Guerra Entre Planetas (This Island Earth, EUA, 1955)



A década de 1950 está eternamente marcada na lembrança dos fãs do cinema fantástico, graças aos incontáveis filmes preciosos produzidos nesse período como “O Monstro do Ártico” e “O Dia Em Que a Terra Parou” (ambos de 51), “A Guerra dos Mundos” (53), “O Mundo em Perigo” (54), “Vampiros de Almas” e “O Planeta Proibido” (ambos de 56), “O Incrível Homem Que Encolheu” (57), “A Mosca da Cabeça Branca” (58), entre tantos outros. E de 1955 vem também outro clássico memorável: “Guerra Entre Planetas” (This Island Earth), dirigido por Joseph M. Newman e com Jeff Morrow, Rex Reason e Faith Domergue.
Os alienígenas do planeta Metaluna estão enfrentando uma terrível guerra contra o planeta Zagon, que está bombardeando o inimigo com potentes meteoros, destruindo gradativamente seu campo de força. Em busca de novas opções de energia nuclear para tentar salvar seu mundo da destruição, os humanóides de Metaluna montaram uma base secreta na Terra, convocando os principais cientistas de vários países para ajudá-los nas pesquisas de energias alternativas. O líder alienígena é Exeter (Jeff Morrow), que tenta manter ao seu lado as habilidades e conhecimentos de um casal americano de cientistas, Dr. Cal Meacham (Rex Reason) e Dra. Ruth Adams (Faith Domergue). Mas, por falta de tempo disponível para o desenvolvimento de um trabalho que poderia ser a salvação, eles são levados até Metaluna por ordem do monitor supremo do planeta (Douglas Spencer), chegando durante o ápice do conflito, sob um maciço bombardeio de Zagon. Não restando o que fazer para evitar a extinção de Metaluna, os cientistas humanos tentam fugir do caos e retornar para a Terra, onde no caminho, além das explosões de um campo de batalha, eles têm que enfrentar também um monstro mutante.
O roteiro de “Guerra Entre Planetas” se utiliza da tensão da guerra fria dos anos 50, abordando o tema da exploração da energia nuclear, nesse caso também voltada para um conflito bélico. Seus realizadores, numa jogada de marketing, evidenciaram num dos cartazes promocionais do filme, o relevante fato da produção ter levado dois anos e meio para a concepção final dos impressionantes efeitos especiais das cenas de guerra entre Metaluna e Zagon. E realmente, a opinião dos fãs e críticos é unânime em enfatizar a qualidade dos efeitos, principalmente pela distante época em que foram produzidos, sem a facilidade de toda essa tecnologia de computação gráfica do século XXI. Além disso, o filme também é muito lembrado por apresentar uma terrível criatura mutante, que mesmo em aparições rápidas, tornou-se um dos mais significativos monstros do espaço da história do cinema de ficção científica.

“Guerra Entre Planetas” (This Island Earth, EUA, 1955) # 551 – data: 27/03/10
www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 27/03/10)

A Casa de Usher (House of Usher, EUA, 1960)



