Silk - O Primeiro Espírito Capturado (Taiwan, 2006)


Aumentando ainda mais as estatísticas de filmes orientais de horror que estão sendo exibidos nos cinemas brasileiros em circuito comercial (depois de “Visões”, “Espíritos – A Morte Está Ao Seu Lado”, “Assombração” e “Almas Reencarnadas”, além de vários outros que foram lançados diretamente no mercado de vídeo), no dia 19/01/07 foi a vez de “Silk – O Primeiro Espírito Capturado” (Silk / Guisi, 2006), escrito e dirigido por Chao-Bin Su, vindo diretamente de Taiwan para as nossas telas gigantes, um fato que deve ser prestigiado pelo apreciador de cinema de horror em geral e principalmente aquele produzido na Ásia.
E é claro que os responsáveis pela escolha dos títulos nacionais não poderiam perder a oportunidade de mostrarem sua incrível incompetência colocando um enorme e completamente desnecessário subtítulo no filme, que na verdade faz parte de uma tagline promocional.

Na história, um grupo de pesquisadores, liderado por Hashimoto (Yosuke Eguchi), um cientista diabético que tem deficiência em uma das pernas, está trabalhando num projeto secreto financiado pelo governo de Taiwan. Eles descobriram um poderoso dispositivo (chamado de “Esponja de Menger”) capaz de eliminar o efeito da gravidade, um objeto misterioso que conseguiu capturar a energia de um fantasma de uma criança, e que também num formato líquido e pulverizado nos olhos, permite a visualização de espectros.
O espírito do garoto, isolado num apartamento vazio, fala algumas frases incompreensíveis, obrigando os pesquisadores a convocar o policial Tung (Chen Chang), especialista na leitura de lábios, para monitorar suas ações e tentar descobrir a mensagem do garoto, investigando sua origem, os motivos de sua morte trágica, o local onde foi enterrado e todos os mistérios que envolvem sua existência como um fantasma errante.

“Silk” traz todos aqueles elementos característicos dos filmes orientais com fantasmas perturbados, não faltando as tradicionais cenas macabras de sustos e mortes, os fantasmas ameaçadores de um garoto e uma mulher com longos cabelos negros, e as vítimas com expressões faciais de horror em estado absoluto. O destaque maior fica com o suspense crescente na investigação do policial sobre as origens do menino fantasma, com a revelação progressiva de detalhes surpreendentes, e da proposta de estabelecer teorias sobre a existência de fantasmas. Apesar de uma suposta saturação com histórias muito similares entre si em incontáveis filmes com espíritos atormentados produzidos no Oriente (Japão, China, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Coréia do Sul), ainda assim é inegável constatar que esses filmes conseguem manter um interesse especial em suas tramas, como é o caso novamente de “Silk”, que mesmo podendo ser considerado um filme sem grandes novidades, garante quase duas horas de diversão e bons momentos de tensão em frente à tela de exibição.

“Silk – O Primeiro Espírito Capturado” (Silk / Guisi, Taiwan, 2006) # 415 – data: 22/01/07 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 23/01/07)

A Névoa (2005)


John Carpenter é um daqueles cineastas cultuados por sua filmografia de horror, que inclui preciosidades como “Halloween – A Noite do Terror” (Halloween, 1978) e “O Enigma do Outro Mundo” (The Thing, 1982), ao lado de outros nomes igualmente conhecidos como George Romero, Tobe Hooper, David Cronenberg, Sam Raimi, Wes Craven, John Landis, Joe Dante, Dan O´Bannon, Peter Jackson, etc. Em 1980 ele dirigiu “A Bruma Assassina” (The Fog), uma história de horror sugerido sem a exibição de sangue, com fantasmas vingativos que atacam uma cidade litorânea, escondidos num sinistro nevoeiro. O filme traz no elenco Jamie Lee Curtis (de “Halloween”) e Janet Leigh (de “Psicose”), curiosamente filha e mãe na vida real, e foi lançado em DVD no Brasil pela “Universal” e “Studio Canal” (sem materiais extras).
A onda de refilmagens parece não ter fim, numa constatação óbvia da falta de criatividade dos roteiristas, que preferem não trabalhar em histórias novas e mais atraentes, optando apenas em reciclar idéias antigas. É fato que existem casos de refilmagens tão boas quanto os originais, mas na maioria das vezes os resultados são inferiores, como é o exemplo de “A Névoa” (The Fog, 2005), de Rupert Wainwright (de “Stigmata”), e baseado em “A Bruma Assassina”. Mesmo com a presença de Carpenter na equipe de produção, não foi possível impedir a realização de um filme infinitamente abaixo do original, que por sua vez, também era apenas um bom filme de horror com fantasmas vingativos, e não um clássico moderno ou algo parecido.

