A Besta da Caverna Assombrada (1959)


Uma quadrilha de assaltantes formada pelo líder Alex Ward (Frank Wolff), sua amante Gypsy Boulet (Sheila Carol), e dois comparsas, Marty Jones (Richard Sinatra) e Byron Smith (Wally Campo), planejam roubar ouro de um banco de uma pequena cidade no Estado americano de Dakota. Para isso, eles se hospedam numa estação de esqui no meio das montanhas geladas e carregadas de neve. O plano ainda consiste na explosão de uma mina com uma bomba para desviar a atenção das pessoas da região enquanto roubam barras de ouro do banco da cidade.
Fugindo para uma cabana isolada nas montanhas, de propriedade do instrutor de esqui Gil Jackson (Michael Forest), o grupo aguarda um resgate de avião para o Canadá, porém eles não imaginavam que a explosão na caverna despertou a ira de uma criatura monstruosa parecida com uma aranha, repleta de tentáculos peludos e que se alimenta do sangue de suas vítimas, que ficam imobilizadas e presas em teias. Agora, além de enfrentar problemas de relacionamento entre eles (a única mulher do bando está querendo abandonar a carreira de crimes e inevitavelmente se apaixona pelo “garoto natureza” Gil), e de tentar colocar em prática o plano de fuga com o ouro roubado, eles terão também que lutar por suas vidas contra a fúria da “besta da caverna assombrada”.

A Besta da Caverna Assombrada” (Beast From the Haunted Cave, 1959) é mais uma bagaceira de orçamento paupérrimo da nostálgica década de 50 do século passado, produzido pelos irmãos Corman (Gene e Roger, este último mais conhecido como o “Rei dos Filmes B”), e com direção de Monte Hellman a partir de um roteiro de Charles B. Griffith. Com pouco mais de 70 minutos de duração, o filme tem um nome chamativo, mas na verdade a história é bem superficial e decepcionante não despertando grande interesse, servindo praticamente apenas como um pretexto para mostrar os ataques de um monstro assassino (interpretado por Christopher Robinson), que habitava a escuridão de uma caverna.
As cenas com a criatura são poucas e quando ela aparece, suas ações são muito rápidas e de visualização prejudicada pela fotografia escura demais, exceto pela seqüência final dentro de seu próprio ambiente, onde ocorre um sangrento confronto entre o monstro vampiro e os assaltantes de banco, com um desfecho tradicional e totalmente previsível.
Vale conhecer como curiosidade, por se tratar de mais uma daquelas tranqueiras produzidas em preto e branco há quase meio século atrás, com produção executiva do cultuado Roger Corman, e pela fera absurda do título.

“A Besta da Caverna Assombrada” foi lançado em DVD no Brasil pela “Fantasy Music” em Setembro de 2006, na coleção “Sessão da Meia-Noite”, trazendo no mesmo DVD o divertido “O Cérebro Que Não Queria Morrer” (The Brain That Wouldn´t Die, 1962), dirigido por Joseph Green e com Jason Evers, Virginia Leith e Leslie Daniels.

“A Besta da Caverna Assombrada” (Beast From the Haunted Cave, Estados Unidos, 1959) # 407 – data: 29/10/06 – avaliação: 5 (de 0 a 10) – site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 30/10/06)

O Sacrifício (2006)


Uma tendência notória na indústria de cinema é a produção de refilmagens. E o clássico “O Homem de Palha” (The Wicker Man, 1973), dirigido por Robin Hardy a partir do roteiro de Anthony Shaffer, e com Christopher Lee, Edward Woodward e Ingrid Pitt, não escapou dessa tendência e serviu de inspiração para um filme de 2006, distribuído no Brasil pela “California Filmes”, recebendo o péssimo nome “O Sacrifício” (o título já é uma espécie de “spoiler”), e que estreou nos cinemas em 27/10/06, com direção e roteiro de Neil LaBute, e com Nicolas Cage e Ellen Burstyn.

