Jornada ao Centro do Tempo (Journey to the Center of Time, EUA, 1967)


“Ao longo da evolução do Homem, o tempo vem sendo medido pela jornada do planeta ao redor da escuridão do espaço. Cientistas usaram nosso sistema solar e nomearam vastas regiões do Universo como gigantes dispositivos do tempo. O tempo é equivalente, em névoa e distância, a nossa própria galáxia. A névoa às vezes se dissipa daquelas mentes mostrando a natureza real do próprio tempo. E dois significados de tempo são revelados. Tempo, da criação até hoje, mostrando todos os ontens tão fortemente quanto amanhãs que estendem-se pela eternidade. Um dia, os Homens encontrarão o equilíbrio entre essas duas forças. O passado e o futuro. Então o Homem poderá fazer uma fantástica Jornada ao Centro do Tempo.”


“Jornada ao Centro do Tempo” (Journey to the Center of Time, EUA, 1967) é um daqueles filmes divertidos de ficção científica com uma produção de baixo orçamento, e que era exibido na saudosa “Sessão da Tarde” da TV Globo, há muito, muito tempo atrás, junto com outras pérolas do cinema fantástico como “Destino: Lua” (1951), “Viagem Fantástica” (1966), “Robur, o Conquistador do Mundo” (1961), “Viagem ao Centro da Terra” (1959) e outros. Foi lançado em 2007 em DVD no Brasil pela “NFK Filmes” (já difícil de encontrar), e também é conhecido pelo título “Viagem ao Núcleo do Tempo” nas exibições na televisão.
Um empresário milionário e sem escrúpulos, Stanton Junior (Scott Brady, de “Viagem Rumo ao Infinito”, 1966), acaba de herdar as empresas da família após a morte de seu pai, e decide acompanhar de perto as ações de um projeto científico que desenvolve pesquisas de viagens no tempo, patrocinado pelo pai. Porém, visando unicamente a obtenção de lucros nos investimentos, ele exige que a equipe responsável pelo laboratório apresente resultados positivos urgentes, com a ameaça de suspensão das verbas e o consequente encerramento do projeto, substituindo-o por fabricação de armas. A equipe é formada pelos cientistas Dr. Gordon (o veterano Abraham Sofaer), e o jovem casal de namorados Mark Manning (Anthony Eisley, um ator com rosto conhecido em várias séries de TV dos anos 60 e em filmes tranqueiras como “A Mulher Vespa”, 1960 e “Os Monstros da Noite”, 1966) e a bela Karen White (Gigi Perreau).
O projeto é dividido nas Fases A (volta ao passado) e B (viagem ao futuro). Sob forte pressão, os três cientistas, juntamente com o indesejável Stanton, se lançam numa cápsula do tempo para 5.000 anos no futuro (ano 6968), e encontram o mundo numa guerra nuclear contra alienígenas, que procuram um planeta apropriado para se instalarem, e estão fazendo reparos em sua gigantesca nave espacial, enquanto são atacados pelos humanos, interessados em suas armas e tecnologia avançada. O líder dos alienígenas é interpretado por Lyle Waggoner, sob o comando principal da Conselheira Vina (Poupée Gamin). Após um confronto mortal com os humanos, armados com pistolas futuristas de raios, os cientistas do século XX conseguem escapar e a cápsula retorna no tempo para um milhão de anos no passado, indo parar dessa vez num mundo pré-histórico habitado por dinossauros gigantescos.
Paralelamente, enquanto os cientistas tentam voltar ao seu tempo normal, no laboratório central, outros profissionais da ciência tentam auxiliar no processo rastreando o paradeiro dos viajantes do tempo. São os jovens Dave (Andy Davis) e Susan (Tracy Olsen), sempre observados de perto pelo Sr. Denning (Austin Green), um representante das empresas de Stanton e amigo particular do falecido patrocinador do projeto.
Após diversas aventuras em fantásticas viagens no tempo, com direito a encontros com alienígenas humanóides prateados, perigosas cavernas vulcânicas repletas de pedras preciosas e dinossauros assassinos, o grupo de cientistas tenta retornar ao ano de 1968, reservando ainda surpresas num desfecho pessimista.
A despeito da produção paupérima e do roteiro simples, “Jornada ao Centro do Tempo” é um filme de ficção científica bagaceira que certamente garante a diversão desde que o espectador entre no clima de pura fantasia e desconsidere os defeitos, falhas na história e a overdose de clichês. Sendo um filme de FC dos anos 60 do século passado, temos o típico laboratório científico com cores exageradas cheio de luzes piscantes, botões para todos os lados, mostradores analógicos, interruptores, fitas magnéticas e computadores imensos. 
O tema do tempo como quarta dimensão e as viagens temporais é sempre muito interessante, e também difícil de ser tratado pela produção de um filme, com as óbvias dificuldades orçamentárias em se retratar um ambiente futurista ou mesmo algo no passado, principalmente para a tecnologia do cinema de meio século atrás. Assim como em outros filmes como “O Mundo Perdido” (The Lost World, 1960), aqui o dinossauro também é um lagarto de “pet shop” filmado sob uma perspectiva que o torna um animal gigantesco e aterrador. Como na maioria dos filmes desse período de ouro do cinema fantastico, o roteiro se preocupa em mostrar a bestialidade da raça humana sempre envolta em guerras, desde sua origem com conflitos primitivos até num futuro longínquo, às voltas com guerras mais tecnológicas contra seres invasores vindos de outros planetas. Mas, sempre enfocando a violência, tirania e luta pelo poder e liberdade como focos de nossa existência como espécie.
“Jornada ao Centro do Tempo” é altamente recomendável para os apreciadores do divertido cinema bagaceiro de Ficção Científica das décadas de 1950 e 1960, e que está na lista das sugestões dentro do sub-gênero de viagens no tempo, ao lado de outras pérolas como “A Máquina do Tempo” (The Time Machine, 1960), “Além da Barreira do Tempo” (Beyond the Time Barrier, 1960), “Passagem Para o Futuro” (The Time Travelers, 1964), “A Guerra dos Daleks” (Dr. Who and the Daleks, 1965), a série de TV “O Túnel do Tempo” (The Time Tunnel, 1966), a franquia “O Planeta dos Macacos” (1967), “Degraus Para o Passado” (Time Travelers, 1976), a trilogia dos anos 80 “De Volta Para o Futuro” (Back to the Future), e outros.


“Jornada ao Centro do Tempo” (Journey to the Center of Time, EUA, 1967) # 562 – data: 20/02/11
www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 20/02/11)