A história básica é ambientada numa ilha, onde os moradores são atormentados pelos fantasmas de um grupo de leprosos que foram enganados e brutalmente assassinados cem anos antes, queimados e afundados em seu navio antes de desembarcarem em terra firme, num acordo desrespeitado que garantia um pedaço de chão para estabelecerem uma comunidade e viverem em paz. Em busca de vingança, os fantasmas reaparecem carregados de ódio e ocultos numa espessa e misteriosa neblina que envolve toda a ilha, causando pânico e mortes violentas entre os residentes.

Como a maioria das refilmagens, “A Névoa” exagera nas doses de liberdade de criação, se afastando do roteiro original de “A Bruma Assassina”. Em alguns casos, isso poderia até funcionar, mas aqui o resultado somente piorou com o roteirista Cooper Layne perdendo tempo demais em “flashbacks” cansativos explicando o passado (no original isso é apenas sugerido, instigando a imaginação do espectador), além de desconsiderar uma seqüência inteira e bastante tensa do filme de 1980 envolvendo uma locutora de rádio num farol invadido pelos fantasmas vingativos, e um desfecho descartável e muito inferior. O mais estranho é que John Carpenter permitiu essas mudanças que apenas depreciaram a refilmagem. Por outro lado, a disponibilidade de efeitos especiais mais modernos possibilitou uma nova releitura dos ataques da névoa sobrenatural e na concepção dos fantasmas, permitindo uma avaliação comparativa pelo público. Após fazer essa avaliação, ainda prefiro os fantasmas do primeiro filme, mais grotescos, imponentes e ameaçadores, constituindo-se num destaque nesse filme de Carpenter, claramente mais voltado para um horror sugerido.
E é impossível deixar de comentar a incrível falta de competência dos responsáveis pela escolha do título nacional, pois nesse caso específico o trabalho seria muito fácil: bastava chamar a refilmagem com o mesmo nome adotado para o original na época, ou seja “A Bruma Assassina”. Porém, para confundir ainda mais os colecionadores e dificultar um trabalho de catalogação, o “remake” ganhou um novo e diferente nome, que apesar de ser coerente (“A Névoa”), não é a decisão mais acertada. O mesmo aconteceu com outros exemplos como “Despertar dos Mortos” (Dawn of the Dead, 1978) e “Madrugada dos Mortos” (2004), “Quadrilha de Sádicos” (The Hills Have Eyes, 1977) e “Viagem Maldita” (2006), e “O Homem de Palha” (The Wicker Man, 1973) e “O Sacrifício” (2006, sendo que nesse último caso, o nome escolhido é até um grande “spoiler”).
“A Névoa” seria inicialmente exibido nos cinemas brasileiros (posters de divulgação estavam expostos e um trailer chegou a circular pelas salas de exibição), porém a idéia foi cancelada e o filme foi lançado diretamente no mercado de vídeo pela “Columbia Pictures”. O DVD traz como materiais extras os comentários do filme pelo diretor Rupert Wainwright, cenas excluídas, trailers de outros filmes, além de três documentários curtos (de cerca de 10 minutos cada), com entrevistas da equipe de produção revelando detalhes de bastidores, tudo devidamente legendado em português.

“A Névoa” (The Fog, Estados Unidos / Canadá, 2005) # 414 – data: 20/01/07 – avaliação: 3,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 22/01/07)

Uma Noite no Museu (Night at the Museum, EUA, 2006)


Em 05/01/07 ocorreu a pré-estréia nos cinemas de “Uma Noite no Museu” (Night at the Museum, 2006), comédia com elementos de fantasia, estrelada por Ben Stiller e Robin Williams, e com estréia oficial prevista para 12/01. Trata-se de um típico “filme pipoca”, daqueles que são produzidos de forma totalmente despretensiosa com o único objetivo de entretenimento para todas as idades, sem a preocupação com um roteiro mais coerente, com explicações mais plausíveis, nem evitar a ocorrência de furos e situações exageradas demais. A idéia é apenas divertir com bastante humor e efeitos especiais.

