Pânico e Morte na Cidade (The Night Stalker, 1972)


A cultuada e popular série de TV “Arquivo X” (The X-Files), criada por Chris Carter e que durou entre 1993 e 2002, explorando em seus roteiros temas conspiratórios repletos de elementos de horror, mistério e ficção científica, escondendo a verdade sobre casos bizarros da opinião pública, teve inspiração numa outra série de TV dos anos 70 do século passado, “Kolchak: The Night Stalker”, que no Brasil recebeu o nome “Kolchak e os Demônios da Noite”. A série teve apenas uma temporada com episódios de sessenta minutos entre 1974 e 75, estrelando Darren McGavin (1922 / 2006) como o destemido repórter investigativo Carl Kolchak, que testemunha e documenta casos estranhos e misteriosos com desfechos envoltos em situações sobrenaturais com presença de vampiros, demônios, zumbis, alienígenas e lendas urbanas. Seu chefe no jornal, Tony Vincenzo (Simon Oakland), representa o outro lado da moeda, sempre desacreditando as reportagens de Kolchak e impedindo de torná-las públicas.
A série teve dois filmes pilotos produzidos especialmente para a televisão: “Pânico e Morte na Cidade” (The Night Stalker, 1972) e “A Noite do Estrangulador” (The Night Strangler, 1973), ambos produzidos por Dan Curtis, o diretor de “Drácula – O Demônio das Trevas” (1973), com Jack Palance. Com o sucesso e boa receptividade dos filmes, a ideia de uma série de TV foi colocada em prática e Kolchak protagonizou mais vinte histórias com elementos fantásticos.

Em “Pânico e Morte na Cidade”, escrito por Richard Matheson a partir de livro de Jeffrey Grant Rice, o jornalista Kolchak se depara com uma série de assassinatos misteriosos na cidade de Las Vegas, onde as vítimas apresentam uma característica comum: falta de sangue e dois pequenos orifícios no pescoço. Após intensa investigação, coletando dados de seus informantes da noite, não faltando perigosas correrias, perseguições e confrontos, não demora para ele descobrir que o responsável pelas mortes de mulheres e o desaparecimento de sangue dos estoques dos hospitais deve-se à ação de um vampiro imigrante do leste europeu. Mas, apesar de registros concretos sua reportagem é censurada e ele é obrigado a sair da cidade, ameaçado pelas autoridades policiais.

Um dos destaques do filme é a presença de um ótimo elenco, tanto principal na figura de Darren McGavin, como de apoio, com atores de prestígio na televisão como Claude Akins (no papel do xerife Warren A. Butcher), Ralph Meeker (como Bernie Jenkins), Kent Smith (como o prefeito Tom Paine) e Carol Linley (de “O Destino do Poseidon”, 72), interpretando a namorada de Kolchak, a belíssima Gail Foster. Tem ainda a rápida participação do veterano Elisha Cook Jr., como o informante Mickey Crawford. O vampiro Janos Skorzeny é interpretado por Barry Atwater, também numa performance convincente, sem dizer uma única palavra e utilizando apenas expressões faciais com os olhos vermelhos e pele pálida de uma criatura da noite sedenta por sangue. O diretor é o argentino John Llewellyn Moxey, o mesmo de “Horror Hotel” (1960), com Christopher Lee.
Nesse episódio piloto percebemos algumas características que iriam povoar a série como o uso de efeitos especiais discretos, típicos de uma produção de baixo orçamento, além do argumento central apresentando uma origem sempre fora do comum para a condução dos eventos, com Kolchak investigando e descobrindo a realidade dos fatos, por mais absurdos que pareçam, mas sempre sendo censurado e tido como um jornalista de reputação duvidosa, deixando a “verdade lá fora”, longe do alcance das pessoas.

“Pânico e Morte na Cidade” (The Night Stalker, EUA, 1972) # 520 – data: 21/04/09
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