Quando temos reunidos num mesmo filme o astro Vincent Price, o diretor e produtor Roger Corman, o roteirista Richard Matheson e o escritor Edgar Allan Poe, um verdadeiro “Quarteto Fantástico” do Horror, o resultado é o divertido clássico “A Casa de Usher” (House of Usher, 1960), também conhecido no Brasil como “O Solar Maldito”.
Produzido pela nostálgica “American International”, de James H. Nicholson e Samuel Z. Arkoff, o filme é o primeiro do famoso ciclo de adaptações que Roger Corman fez de histórias de Edgar Allan Poe, e nesse caso explorando o conto “A Queda da Casa de Usher” (The Fall of House of Usher), publicado em 1839.
O jovem Philip Winthrop (Mark Damon) é apaixonado por Madeline Usher (Myrna Fahey), que conheceu em Boston e que está agora morando na lúgubre mansão da família, numa região inóspita, com o misterioso irmão Roderick (Vincent Price). Ele chega após longa viagem até o antigo casarão à procura de sua amada, com a intenção de levá-la para se casar, mas é mal recebido por Roderick, que insiste para que o rapaz vá embora, alegando que sua irmã e ele próprio sofrem de uma terrível maldição familiar que os levará à morte em breve. A família Usher é conhecida por uma história de selvagens degradações, e a mansão onde eles vivem, sempre envolta numa névoa sinistra, rodeada de um lago profundo de águas fétidas e cercada de árvores mortas e fantasmagóricas, possui uma essência maligna que influencia seus moradores. A casa tem enormes rachaduras nas paredes seculares e está em contante tremor como se ruísse a qualquer momento. Porém, o jovem Winthrop não se convence que Madeline esteja doente, não dá credibilidade às palavras de Roderick e insiste em levá-la da casa, criando um grande conflito na já amaldiçoada família Usher.
“A Casa de Usher” é um dos melhores filmes de horror da cultuada carreira do rei do cinema “B” Roger Corman, na grande parceria que fez com o lendário ator Vincent Price, explorando um clima constante de profunda melancolia de uma família amaldiçoada por um passado de crimes. Roderick sofre com uma acentuada sensibilidade dos sentidos, onde a existência de quaisquer ruídos podem se transformar em tormentos para seu cérebro. Já a bela Madeline, aparentemente saudável, enfrenta problemas graves com catalepsia, um tema recorrente na literatura sombria de Poe, que era obcecado pelo horror agonizante de alguém sendo enterrado vivo. O destaque do pequeno elenco, que ainda conta com um inevitável mordomo, Bristol (Harry Ellerbe), não poderia deixar de ser o ícone Vincent Price (falecido em 1993), que como sempre, esbanja talento ao interpretar um personagem simultaneamente aristocrático e terrivelmente sinistro. Um dos destaques certamente é a sequência do pesadelo do jovem Philip Winthrop, toda filmada numa atmosfera onírica macabra memorável.
A série de filmes de Roger Corman da década de 1960 com histórias baseadas na obra macabra de Edgar Allan Poe, é formada ainda por “A Mansão do Terror” (1961), inspirado em “O Poço e o Pêndulo”; “Obsessão Macabra” (1962), do conto “Enterrado Vivo” e com elenco liderado pelo brilhante Ray Milland; “Muralhas do Pavor” (1962), antologia dos contos “Morella”, “O Gato Preto” e “O Caso do Sr. Valdemar”; “O Corvo” (1963); “O Castelo Assombrado” (1963); “A Orgia da Morte” (1964), do conto “A Máscara da Morte Rubra”; e “O Túmulo Sinistro” (1964), baseado na história “Ligeia”, sendo a maioria estrelada por Vincent Price.
“A Casa de Usher” foi lançado em DVD em 03/11/13 pela Coleção Folha “Grandes Livros no Cinema” número 13, junto com um livro de capa dura e leitura rápida em 64 páginas, trazendo diversas informações, curiosidades e análises críticas do filme e do conto de Poe. Como material extra do DVD, temos a versão francesa muda em preto e branco de 1928, originalmente intitulada “La chute de la maison Usher”, dirigida por Jean Epstein.
A Casa de Usher” (House of Usher, EUA, 1960) # 550 – data: 21/03/10
(postado em 21/03/10)

O Túmulo do Vampiro (Grave of the Vampire, EUA, 1974)


Alguns filmes ficam marcados na memória para sempre, e não necessariamente por suas qualidades impecáveis, mas sim por determinadas cenas que consideramos marcantes. “O Túmulo do Vampiro” (Grave of the Vampire, EUA, 1974), é apenas mais um filme mediano de vampirismo, mas também é um daqueles que possui momentos que estão eternamente guardados na minha lembrança, sendo um filme que assistia frequentemente entre o final da década de 1970 e início dos anos 80 na televisão, em nostálgicas sessões de horror como a “Calafrio” da Record, que exibia filmes da “Hammer” aos sábados às 23:00 horas, depois de jogos de futebol.
A cena em particular é o início ambientado num cemitério fantasmagórico e envolto em neblina, com um vampiro levantando-se de sua tumba gelada e atacando violentamente um casal de jovens que namoravam em um carro estacionado entre as lápides. A criatura da noite matou o rapaz, sugando-lhe o sangue, e estuprou a moça dentro de uma cova aberta, que mais tarde gerou uma criança mutante, mista de humano e vampiro. A ação avança no tempo e o menino, alimentado com o sangue de sua mãe, se torna adulto, James Eastman (William Smith), que revela seu grande objetivo em localizar o pai, o vampiro Caleb Croft (Michael Pataki), para poder se vingar cravando-lhe uma estaca de madeira no coração, e livrar a humanidade de sua existência maligna. Em seu caminho, surge uma mulher, a professora Anne Arthur (Lyn Peters), por quem se apaixona e tenta impedir que se torne outra vítima do vampiro, que agora se esconde sob um novo nome, o professor de ciências ocultas Lockwood.
“O Túmulo do Vampiro” foi lançado em DVD no Brasil e é apenas mais um filme de vampirismo perdido entre tantos outros, mas que possui alguns detalhes que merecem registro como a já comentada cena inicial no cemitério e o desfecho com o confronto sangrento entre pai e filho. Além da presença de William Smith, um rosto conhecido por participações em várias séries de TV dos anos 60 e 70, principalmente pelo papel fixo na divertida série de western “Laredo” (1965/1967), como o Texas Ranger Joe Riley em todos os 56 episódios. Seu personagem é calado e misterioso, em busca de vingança contra quem o transformou num ser amaldiçoado. Vale também destacar a atuação sinistra de Michael Pataki como o vampiro pai, extremamente mórbido, um assassino frio sedento de sangue, nada aristocrático, um predador impiedoso com suas vítimas, não medindo esforços para manter sua existência, sem as frescuras dos vampiros modernos do cinema desse início de século XXI.

“O Túmulo do Vampiro” (Grave of the Vampire, EUA, 1974) # 549 – data: 15/03/10
www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/03/10)

Vírus (Carriers, EUA, 2009)


Escolher viver é a forma mais dolorosa de escolher a morte”.