Um policial, Edward Malus (Nicolas Cage), recebe uma carta da noiva Willow (a australiana Kate Beahan, que esteve numa ponta em “Dominação”), que o havia abandonado sem explicações anos antes, solicitando sua ajuda para encontrar a filha desaparecida, a pequena Rowan (Erika Shaye-Gair). Ele decide atender o chamado e viaja de hidro avião para o local onde ela vive, uma ilha particular isolada na costa dos Estados Unidos, um lugar misterioso que é dominado por uma sociedade matriarcal que pratica estranhos cultos religiosos pagãos, e que tem a liderança da poderosa Lady Summersisle (Ellen Burstyn, de “O Exorcista”). Lá chegando, o oficial da polícia encontra muita dificuldade na investigação à procura da menina, enfrentando a falta de cooperação dos moradores e descobrindo perigosos mistérios que envolvem a ilha.

Para quem não conhece o original “O Homem de Palha”, assistir a refilmagem “O Sacrifício” até pode garantir alguns momentos de diversão, uma vez que o filme possui pontos ao seu favor que despertam interesse, principalmente o ótimo elenco liderado por Nicolas Cage, um ator consagrado, e por Ellen Burstyn, atriz veterana igualmente renomada, além da presença da beleza escultural de Leelee Sobieski (de “Perseguição” e “A Casa de Vidro”). Entretanto, se fizermos uma comparação com o filme de 1973, a refilmagem acaba sendo inevitavelmente inferior, apesar de tentar manter-se fiel em algumas seqüências.
O diretor e roteirista Neil LaBute optou por alterações significativas e uma liberdade de criação excessiva como a decisão de incluir um prólogo e epílogo desnecessários, a presença de abelhas como parte importante da trama, escolher uma mulher como líder dos aldeões (no original, o papel ficou para Christopher Lee, numa interpretação magistral como de costume), criar um grau de parentesco entre o policial e a mulher que o chamou para investigar o sumiço da filha, e principalmente contar uma história muito menos ousada que o original sob o ponto de vista do sexo e rituais pagãos. O filme de Robin Hardy, produzido 33 anos antes, se destacou justamente por explorar questões sexuais sem falsos moralismos, mostrando de forma despudorada casais se relacionando sexualmente no meio das ruas à noite, e enfatizando os rituais obscuros com mulheres dançando nuas, além dos ensinamentos para as crianças nas escolas, evidenciando a importância do pênis como símbolo de fertilidade. E um detalhe importante é que quem já conhece o original, conseqüentemente sabe por antecipação o resultado da investigação do policial, a conspiração envolvendo a garota desaparecida e a revelação do mistério sobre os habitantes da ilha e suas crenças exóticas, e isso certamente amenizará boa parte do impacto do memorável desfecho com o “Homem de Palha”.
Curiosamente, o diretor LaBute, numa atitude elogiável, homenageou o músico da banda de punk rock “Ramones”, Johnny Ramone, que faleceu vítima de câncer, colocando uma dedicatória nos créditos finais.

“O Sacrifício” (The Wicker Man, Estados Unidos / Alemanha, 2006) # 406 – data: 29/10/06 – avaliação: 5,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 30/10/06)

O Ataque das Sanguessugas Gigantes (1959)


“Das escuras cavernas submersas surgem monstruosas criaturas aquáticas! Esfomeadas por vítimas humanas!”

Com produção executiva do especialista Roger Corman, produção de seu irmão Gene Corman e direção de Bernard L. Kowaski, “O Ataque das Sanguessugas Gigantes” (Attack of the Giant Leeches / Demons of the Swamp, 1959) é mais uma daquelas tranqueiras produzidas numa época de paranóia nuclear, que motivou uma infinidade de filmes explorando os efeitos nocivos da radiação sobre animais, sendo nesse caso sanguessugas que vivem num pântano, e que se tornam monstruosas e assassinas.

