Carta Para a Morte (The Gravedancers, 2006)


“Oh, gozador, encantador, escolhido, tire o luto pelo filho perdido. Leia estas palavras e faça soar a sua voz. Celebre e cante e alegre-se. Alegre-se. A vida é para os vivos, não para os mortos. Esqueça o amanhã e viva o agora. Esta noite já não respire assim, deixe que a sua alma dance no sepulcro.”

Um grupo de amigos formado por Harris Mitchell (Dominic Purcell), Sid Vance (Marcus Thomas) e Kira Hayden (Josie Maran) se reencontram no funeral de um outro amigo do grupo, que morreu num acidente de carro. A esposa de Harris, a bela Allison (Clare Kramer), não se sentindo à vontade no ambiente, preferiu ir embora e deixar o marido com os amigos. Eles então decidem relembrar os velhos tempos, e depois de se divertirem num bar, vão até o cemitério fazer uma homenagem ao companheiro de baladas que está enterrado. Lá chegando, continuam bebendo e fazem uma festa particular. Ao encontrar uma carta misteriosa numa sepultura, Sid recita suas palavras numa maldição que incita a todos cantarem e dançarem bêbados ao lado de algumas lápides, não respeitando o descanso dos mortos e despertando uma ira avassaladora dos espíritos atormentados do local.
A partir daí, eles tornam-se vítimas de eventos estranhos em suas casas, como o surgimento de vozes, ruídos, portas rangendo, piano que toca sozinho e visões assustadoras, que os fazem solicitar auxílio para uma dupla de estudiosos e investigadores paranormais, Vincent Cochet (Tcheky Karyo) e Frances Culpepper (Megahn Perry). Juntos, eles tentam combater a fúria vingativa dos fantasmas que tiveram suas tumbas profanadas pelos “dançarinos de túmulos”.

Com direção de Mike Mendez e roteiro de Brad Keene e Chris Skinner, “Carta Para a Morte” (The Gravedancers, 2006) é um filme irregular, que novamente trata do tema de vingança de espíritos perturbados. Nesse caso, são três fantasmas que se sentiram incomodados e ofendidos por causa de três amigos que dançaram sobre seus túmulos e recitaram frases proibidas de uma maldição.
De positivo, temos a opção dos realizadores em colocar personagens adultos e mais consistentes como protagonistas, em vez daqueles adolescentes idiotas, acéfalos e dispensáveis que aparecem na maioria dos filmes similares, e que despertam aquela vontade no espectador de torcer por suas mortes violentas. Temos também algumas boas cenas de tensão envolvendo assombrações e um horror mais sugerido durante a primeira metade do filme.
Mas depois, com a opção do diretor e roteiristas em deixar de lado aquela atmosfera instigante de um horror à espreita, preferindo algo mais fantasioso, exagerado, barulhento, com excesso de efeitos de computador, e privilegiando mais o aspecto visual, o filme perdeu boa parte do interesse. Para facilitar o trabalho dos autores do roteiro, eles preferiram não gastar muita energia em situações que deveriam ser mais verossímeis, como a total liberdade do grupo de amigos em invadir o cemitério e beberem, cantarem e dançarem à vontade sem despertar a atenção de algum vigilante. Ou pior ainda, quando retornaram depois de já amaldiçoados pelas entidades malignas, para profanar suas tumbas ao desenterrarem os restos mortais. E o final previsível e exagerado na fantasia também contribui para fazer de “Carta Para a Morte” um filme apenas comum e que se esquece rapidamente.

“Carta Para a Morte” (The Gravedancers, Estados Unidos, 2006) # 424 – data: 11/03/07 – avaliação: 6 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 12/03/07)