Um grupo formado por quatro jovens, os irmãos Danny (Lou Taylor Pucci) e Brian (Chris Pine), e as garotas Bobby (Piper Perabo) e Kate (Emily VanCamp), tentam sobreviver em meio ao caos apocalíptico que se instalou no mundo com a disseminação de uma doença infecciosa que está dizimando a humanidade. Eles decidem viajar de carro até uma praia na esperança de encontrar algum refúgio, porém o plano esbarra no meio do caminho com a falta de gasolina e uma série de situações imprevistas que os levarão a lutar selvagemente por suas vidas.
Vírus” (Carriers, EUA, 2009) entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 05/03/10, e seu roteiro vai direto ao ponto explorando um tema apocalíptico com o planeta sendo impiedosamente devastado por um vírus incontrolável. Não é um filme de horror sangrento, com infectados devorando os vivos em cenas de ação e suspense, mas sim um drama bem construído e dolorosamente pessimista sobre o fim do mundo e a tentativa desesperada de sobrevivência de quem ainda não sucumbiu à doença. O filme é curto (apenas 84 minutos), e percebemos que algumas situações até poderiam ser melhor trabalhadas ao longo da história, mas parece que a idéia mesmo do roteiro é dar uma porrada no estômago do espectador, mostrando diretamente a civilização perecendo sob os efeitos de uma pandemia com a mensagem para abandonar todas as esperanças. Nada é mais perturbador que vermos tudo a nossa volta deserto ou morto, ou ainda pior, morrendo dolorosamente.
“Vírus” não é um filme para o público comum, que sempre espera ver histórias excessivamente explicadas ou finais felizes (no final da sessão que assisti no cinema ouvi alguém reclamando que é “chato”). Ao contrário, é um filme pessimista que mostra a desesperança de um mundo morrendo, e as dificuldades de relacionamento entre as pessoas, principalmente em situações adversas (é difícil não se sentir incomodado quando alguém infectado é abandonado para trás para enfrentar a morte, soberana e triunfante).
A “PlayArte”, empresa responsável pela distribuição do filme no Brasil, e conhecida pelos erros absurdos que comete, seja na péssima nomeação dos títulos nacionais ou nos cortes imperdoáveis, se equivocou novamente ao escolher o nome “Vírus”, pois em 1999 outro filme já havia recebido o mesmo título, um thriller de ficção científica estrelado por Donald Sutherland, Jamie Lee Curtis e William Baldwin.
Nota do Autor: Foi distribuído também no mercado de “DVD´s alternativos” com o nome de “Infectados”.

“Vírus” (Carriers, EUA, 2009) # 548 – data: 06/03/10
www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 06/03/10)

O Vampiro da Era Atômica (Atom Age Vampire, Itália, 1960)



Uma bela dançarina loira, Jeanette Moreneau (Susanne Loret), apaixonada pelo marinheiro Pierre Mornet (Sergio Fantoni), fica desorientada após o rompimento de seu romance e sofre um acidente de carro que deixa seu rosto desfigurado. Paralelamente, o brilhante cientista Dr. Alberto Levin (Alberto Lupo), auxiliado pela assistente Monique Riviere (Franca Parisi), está envolvido em experiências para regeneração de células mortas, utilizando radiação para retroceder danos graves na pele. Precisando de cobaias humanas para suas pesquisas e sabendo do caso da dançarina acidentada, ele a convence para participar de um tratamento. Porém, acaba se apaixonando de forma obcessiva pela mulher, despertando o ciúme da assistente, e para complicar a situação, os efeitos da regeneração da pele perdem o efeito com o tempo, obrigando o cientista a pensar em alternativas com trágicas consequências, despertando a investigação da polícia, sob o comando do detetive Bouchard (Ivo Garrani).
O Vampiro da Era Atômica” (Atom Age Vampire) foi lançado em DVD no Brasil e é uma divertida tranqueira italiana de 1960 com fotografia em preto e branco, situada dentro do sub-gênero do horror “homem transformado em monstro”, apresentando um tradicional “cientista louco” em meio as suas experiências de regeneração de pele utilizando recursos da “era atômica”, um período conturbado vivido pela humanidade após a Segunda Guerra Mundial e o surgimento da crise da guerra fria entre as principais potências do mundo. O roteiro procura inspiração nos temíveis efeitos radiativos das explosões de bombas atômicas no Japão, com o cientista Dr. Alberto Levin, obcecado por uma paixão não correspondida, perdendo a razão e cometendo crimes hediondos ao utilizar em si próprio uma fómula química que o transformaria num assassino psicótico desfigurado.
Curiosamente, como em todos os filmes com idéias similares, não faltou a presença de um empregado mudo e meio maluco, nesse caso representado por Sacha (Roberto Bertea).

“O Vampiro da Era Atômica” (Atom Age Vampire / Seddok, I´erede di Satana, Itália, 1960) # 547 – data: 03/03/10
www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 04/03/10)