Um pescador, Lem Sawyer (George Cisar), encontra uma criatura estranha nadando num pântano e descarrega seu rifle tentando matá-la. Na cidade, ninguém acredita em sua história até que ocorrem misteriosos desaparecimentos, entre lês um casal de amantes formado pela bela Liz Walker (Yvette Vickers) e Cal Moulton (Michael Emmet), apesar de o marido traído da moça, o obeso Dave Walker (Bruno VeSota), ser acusado de suas mortes. A partir daí, um guarda florestal, Steve Benton (Ken Clark), inicia uma investigação sobre o paradeiro das prováveis criaturas assassinas, percorrendo todo o pântano e explorando em cavernas submersas, contando com a ajuda de sua noiva Nan (Jan Shepard) e do pai dela, o médico Dr. Greyson (Tyler McVey), e também enfrentando a desconfiança do xerife local Kovis (Gene Roth).

O filme tem todos aqueles elementos e clichês característicos do cinema bagaceiro dos anos 50 e 60 do século passado, ou seja, o enorme título sonoro e sensacionalista (“O Ataque das Sanguessugas Gigantes”); a produção paupérrima com monstros toscos (atores vestindo fantasias de borracha, nesse caso simulando sanguessugas mutantes de tamanho descomunal); a duração curta (aqui temos apenas 62 minutos de projeção); a fotografia em preto e branco, bastante escura para esconder as falhas da produção; o roteiro superficial (de Leo Gordon, habitual colaborador da “American International Pictures”), que explora o efeito da radiação de testes nucleares com foguetes em animais na região (aqui temos um pântano contaminado que transforma simples sanguessugas em monstros gigantes e sedentos por sangue humano); personagens arquetípicos como o sempre presente homem da ciência (o médico Dr. Grayson, responsável pelas teorias que explicam a origem das criaturas), o mocinho (o guarda florestal Steve, que combate a ameaça mortal das sanguessugas), sua noiva e par romântico (Nancy, filha do Dr. Grayson), o xerife (Kovis, bonachão e caipira), que obviamente é descrente sobre qualquer explicação fora do normal para a causa das mortes misteriosas na região; e o tradicional desfecho previsível onde sempre sabemos com muita antecedência o destino das criaturas assassinas, quem serão as vítimas e quem serão os heróis responsáveis pela eliminação da ameaça.
Mas, são justamente todos esses clichês absurdos que fazem desses filmes bagaceiros uma diversão impagável, comprovando o motivo de serem cultuados por uma legião de admiradores do cinema “trash” ao longo dos tempos. O segredo para embarcar nessas histórias absurdas com monstros ridículos é apenas relaxar e divertir-se. E é curioso notar como essa fórmula é utilizada até os dias atuais em inúmeras tranqueiras produzidas em pleno início de século 21, nos filmes abordando a temática de animais mutantes que ameaçam a humanidade, com poucas diferenças em relação ao que se fazia em meados do século anterior.

“O Ataque das Sanguessugas Gigantes” foi lançado em DVD no Brasil pela “Fantasy Music” em Setembro de 2006, na coleção “Sessão da Meia-Noite”, trazendo no mesmo DVD outro filme igualmente tosco, “A Mulher Vespa” (The Wasp Woman, 1960), com direção e produção do cultuado “Rei dos Filmes B” Roger Corman e elenco liderado por Susan Cabot, Anthony Eisley (creditado como Fred Eisley) e Barboura Morris.

“O Ataque das Sanguessugas Gigantes” (Attack of the Giant Leeches, Estados Unidos, 1959) # 404 – data: 22/10/06 – avaliação: 6 (de 0 a 10) – site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 23/10/06)

A Mulher Vespa (The Wasp Woman, 1960)


“Uma rainha da beleza de dia, uma vespa rainha voraz à noite!”

