Olhos de Fogo (1983)


No século XVIII, por volta de 1750, quando os Estados Unidos ainda tinha seu território ocupado pela Inglaterra e França, um falso pastor católico, Will Smythe (Dennis Lipscomb), é acusado de adultério e poligamia pelos aldeões de um vilarejo chamado Dalton´s Ferry. Enfurecidos com a conduta imoral do reverendo, os moradores tentam puni-lo sentenciando-o à morte por enforcamento, mas ele é salvo no último momento pelos poderes sobrenaturais de uma jovem, Leah (Karlene Crockett), que tem a capacidade de premonição e mover objetos com a mente, e cuja mãe havia sido executada na fogueira acusada de feitiçaria.
O padre então é expulso da cidade viajando em direção à floresta procurar um lugar para viver, sendo acompanhado por um grupo de seguidores, formado por Eloise Dalton (Rebecca Stanley), a mulher que abandonou o marido sempre ausente (um caçador chamado Marion, interpretado por Guy Boyd) para ser amante do pastor, além de sua filha adolescente Fanny (Sally Klein), e outras duas famílias: Jewell Buchanan (Rob Paulsen), sua esposa Margaret (Kenny Sherman) e filha pequena Cathleen (Caitlin Baldwin), e o veterano Calvin (Will Hare), sua esposa Sister (Fran Ryan) e neta Meg (Erin Buchanan).
No caminho à procura de um lar, eles são atacados por índios Shawnee e recebem a ajuda de Marion, o marido traído que tenta reconquistar a esposa, e após se estabelecerem num vale utilizando algumas cabanas parcialmente destruídas como abrigo, eles passam também a enfrentar uma série de acontecimentos bizarros na floresta com aparições de fantasmas perturbados, aprisionados por uma terrível e ameaçadora bruxa.

Com roteiro e direção de Avery Crounse, e duração de apenas 84 minutos, “Olhos de Fogo” (Eyes of Fire, Estados Unidos, 1983) é um daqueles filmes que depois de ver a capa do DVD e ler a sinopse, inicialmente podemos até esperar algo descartável e facilmente esquecível, mais um outro filme trivial em meio a tantos que são lançados todos os anos, apenas mais uma história sobre lendas antigas e uma bruxa cruel.
Porém, ao contrário, trata-se de uma agradável surpresa, com um roteiro atraente misturando elementos de western (pioneiros viajando por terras perigosas e selvagens) com horror (entidades sobrenaturais que controlam a floresta), explorando de forma interessante as lendas folclóricas locais que falam de espíritos malignos habitando as árvores e o solo, e que estão à procura de mais almas para aumentar a legião de atormentados em seu mundo de escuridão.
E tudo isso filmado com o auxílio de efeitos especiais simples, típicos de uma produção de baixo orçamento, mas com resultados bastante eficientes, principalmente na caracterização da bruxa, interpretada por Russell James Young Jr., que atuou coberto por uma maquiagem sinistra com ênfase nos ameaçadores “olhos de fogo” do título da película.

“Olhos de Fogo” já havia sido lançado no Brasil em vídeo VHS (pela “Jaguar”, fora de catálogo há muito tempo), e também foi distribuído em DVD pelo selo “Dark Side” da “Works Editora”, imagens em “full screen”, trazendo como materiais extras a biografia do cineasta Avery Crounse e do ator Dennis Lipscomb, além de uma breve sinopse. O filme é também conhecido pelo título alternativo original “Cry Blue Sky”, e entre as taglines de divulgação tem uma bem interessante que vale a citação: “Quando a América era jovem e espíritos malignos reinavam numa floresta de escuridão”.

“Olhos de Fogo” (Eyes of Fire, 1983) # 391 – data: 16/07/06 – avaliação: 7,5 (de 0 a 10)
site: www.bocadoinferno.com / blog: www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 17/07/06)