeff Bridges.

Da Terra à Lua” (Rocketship X-M, Estados Unidos, 1950) # 580 – data: 09/09/12
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Oásis dos Zumbis (Oasis of the Zombies, França, 1982)



Um grupo de soldados alemães, durante a Segunda Guerra Mundial, está num comboio em alguma região do norte da África, atravessando o deserto rumo ao mar, carregando um tesouro em ouro avaliado em seis milhões de dólares. Porém, eles são atacados por soldados aliados liderados por um comandante americano (Javier Maiza). No conflito, todos morrem, exceto o comandante, que é resgatado por um sheik (Antonio Mayans), e se recupera dos ferimentos graças aos cuidados da bela filha do sheik, Aisha (Doris Regina). Eles se apaixonam e tem um filho, Robert Blabert (Manuel Gélin), que muitos anos depois está morando na Inglaterra como estudante. Após saber da morte do pai e da existência de um provável tesouro perdido num oásis no deserto, ele decide ir à África com três amigos, Ahmed (Miguel Ángel Aristu), Sylvie (Caroline Audret) e Ronald (Eric Saint-Just), em busca de aventuras e dinheiro fácil. Lá chegando, eles conhecem o Prof. Konrad Deniken (Albino Graziani) e sua bela assistente Erika (France Jordan), que estão trabalhando num documentário dos costumes locais. Todos acabam se encontrando no oásis amaldiçoado e são obrigados a lutar por suas vidas contra o ataque de zumbis protetores do tesouro perdido.
Mais uma tranqueira da “Eurociné”, “Oásis dos Zumbis” (Oasis of the Zombies, 1982) é dirigido e escrito pelo espanhol Jesus Franco, utilizando os pseudônimos de A. M. Frank e A. L. Mariaux, respectivamente.
É difícil dizer qual é pior, esse ou o anterior “O Lago dos Zumbis” (1981), com os mortos-vivos verdes de Jean Rollin e Jesus Franco. Parece que “Oásis dos Zumbis” é menos ruim, principalmente pelas maquiagens toscas, mas interessantes, dos mortos-vivos comedores de carne humana, que emitem ruídos parecendo porcos selvagens. Tem também algumas cenas bem filmadas como aquela em que os zumbis surgem no horizonte, do alto das dunas de areia, caminhando lentamente na direção de suas vítimas. Apesar dos atores péssimos, do roteiro fuleiro com uma enorme quantidade de situações absurdas, é possível percebermos uma tentativa de se fazer um filme com um clima sinistro de horror, com zumbis nazistas pútridos emergindo da areia e massacrando todos que invadem seu território por cobiça, protegendo um suposto tesouro em ouro.   
“Oásis dos Zumbis” foi lançado em 1982 na França, e no ano seguinte na Espanha com o título “La Tumba de los Muertos Vivientes”, com algumas pequenas alterações como a troca de atores nos papéis do caçador alemão de tesouros Kurt e sua esposa. Na versão francesa, eles foram interpretados por Henry Lambert e Myriam Landson, respectivamente, e na versão espanhola eles foram substituídos por Lina Romay (falecida em 15/02/12), a eterna musa de Jesus Franco, e Eduardo Fajardo, que foi o Coronel Kurt Meitzell.
A versão francesa foi lançada em DVD no Brasil pela “Vinny Filmes”, na coleção “Clássicos do Terror”, em Dezembro de 2011. Fazem parte dessa coleção outras pérolas do cinema bagaceiro da “Eurociné” como “O Lago dos Zumbis” e “A Queda da Casa de Usher”, entre outros, ambos também do início dos anos 80 do século passado.  

Oásis dos Zumbis” (Oasis of the Zombies, França, 1982) # 579 – data: 03/09/12
www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 04/09/12)