O produtor e diretor americano Roger Corman é um profissional que tem seu nome eternamente gravado dentro do gênero fantástico por causa de seus inúmeros filmes de baixo orçamento, principalmente aqueles realizados entre os meados da década de 1950 até o final dos anos 60. Sua maior especialidade é a de fazer filmes com agendas apertadas, correndo contra o tempo com o mínimo de recursos disponíveis, aproveitando e reciclando cenários, demonstrando uma habilidade e talento incomum que lhe garantiu o título de “Rei dos Filmes B”, tendo sua obra cultuada por uma legião de fãs de filmes bagaceiros. Ele também é conhecido por oferecer a oportunidade do lançamento das carreiras de personalidades que se consagraram como os diretores Francis Ford Coppola, Martin Scorsese e Peter Bogdanovich, e os atores Jack Nicholson, Robert DeNiro e Ellen Burstyn.
Entre as muitas divertidas tranqueiras de sua filmografia como cineasta está o inusitado “A Mulher Vespa” (The Wasp Woman, 1960), cuja simples menção do nome já desperta inevitavelmente aquela curiosidade para os apreciadores de filmes exóticos e com roteiros absurdos, onde não falta o cientista louco, a mulher que ambiciona a juventude eterna e um monstro mutante assassino.

Também produzido por Corman, com fotografia em preto e branco e duração curta de aproximadamente 71 minutos, o bizarro roteiro de Leo Gordon a partir de uma história de Kinta Zertuche mostra uma poderosa proprietária de uma empresa de cosméticos, Janice Starlin (Susan Cabot), que está preocupada com a crescente queda de vendas de seus produtos. Temendo perder todo o patrimônio que conquistou ao logo dos anos de muito trabalho, ela foi convencida pelos executivos da empresa que sua imagem distante da juventude pode ser um dos motivos do desinteresse do público.
Em paralelo, um cientista que faz pesquisas com enzimas de vespas e que vem obtendo bons resultados de rejuvenescimento em experiências com insetos e animais, Dr. Eric Zinthrop (Michael Mark), é demitido por seus patrocinadores e apresenta seu trabalho para a Srta. Starlin, que uma vez à procura de manter sua juventude, aceita servir de cobaia humana para as experiências do cientista, deixando preocupados seus amigos e companheiros de trabalho como a secretária Mary Dennison (Barboura Morris) e o namorado dela Bill Lane (Anthony Eisley, creditado como Fred Eisley), além do cientista Arthur Cooper (William Roerick).
Uma vez animada com a possibilidade de resultados bem sucedidos, a mulher tenta secretamente acelerar o processo injetando em si mesma uma quantidade exagerada da solução química, ocasionando com isso uma terrível mutação, transformando-se num monstro grotesco e incontrolável, que passa a atacar as pessoas que atravessam seu caminho, procurando se alimentar do sangue de suas vítimas.

Com um roteiro desses, é óbvio que devemos assistir o filme de forma totalmente descontraída, esperando ver uma tranqueira em todos os sentidos, desde os absurdos da história até a falta de recursos de uma produção de baixo orçamento, que obrigou seus realizadores a trabalhar com efeitos bizarros na concepção da criatura mista de mulher e vespa, uma maquiagem tão tosca que se na época (há quase meio século atrás) poderia causar medo, espanto e repulsa nos espectadores, manipulando suas emoções perante um filme de horror, nos dias atuais da modernidade do século 21, causaria acessos de risos no público. Esse é mais um dos motivos que comprova que devemos ver o filme sem exigência e procurando apenas se divertir com a precariedade da produção, respeitando os esforços dos envolvidos no projeto, principalmente o cultuado diretor e produtor Roger Corman. Tanto que a “mulher vespa” aparece pela primeira vez na tela somente com 50 minutos de filme, ou seja, bem próximo do fim da projeção, e com participações rápidas no ataque às suas vítimas. E, apesar do desfecho previsível e das poucas mortes, “A Mulher Vespa” é um “trash” que garante a diversão.

