Prelúdio Para Matar (1975)


A Editora “Works”, de Jundiaí/SP, responsável pelo selo “Dark Side”, uma coleção de filmes de horror lançados em DVD no Brasil, certamente fez um grande benefício aos colecionadores distribuindo uma infinidade de títulos obrigatórios e indispensáveis como “A Casa dos Maus Espíritos” (House on Haunted Hill, 58), de William Castle e com Vincent Price, “Despertar dos Mortos” (Dawn of the Dead, 78), de George Romero, e “O Homem de Palha” (The Wicker Man, 73), com Christopher Lee e Ingrid Pitt, entre outros, além de várias preciosidades do estúdio inglês “Hammer”, como “Drácula – O Príncipe das Trevas” (66), de Terence Fisher. É claro que fazem parte também do catálogo da editora, filmes menores e descartáveis como “Pelotão Vampiro” (91), “Invasão Mortal” (95) e “Werewolf – A Noite do Lobo” (96), somente para citar algumas tranqueiras. Mas, no geral, a “Dark Side” é uma coleção admirável, composta por filmes que merecem constar no acervo de qualquer colecionador do gênero.
Porém, vale registrar um erro grosseiro cometido pelos responsáveis da editora: o DVD de “Prelúdio Para Matar” (Profondo Rosso / Deep Red, Itália, 1975), dirigido por Dario Argento e escrito por ele em parceria com Bernardino Zapponi, está com um defeito grave nas legendas, pois muitas cenas faladas em italiano estão sem as legendas em português. Somente as passagens em inglês estão legendadas. Por sorte, a falha não chega a comprometer o entendimento do roteiro, desse que é um dos mais importantes thrillers da carreira do cineasta Dario Argento (responsável também por “Suspiria”, 77), com uma trama de assassinatos bastante envolvente (apesar da narrativa excessivamente lenta em certos momentos no decorrer dos 126 minutos de duração), mortes sangrentas carregadas de tensão e violência, e um desfecho interessante, amarrando satisfatoriamente todos os detalhes que foram apresentados aos poucos.
Mas, a falta de legendas em português em muitos diálogos em italiano certamente prejudicaram a diversão do espectador, causando um desconforto significativo e uma irritação inevitável, principalmente por se tratar de um erro na produção do DVD (algo que poderia ser facilmente evitado com uma atenção maior na revisão), uma vez que está anunciado na contra capa do estojo que o idioma original é o inglês e que há a opção de legendas em português. E na verdade há uma mistura de inglês com italiano e sem legendas durante longos minutos.

Na história, um pianista inglês chamado Marcus Daly (David Hemmings) é testemunha de um assassinato extremamente brutal envolvendo como vítima uma bela mulher com poderes de telepatia, Helga Ulmann (Macha Méril), e que havia se tornado uma ameaça ao assassino por sentir sua presença e influência maligna durante uma conferência para debater sua capacidade mediúnica.
Intrigado pela violência do ato, o pianista decide investigar o responsável pelo crime hediondo agindo por conta própria, contando apenas com o auxílio de uma jornalista em busca de notícia, Gianna Brezzi (Daria Nicolodi, atriz presente em vários filmes de Dario Argento). Enquanto eles tentam descobrir a identidade do criminoso, outras pessoas com envolvimentos na trama são também brutalmente mortas, até culminar num inevitável confronto decisivo entre o pianista e o assassino.

“Prelúdio Para Matar” é um dos principais representantes dos chamados giallos, a expressão que identifica os filmes italianos sobre mistérios e assassinatos. O nome, que significa “amarelo”, é inspirado nas capas dessa cor, um fato constante em livros populares sobre esse estilo literário que sempre conquistou a atenção e curiosidade do público. Como uma boa história de investigação e assassinatos, não faltam cenas gráficas de mortes violentas com facadas, queimaduras no rosto, cabeça esmagada, pescoço degolado e uma boa dose do “vermelho profundo” do sangue, conforme sugere o título original italiano (“Profondo Rosso”) e a tradução em inglês (“Deep Red”), que aliás são bem melhores e mais apropriados que a escolha do nacional “Prelúdio Para Matar”.
O filme foi lançado nas bancas encartado na revista “Cine Monstro” ano 2 número 8 (Março de 2006), sem materiais extras. Já a revista traz artigos sobre o filme em questão, um guia com a filmografia dos giallos entre os anos 1960 a 2004, resenhas de “Cry Wolf – O Jogo da Mentira” e “A Névoa” (refilmagem de “A Bruma Assassina”, de John Carpenter), matéria sobre o lançamento em DVD do clássico “Com a Maldade na Alma” (1964), com Bette Davis, Olivia de Havilland, Agnes Moorehead e Joseph Cotten, micro resenhas de seis DVD´s disponíveis nas locadoras, além de um cartaz original de “Prelúdio Para Matar”.

“Prelúdio Para Matar” (Profondo Rosso / Deep Red / The Hatchet Murders, Itália, 1975) # 395
data: 06/08/06 – avaliação: 9 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 07/08/06)