Monstros vs. Alienígenas (Monsters vs. Aliens, EUA, 2009)


Confesso que nunca tinha dado muita atenção aos inúmeros filmes de animação com computação gráfica que invadiram os cinemas nos últimos anos. Mas, depois do nascimento de minha filha, e a necessidade de acompanhar alguns desses filmes, cheguei à conclusão que eles são extremamente divertidos e recomendáveis, principalmente aqueles que exploram elementos fantásticos em seus roteiros como por exemplo “Monstros S.A.” (Monsters, Inc., 2001), “Wall-E” (2008) e “Monstros vs. Alienígenas” (Monsters vs. Aliens, DreamWorks, 2009), onde este último estreou nos cinemas brasileiros em 03/04/09, numa grande e bem humorada homenagem ao cinema fantástico da década de 1950, quando desfilavam nas telas cientistas loucos em meios as suas experiências descontroladas, alienígenas hostis de olhos esbugalhados em suas naves espaciais e monstros mutantes imensos oriundos da exposição à radiação atômica de testes nucleares na turbulenta época da guerra fria, sem contar a constante paranóia de conspiração militar ocultando da população os fatos reais sobre os mistérios que assombram a humanidade.

Na história, Susan Murphy (voz de Reese Whiterspoon) é uma bela garota que está prestes a se casar com um apresentador de TV panaca, Derek Dietl (voz de Paul Rudd), porém ela é atingida por um meteoro desgovernado no dia de seu casamento, e uma vez recebendo a radiação de um poderoso elemento químico trazido do espaço, a jovem cresce de forma descomunal atingindo cerca de 15 metros de altura (referência explícita ao filme “O Ataque da Mulher de 15 Metros” / “Attack of the 50 Foot Woman”, 1958, com a bela Alisson Hayes).
Uma vez capturada pelo governo e chamada agora de Ginormica, ela é mantida presa e afastada da sociedade numa base secreta, juntamente com outras aberrações como um cientista com cabeça de barata, Dr. Cockroach (voz de Hugh Laurie), remetendo-nos ao filme “A Mosca da Cabeça Branca”, 1958, com David Hedison e Vincent Price; uma gosma azul sem cérebro e devoradora de qualquer coisa, B.O.B. (voz de Seth Rogen), numa alusão ao clássico “B” de 1958 “A Bolha”, com um ainda jovem Steve McQueen; um ser mutante misto de homem e lagarto, Elo Perdido (voz de Will Arnett), uma homenagem à criatura de “O Monstro da Lagoa Negra”, 1954, dirigido por Jack Arnold; e uma larva gigantesca (Insectosaurus) com mais de 100 metros de comprimento, numa lembrança aos diversos filmes do sub-gênero “Big Bug”, que exploravam em seus roteiros a ameaça devastadora de simples insetos que se transformavam em monstros colossais por causa do uso indiscriminado da energia atômica em testes de armas nucleares.
Quando a Terra passa a ser alvo de uma invasão alienígena com objetivos de conquista, através de um vilão tirano cheio de tentáculos, um cérebro descomunal e olhos esbugalhados, Gallaxhar (voz de Rainn Wilson), o governo americano decide recorrer à ajuda dos monstros segregados por décadas, em troca de liberdade, para defender o planeta de uma ameaça que vem do espaço sideral.

“Monstros vs. Alienígenas” é uma ótima diversão para todas as idades, brincando o tempo todo com os clichês dos filmes de Ficção Científica e Horror da saudosa época de ouro do cinema fantástico, há mais de meio século atrás. Não falta a característica arrogância militar num ambiente conspiratório, com o exército escondendo da população a “verdade que está lá fora”, destacando a presença exagerada do General W. R. Monger (voz de Kiefer Sutherland). Tem também a presença de um típico presidente americano, Hathaway (voz de Stephen Colbert), metido a corajoso, mas que no final não passa de um “bunda mole” no comando de uma nação imperialista, que tenta sem sucesso uma comunicação no estilo “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” com uma imensa sonda robótica enviada para reconhecimento pelos alienígenas. E não poderia deixar de citar as tradicionais risadas debochadas de um “cientista louco”, que numa experiência equivocada em que participou como cobaia, passou a fazer parte da galeria dos “homens transformados em monstros”, outro sub-gênero do cinema fantástico largamente explorado em filmes preciosos do passado.
Enfim, diversão garantida com monstros de todos os tipos, seres que não são deste mundo, paranóia de conspiração governamental e com todos os clichês do cinema fantástico bagaceiro que marcou época.

“Monstros vs. Alienígenas” (Monsters vs. Aliens, Estados Unidos, 2008) # 518 – data: 12/04/09
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