Seguem algumas curiosidades que merecem registro:
* o próprio Roger Corman (ainda bem jovem) aparece numa ponta super rápida não creditada como um médico no hospital. Aliás, ele costuma usar esse expediente em vários de seus filmes, participando de forma discreta, assim como em filmes de outros amigos também como aconteceu em “Trilogia do Terror” (Body Bags, 1993), de John Carpenter e Tobe Hooper, onde Corman também interpretou um médico no episódio “Olho”.
* “A Mulher Vespa” recebeu outros nomes alternativos originais como “Insect Woman” e “The Bee Girl”.
* Ao contrário do que aparece no cartaz promocional e sensacionalista que traz uma interessante ilustração com uma vespa gigante com rosto de mulher atacando um homem, no filme o monstro é uma mulher de tamanho natural com a cabeça e patas de vespa, algo bem mais fácil para ser reproduzido pela equipe de produção e de custo reduzido. Algo similar aconteceu com “A Mosca da Cabeça Branca” (The Fly, 1958), que mostrou um cientista que sofreu um acidente em sua experiência de teletransporte e transformou-se num monstro com a cabeça e uma das patas de mosca.
* Em 1995 foi produzida uma refilmagem diretamente para a televisão, com direção de Jim Wynorski, produção executiva de Roger Corman e com Jennifer Rubin e Doug Wert no elenco.
* Para a satisfação dos colecionadores de filmes de horror, “A Mulher Vespa” foi lançado no Brasil em DVD pela “Fantasy Music” em Setembro de 2006, numa coleção chamada “Sessão da Meia-Noite”, que inclui outras tranqueiras divertidíssimas da mesma época. Filmes que eram exibidos com freqüência nos drive-in´s americanos. O mesmo DVD de “A Mulher Vespa” traz também “O Ataque das Sanguessugas Gigantes” (Attack of the Giant Leeches, 1959), de Bernard L. Kowalski e com Ken Clark e Yvette Vickers, e apresenta como materiais extras os respectivos trailers legendados em português.

“A Mulher Vespa” (The Wasp Woman, Estados Unidos, 1960) # 403 – data: 21/10/06 – avaliação: 6 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 23/10/06)

Jack-O: Demônio do Halloween (1995)


O Homem-Abóbora roubará a sua alma, acabará com ela e depois a engolirá. E alguns minutos antes que você morra, o Homem-Abóbora roubará seus olhos

Aproveitando o mês sugestivo de Outubro para lançamento de filmes de horror com temática sobre “Halloween”, a “nbo Editora” lançou nas bancas o DVD de “Jack-O: Demônio do Halloween” (Jack-O-Lantern, 1995). O filme acompanha a revista “DVD Premium” ano 5, número 60, ao preço de R$ 14,90. E traz como materiais extras uma sinopse, um trailer legendado, as biografias breves do cineasta Steve Latshaw e da atriz Linnea Quigley, uma pequena filmagem de cenas de bastidores com 5 minutos de duração (“On Location With Jack O´Lantern”), e a opção de ver o filme com os comentários de Steve Latshaw e do produtor executivo Fred Olen Ray, com legendas em português. Aliás, ao longo dos comentários eles se atacam e se criticam várias vezes, num tom de brincadeira e escracho, bem no clima “trash” do filme.

A história é sobre um lendário demônio do “Halloween” chamado “Jack-O”, que tem cabeça de abóbora e está armado com uma foice. Uma vez invocado no passado pelo feiticeiro maligno Walter Machen (o grande John Carradine, falecido em 1988 e recuperado aqui com imagens de arquivo e sem dizer uma só palavra, com um outro ator dublando sua voz), o demônio ressurge nos tempos modernos para se vingar dos descendentes da família Kelly, que havia sido responsável por sua derrota e condenação ao inferno. O alvo do ser sobrenatural agora é assombrar um garoto de nove anos chamado Sean (Ryan Latshaw, péssimo ator mirim e participando do filme provavelmente apenas por ser filho do diretor) e todos ao redor dele como a bela babá Carolyn Miller (a screen-queen Linnea Quigley). Quando chega a véspera da festa do “Halloween”, a bizarra criatura começa a atacar todas as vítimas que atravessam seu caminho.