Na história, Larry Daley (o comediante Ben Stiller), é um homem divorciado que tem um filho de 10 anos de idade, Nick (Jake Cherry), e que não consegue manter uma vida estável, mudando sempre de casa e emprego, decepcionando o filho e transmitindo insegurança para a ex-esposa, Erica (Kim Raver). Bastante pressionado e ao tentar uma reviravolta, ele aceita um emprego no “Museu de História Natural” de New York como vigia noturno, onde conhece a guia Rebecca (Carla Gugino), que ensina-lhe algumas coisas sobre as figuras expostas.
Porém, Larry não imaginava que já há 54 anos, depois da chegada ao museu de uma placa egípcia com poderes mágicos, que pertencia ao faraó Ahkmenrah (Rami Malek), todas as coisas ganham vida à noite (como sugere uma das taglines), fazendo com que as estátuas de cera de personalidades importantes como o Presidente americano Theodore Roosevelt (Robin Williams), a índia guia Sacajawea (Mizuo Peck), Cristóvão Colombo (Pierfrancesco Favino), o huno tirano Attila (Patrick Gallagher), homens de Neanderthal, soldados da guerra civil americana, miniaturas de maias, romanos (chefiados por Octavius / Steve Coogan) e pioneiros do velho oeste americano (liderados por Jedadiah / Owen Wilson), além de animais como leões, macacos, zebras, elefantes e até a ossada de um tiranossauro, andassem normalmente entre os corredores do museu.
O grande desafio de Larry como o novo guarda noturno passa a ser justamente manter as coisas em ordem, evitar que nenhuma figura de exposição saia do museu (pois com a chegada do dia seguinte e de acordo com as regras da placa mágica, seria transformado em pó), e principalmente tentar restabelecer a ordem depois do caos gerado pelos três antigos e idosos vigias noturnos, Cecil (Dick Van Dyke), Gus (Mickey Rooney) e Reginald (Bill Cobbs), que após serem demitidos de seus cargos, roubaram a placa e outros objetos valiosos do museu, para garantir uma aposentadoria mais tranqüila financeiramente.

Como mencionado no início dessa breve resenha, “Uma Noite no Museu” é um filme exclusivamente voltado para entreter o público com bastante humor, ação, aventura, bons efeitos especiais, numa história simples e despretensiosa, convidando o espectador a relaxar e entrar no clima de brincadeira por pouco mais de uma hora e meia de projeção. Nesse quesito, o filme atinge seu objetivo de divertir, pois não é cansativo, e ao contrário, possui um ritmo intenso que mantém a atenção o tempo todo. Para isso, basta não se importar com o roteiro superficial, as situações previsíveis e os vários furos (como por exemplo o fato de um homem das cavernas ter escapado do museu e virado pó ao nascer o dia seguinte, e sua falta não ser notada; ou a engraçada, porém totalmente inverossímil, cena de tentativa de entendimento entre Larry e os violentos hunos, onde em determinado momento a diferença de idiomas não tinha a menor importância; ou quando várias figuras expostas escaparam do museu, principalmente animais selvagens, não tendo quase nenhum efeito sobre o mundo externo, facilitando o trabalho do roteirista nos possíveis problemas causados pela fuga).

Observação: O filme foi exibido pela primeira vez na televisão aberta em 04/05/09 (Segunda-Feira), pela TV Globo, na sessão “Tela Quente” às 22:00 horas. Em 22/05/09 estreou nos cinemas brasileiros a seqüência “Uma Noite no Museu 2” (Night at the Museum: Battle of the Smithsonian, EUA / Canadá, 2009), novamente com Ben Stiller, Robin Williams e Owen Wilson.

“Uma Noite no Museu” (Night at the Museum, 2006) # 413 – data: 07/01/07 – avaliação: 7 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 08/01/07)