“Jack-O: Demônio do Halloween” é o título escolhido para o lançamento do DVD de banca e cada vez que é exibido por aqui recebe um nome diferente, sendo também conhecido como o título picareta de “Halloween – A Maldição Está de Volta”. O filme é uma produção de baixo orçamento, uma tranqueira indicada apenas aos colecionadores de filmes de horror, independente de sua qualidade. O mais curioso é a tentativa da “nbo Editora” em ludibriar os fãs indicando na capa do DVD as absurdas frases de efeito do tipo “Um autêntico clássico do terror!” ou “Um dos filmes mais assustadores de todos os tempos”. Talvez o filme até assuste mesmo, mas de tão ruim. Desde os efeitos especiais grotescos, passando pelo vilão com cabeça de abóbora que não dá para levar a sério, e a história banal e óbvia demais.
Com duração de 85 minutos, o roteiro de Patrick Moran (que também interpretou o demônio “Jack-O”) é superficial, cheio de furos e carregado de clichês. O elenco é inexpressivo ao extremo e os únicos destaques são a presença de John Carradine como um mago sinistro numa pequena ponta, de Cameron Mitchell (astro de diversos filmes divertidos de western e da série de TV “Chaparral”) como o Dr. Cadáver, o apresentador de um programa de TV sobre filmes bagaceiros de horror, e da musa Brinke Stevens, como uma bruxa que também não fala nada e aparece numa cena rápida. Os outros atores são medíocres, tanto os pais de Sean, David (Gary Doles) e Linda (Rebecca Wicks), como Vivian Machen (Catherine Walsh), a última descendente do feiticeiro que invocou “Jack-O”, e Julie (Rachel Carter), a irmã gostosa da babá Carolyn. Falando nela, nem mesmo Linnea Quigley se salva (aliás, a mulher é bem bonita e pode até ser cultuada pelos fãs, mas na arte de interpretar ela não consegue convencer). E é engraçado notar como nos comentários do diretor Steve Latshaw sobre o filme, ele elogia os atores enfatizando suas qualidades (sinceramente, não sei quais qualidades ele está se referindo).
Curiosamente, o próprio diretor faz uma ponta como um instalador de TV a cabo que é vítima do demônio “cabeça de abóbora”, sentindo na garganta a lâmina de sua foice. E boa parte das filmagens foi realizada no interior de sua casa e nos arredores (jardins sinistros de um amigo), incomodando os vizinhos nas cenas noturnas. Provavelmente, eles gostariam de invocar “Jack-O” para se vingarem do cineasta...

“Jack-O: Demônio do Halloween” (Jack-O-Lantern, Estados Unidos, 1995) # 402 – data: 15/10/06 – avaliação: 2 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/10/06)

A Volta dos Mortos-Vivos: Necrópolis (2005)


Em 1985, Dan O´Bannon dirigiu “A Volta dos Mortos-Vivos” (The Return of the Living Dead), um divertido filme de zumbis com elementos de humor negro, revelando a “rainha do grito” Linnea Quigley (a punk nua no cemitério), tornando-se uma referência da produção de horror daquela década e que transformou-se numa obra cultuada pelos fãs do gênero. Inevitavelmente, gerou uma franquia com mais quatro filmes que não mantiveram o mesmo interesse do original. Vinte anos depois, o cineasta Ellory Elkayem (da divertida paródia “Malditas Aranhas!”), foi o responsável por dois filmes rodados de uma só vez, as partes 4 (com o subtítulo “Necropolis”) e 5 (“Rave From the Grave”), ambas lançadas em DVD no Brasil pela “FlashStar”.

Em “Necropolis”, um grupo de estudantes descobre que uma poderosa empresa química de tecnologia está fazendo experiências com cobaias humanas e um produto químico capaz de reanimar cadáveres. Quando um deles sofre um acidente de moto e é transferido ilegalmente do hospital para a empresa, eles decidem resgatá-lo, invadindo o centro de pesquisas e descobrindo a existência de uma legião de zumbis aprisionados. Uma falha no sistema de segurança permite que os mortos-vivos saiam de suas celas, instaurando o caos e obrigando os jovens a lutarem desesperadamente por suas vidas.

Se eu tivesse que escolher uma única palavra para definir o que é “A Volta dos Mortos-Vivos: Necrópolis” essa palavra seria “lixo”. Porém, não um lixo divertido, e sim algo descartável. Os problemas principais do filme são o péssimo roteiro, com uma imensidão de furos grotescos que desafiam a inteligência do espectador, e o elenco completamente inexpressivo, formado por atores desconhecidos e irrelevantes como Aimee-Lynn Chadwick, Cory Hardrict, John Keefe, Jana Kramer, Diana Munteanu e Alexandru Geoana. Até o experiente Peter Coyote está totalmente deslocado, fazendo o papel de um vilão cientista “louco” responsável pelas experiências bizarras com zumbis, e que quando foi perguntado sobre o motivo dessas experiências, ele apenas respondeu que era para dominar o mundo, num clichê tão ridículo que é inacreditável como o roteirista (que não vale a pena nem citar o nome) demonstrou preguiça em tentar desenvolver uma história com um mínimo de coerência.
Eu teria uma infinidade de outros exemplos para serem citados atestando a péssima qualidade do roteiro, que faria com que essa breve resenha não tivesse mais fim, mas vale registrar alguma coisa para compensar meu esforço em ver o filme. Os personagens são aqueles tipos óbvios que sempre marcam presença em filmes tranqueiras, onde temos o mocinho herói, seu melhor amigo que irá voltar-se contra ele por causa da perda da namorada, o especialista em computadores, a vadia gostosa e exibicionista, o metido a valentão que gosta de resolver as coisas na porrada, e outros que não despertam nenhuma empatia incitando-nos apenas a torcer por suas mortes dolorosas. É impressionante como o grupo de estudantes consegue facilmente invadir uma poderosa empresa de pesquisas e os guardas de segurança somente aparecerem quando é para oferecerem seus cérebros aos zumbis. É também uma grande piada testemunharmos a transformação de um dos jovens em morto-vivo e em vez dele balbuciar apenas a palavra “cérebro” como todos os outros zumbis idiotas, ele tem a capacidade diferenciada de dialogar tranqüilamente quando quer e de forma ameaçadora em tom de vingança quando lhe convém contra o mocinho da história, apenas para facilitar o trabalho acomodado do roteirista na criação de uma cena de confronto entre eles.

Os efeitos especiais nas cenas de mortes (com os tradicionais disparos de projéteis na cabeça) e a maquiagem dos zumbis comedores de cérebros são razoáveis, mas isso não garante grandes méritos uma vez que é apenas mais um trabalho trivial, similar ao que já foi visto em inúmeros outros filmes. Ou seja, “Necrópolis” não acrescenta nada para a franquia “A Volta dos Mortos-Vivos” (que nem deveria existir, ficando apenas no filme original), e nem para o subgênero “zumbis”. É um filme dispensável e que só contribui para criar uma imagem pejorativa do cinema de horror, que ao contrário disso, é um gênero artístico fascinante e que merece mais respeito. Ainda bem que está surgindo uma nova safra de ótimos cineastas como o inglês Neil Marshall (“Cães de Caça” / “Abismo do Medo”), o francês Alexandre Aja (“Alta Tensão” / “Viagem Maldita”) e o americano Eli Roth (“Cabana do Inferno” / “O Albergue”), entre outros, para honrar um pouco os fãs com filmes mais violentos e perturbadores.

“A Volta dos Mortos-Vivos: Necrópolis” (Return of the Living Dead: Necropolis, Estados Unidos, 2005) # 401 – data: 12/10/06 – avaliação: 2 (de 0 a 10) – site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 14/10/06)